A Fundação Universitária para o Vestibular (Fuvest) divulgou, em dezembro de 2025, a lista de leituras obrigatórias que serão cobradas nos vestibulares da Universidade de São Paulo (USP) entre 2030 e 2033. O anúncio, feito com cinco anos de antecedência e aprovado pelo Conselho de Graduação da USP, marca uma das mudanças mais amplas já realizadas no cânone literário do exame, com a inclusão inédita de literatura indígena, graphic novel e autores de diferentes regiões do mundo lusófono. Saiba os detalhes na TVT News.
Segundo a Fuvest, a divulgação antecipada tem caráter estratégico. A proposta é permitir que escolas, professores e candidatos organizem com antecedência seus cronogramas de leitura e estudo, garantindo uma transição planejada entre os ciclos de obras exigidas no vestibular.
Inclusão inédita e ampliação de gêneros
Entre as principais novidades está a presença, pela primeira vez, de autores indígenas na lista. Para os vestibulares de 2030 e 2031, foi escolhida a coletânea Originárias: uma antologia feminina de literatura indígena, organizada por Trudruá Dorrico e Maurício Negro. Já em 2032 e 2033, o romance Fantasmas, de Daniel Munduruku, passa a integrar as leituras obrigatórias.
Outro marco é a estreia das histórias em quadrinhos no vestibular da USP, com a graphic novel Beco do Rosário, de Ana Luiza Koehler, que aborda a modernização urbana de Porto Alegre e estará presente em todo o quadriênio. A dramaturgia também retorna à lista, com A moratória, de Jorge Andrade, para 2030 e 2031, e Orfeu da Conceição, de Vinicius de Moraes, para 2032 e 2033.
Literatura lusófona além do Brasil
A Fuvest ampliou ainda o recorte geográfico da língua portuguesa. Pela primeira vez, um autor do Sudeste Asiático foi incluído: o timorense Luís Cardoso, com O plantador de abóboras, exigido a partir de 2032. A literatura africana também está representada por A ilha fantástica, do cabo-verdiano Germano Almeida, na lista de 2030 e 2031.
Clássicos e autoras negras ganham espaço
As novas listas mantêm o diálogo com a tradição literária ao trazer de volta autores consagrados como Machado de Assis (Esaú e Jacó), José Saramago (Memorial do convento) e João Cabral de Melo Neto (Uma faca só lâmina). Ao mesmo tempo, reforçam a representatividade com a inclusão de obras de autoras negras fundamentais, como Quarto de despejo, de Carolina Maria de Jesus, e Úrsula, de Maria Firmina dos Reis.
Equilíbrio de gênero e contemporaneidade
De acordo com a Fuvest, as listas foram organizadas para manter a paridade entre autores e autoras ao longo dos quatro anos. Também chama atenção a presença de obras recentes, publicadas a partir da década de 2020, o que sinaliza um esforço de aproximação com temas e linguagens mais próximos do público jovem.
