O presidente Luiz Inácio Lula da Silva empossa na tarde de hoje (10) Gleisi Hoffmann e Alexandre Padilha nos Ministérios da Secretaria de Relações Institucionais (SRI) e da Saúde, respectivamente. As nomeações ocorrem em um momento em que o governo acumula bons resultados econômicos e sociais.
Contudo, mesmo com inflação controlada, crescimentos expressivos e históricos do Produto Interno Bruto (PIB) e desemprego na menor taxa da série histórica, Lula busca mais popularidade. Além disso, o Planalto precisa fortalecer sua base no Congresso e se preparar para as eleições de 2026. Neste ponto, Gleisi deve entrar como protagonista.
“Hoje, a Secretaria de Relações Institucionais da Presidência da República realiza a cerimônia de posse da ministra Gleisi Hoffmann, que assume a SRI, e do ministro Alexandre Padilha, que passa a comandar o Ministério da Saúde. Seguimos firmes no compromisso de diálogo e articulação para fortalecer as políticas públicas do governo federal”, informou em comunicado nas redes sociais a pasta da SRI.
Gleisi: alianças e resistências
A nova ministra das Relações Institucionais assume a missão de reforçar a base governista, fragilizada pela queda na popularidade de Lula em pesquisas recentes e por tensões com partidos do Centrão. Seu desafio é garantir apoio para a campanha presidencial de 2026 e a aprovação de projetos prioritários, como pontos da Reforma Tributária, particularmente no que diz respeito ao Imposto de Renda; além da PEC sobre Segurança Pública.
A indicação de Gleisi chegou a provocar certa desconfiança entre setores do centro político, o Centrão, que sabem de seu estilo combativo e aguerrido. Além disso, a nova ministra precisará lidar com ameaças de debandada de partidos que integram o governo, como PP, PSD e União Brasil, que exigem maior espaço no Orçamento e na Esplanada dos Ministérios.
Padilha: filas do SUS e combate à dengue
Já Alexandre Padilha, que retorna ao Ministério da Saúde, assume desafios igualmente significativos. Entre suas prioridades está a implementação eficiente do Programa Mais Acesso a Especialistas (PMAE), lançado por sua antecessora, Nísia Trindade, mas que ainda não apresentou resultados concretos. Na parte positiva, Padilha possui expertise ímpar. Ele é médico e já foi ministro da Saúde. Sua passagem pela pasta foi de sucesso, tendo implementado medidas como o programa Mais Médicos.
Em declaração publicada nas redes sociais após ser anunciado como ministro, Padilha reforçou seu compromisso em reduzir o tempo de espera para atendimento na rede pública. O ministério também enfrentará desafios na luta contra a dengue, que registrou números alarmantes nos últimos anos. Embora os casos tenham caído 65% nos primeiros 50 dias de 2025 em relação a 2024, a doença ainda representa uma preocupação, especialmente com as condições climáticas favoráveis à proliferação do mosquito transmissor.
Outro obstáculo é o aumento da adesão às campanhas de vacinação. Apesar da melhora em relação ao governo anterior, que apostava no negacionismo e no desprezo á ciência, apenas três das 19 vacinas do calendário infantil atingiram suas metas em 2024. O ministério precisará adotar estratégias inovadoras para combater a desinformação e melhorar a distribuição dos imunizantes.
Tensões internas
A troca de ministros também ocorre em meio a atritos dentro do próprio PT e do governo. A presidente do partido, Gleisi Hoffmann, e Alexandre Padilha já tiveram embates públicos, como no episódio em que o agora ministro da Saúde afirmou que o PT havia ficado “no Z4” nas eleições municipais de 2024. A declaração irritou Gleisi, que rebateu publicamente, cobrando respeito ao partido e responsabilizando a articulação política do governo pelos resultados eleitorais.
Contudo, o clima é positivo. Gleisi e Padilha publicamente demonstram alinhamento.