A companhia aérea Gol Linhas Aéreas confirmou que o bilhete de passagem apresentado pelo ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Anderson Torres para justificar sua viagem aos Estados Unidos no 8 de janeiro de 2023 pode ser falso. A informação foi divulgada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) nesta terça-feira (16), em manifestação enviada ao Supremo Tribunal Federal (STF). Leia em TVT News.
Entenda o caso da passagem de Anderson Torres
Torres, que à época era secretário de Segurança Pública do Distrito Federal, está sendo investigado por omissão diante dos ataques golpistas promovidos por apoiadores de Jair Bolsonaro contra os prédios dos Três Poderes, em Brasília. Segundo a PGR, o ex-ministro entregou aos investigadores uma suposta passagem emitida pela Gol para comprovar que estaria fora do país naquela data. No entanto, a empresa negou a veracidade do documento.
Em nota enviada à PGR e anexada aos autos do inquérito que investiga os atos antidemocráticos, a Gol declarou: “O localizador MYIDST não condiz com os dados descritos em nome de Anderson Gustavo Torres” e acrescentou que “não identificou voos, no trecho Brasília/Orlando, voo G3-9460, em nome do acusado”.
A suposta passagem foi apresentada por Torres como justificativa para tentar se eximir de responsabilidade pelos atos ocorridos na capital federal. O então secretário embarcou para os Estados Unidos poucos dias antes da invasão dos prédios públicos, alegando que o bilhete havia sido comprado com antecedência. Com a revelação da falsidade do documento, a PGR aponta indícios de tentativa de obstrução de Justiça.
O ex-ministro já havia sido preso preventivamente em janeiro de 2023, quando retornou ao Brasil, e chegou a passar quatro meses na penitenciária da Papuda, em Brasília. Foi solto em maio daquele ano por decisão do ministro Alexandre de Moraes, do STF, mediante o uso de tornozeleira eletrônica, entrega do passaporte e proibição de contato com outros investigados.
A descoberta da suposta falsidade do bilhete pode fortalecer os argumentos da PGR para novos pedidos de medidas cautelares ou eventual denúncia contra Torres por falsidade ideológica e obstrução de investigação. O inquérito em curso no STF também apura o envolvimento de outros agentes públicos, incluindo militares e integrantes da cúpula de segurança do Distrito Federal, na omissão e facilitação dos atos golpistas.
Na manifestação enviada ao Supremo, a PGR também destacou que os dados do bilhete foram analisados por técnicos do setor de segurança institucional da companhia aérea. O laudo da Gol indica que não há registro de compra, embarque ou check-in vinculado ao nome de Anderson Torres no voo citado.
A comprovação da falsificação fragiliza a argumentação jurídica de que a ausência de Torres em Brasília era parte de uma viagem pessoal previamente programada, e não uma manobra deliberada para se omitir de suas responsabilidades enquanto ocupava cargo público.
O que diz a defesa de Anderson Torres
O ex-ministro da Justiça Anderson Torres, por meio de seu advogado, acionou a empresa aérea Gol para que a companhia responda sobre sua viagem aos Estados Unidos em 6 de janeiro de 2023.
De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, informações públicas dos EUA apontam que o ex-ministro Anderson Torres desembarcou em Orlando, na Flórida, em 7 de janeiro de 2023, portanto antes dos atos golpistas de 8 de janeiro, e regressou ao Brasil de Miami no dia 13 do mesmo mês.
A PGR afirma que não está em discussão a presença de Torres nos EUA, mas a data da compra da passagem. “Cabe reforçar que o dado informado pelo I-94 [formulário de controle] pode demonstrar o ingresso nos EUA, mas não afasta a discussão sobre a data da aquisição da passagem”, diz a nota da PGR.
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