Governador da Bahia cobra apoio da União na segurança e alerta para prejuízos das barreiras comerciais

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, participou nesta quarta-feira (10) de uma coletiva com jornalistas de diferentes veículos progressistas.

O governador da Bahia, Jerônimo Rodrigues, participou nesta quarta-feira (10) de uma coletiva com jornalistas de diferentes veículos progressistas. Durante o encontro, respondeu a questionamentos sobre segurança pública, infraestrutura, mobilidade urbana, turismo, educação e os impactos da política internacional no estado. Confira mais em TVT News.

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Jerônimo Rodrigues em coletiva com jornalistas progressistas em São Paulo. Foto: Adriel Francisco

Segurança Pública

A segurança foi o primeiro tema tratado. Jerônimo confirmou a troca no comando da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil, e manifestou expectativa pela aprovação da PEC da Segurança Pública, já validada pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e agora em análise de mérito na Câmara. Para ele, o enfrentamento da violência exige cooperação entre União e estados, com ações conjuntas tanto de repressão quanto de prevenção.

“É preciso que o governo federal assuma parte da responsabilidade: orçamento, defesa de fronteiras e inteligência. Não produzimos fuzis nem drogas no Brasil, mas eles chegam facilmente às nossas comunidades. Isso exige maior padronização das informações e investimento em inteligência”, declarou.

Apesar de a Bahia concentrar metade das dez cidades mais violentas do país, o Anuário Brasileiro de Segurança Pública 2024 registrou queda de 8,4% nas mortes violentas em relação a 2023. No entanto, Jerônimo reconheceu os desafios: “Nossa polícia é uma das mais antigas do país, com 200 anos de existência. Há um histórico de formação voltada à repressão, e transformar isso em uma cultura de direitos humanos é um enorme desafio.”

O governador destacou que o combate à violência também passa pela educação. Hoje, cerca de 40% das escolas da rede estadual funcionam em tempo integral. Além disso, o programa Bolsa Presença garante R$ 150 a cada estudante, para estimular permanência escolar e reduzir a vulnerabilidade ao crime organizado.

Indústria e os Impactos do Tarifaço

Outro ponto abordado foi a indústria baiana e os efeitos da tarifa de 50% imposta pelos Estados Unidos sobre produtos brasileiros. Jerônimo afirmou que buscou alternativas para reduzir os prejuízos, mas esbarrou na falta de uma política regional e nacional de exportação. Citou o caso de Juazeiro, segundo maior polo frutífero do Brasil, que sofreu forte impacto na exportação de mangas, obrigando o mercado interno a absorver o excedente. “Vivemos uma situação delicada. Isso mostra a fragilidade dos estados diante de medidas internacionais. Precisamos ter um cardápio de alternativas preparado para crises como essa”, disse.

Nesse contexto, Salvador recebeu recentemente um escritório da ApexBrasil, voltado a diversificar a pauta exportadora e ampliar a arrecadação estadual. Jerônimo destacou, porém, o desequilíbrio entre investimentos e receitas: “A Bahia está entre os estados que mais investem em infraestrutura, educação e saúde, mas ocupa apenas a 16ª posição em arrecadação. Quinze estados arrecadam mais que nós.”

Ponte Salvador-Itaparica e Mobilidade Urbana

Na área de infraestrutura, o governador foi questionado sobre a Ponte Salvador–Itaparica, cujo início das obras está previsto para junho de 2026, com prazo de cinco anos para conclusão. Já em mobilidade urbana, ressaltou a importância do metrô de Salvador, implantado durante a gestão de Jaques Wagner. Em 11 anos de operação, o sistema transportou 620 milhões de passageiros e percorreu 34 milhões de quilômetros. A expectativa agora é ampliar a rede até Lauro de Freitas, com investimentos de R$ 1,5 bilhão do Novo PAC Seleções.

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Jerônimo respondeu a cada pergunta dos jornalistas. Foto: Adriel Francisco

Estímulo ao Turismo

No turismo, a Bahia mantém posição de destaque no cenário nacional. Entre janeiro e julho de 2025, Salvador registrou taxa média de ocupação hoteleira de 63,71%, acima dos índices de 2024 (63,31%) e 2023 (62,49%). Apesar da alta, Jerônimo reconheceu os desafios impostos pela extensão territorial: “A Bahia tem o tamanho da França. Um turista que sai de Salvador rumo à Chapada Diamantina percorre 600 km de estrada, perdendo um dia inteiro de passeio.”

Comunicação Pública

Por se tratar de uma coletiva com jornalistas progressitas, o governador ressaltou o papel da TVE, emissora pública da Bahia, na construção de uma comunicação contra-hegemônica. Segundo ele, a programação contribui para o debate democrático, a valorização da cultura local e a promoção da educação.

“Tem um público que precisa desse ambiente, desse tipo de leitura, mais leve, mais tranquilo. Agora, é preciso a gente sintonizar quais são as pautas que atraem. Nós equipamos agora nossa TV e rádio pública, […] para garantir que nós possamos ter uma uma programação. A gente transmite o esporte intermunicipal que as TVs comerciais não fazem. A gente transmite futebol feminino que as TVs não fazem. Agora tão pegando uma moda aí, tão tentando fazer.” disse o governador.

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