Governo autoriza transferência de presos e envia comitiva ao Rio após operação mais letal da história do estado

Ação nos Complexos do Alemão e da Penha deixou mais de 130 mortos
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Governo federal atendeu pedido de transferência de 10 detentos. Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil

O governo federal decidiu enviar uma comitiva ao Rio de Janeiro após a megaoperação policial mais letal já registrada no estado. A decisão foi tomada durante uma reunião de emergência coordenada pela Casa Civil no Palácio do Planalto. Saiba mais em TVT News.

O objetivo é promover um encontro com o governador Cláudio Castro (PL) para discutir ações conjuntas de enfrentamento ao crime organizado.

Devem integrar a comitiva o ministro da Justiça e Segurança Pública, Ricardo Lewandowski, o ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, e o diretor-executivo da Polícia Federal, William Marcel Murad. O local e o horário da reunião ainda não foram definidos.

A reunião no Planalto durou cerca de duas horas e ocorreu após declarações de Castro, que afirmou que o estado tem atuado “sozinho” no combate ao crime. Estiveram presentes o presidente em exercício, Geraldo Alckmin, e dos ministros Rui Costa, Gleisi Hoffmann, Jorge Messias (AGU), Macaé Evaristo (Direitos Humanos e Cidadania), Sidônio Palmeira (Comunicação) e do secretário-executivo do Ministério da Justiça e Segurança Pública, Manoel Carlos, avaliaram os desdobramentos da operação no Rio de Janeiro.

No encontro, o governo avaliou medidas de apoio ao estado e discutiu formas de resposta à crise de segurança pública no Rio. Internamente, o Planalto também vê o momento como uma oportunidade para retomar o debate sobre a PEC da Segurança no Congresso Nacional.

“Durante a reunião, as forças policiais e militares federais reiteraram que não houve qualquer consulta ou pedido de apoio, por parte do governo estadual do Rio de Janeiro, para realização da operação”, informou o governo.

A reunião terminou sem anúncios oficiais. O órgão deve aguardar o encontro com o governador e o retorno do presidente Lula, que estava em agenda na Malásia.

Presos serão transferidos para penitenciárias federais

O governador Cláudio Castro solicitou à Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), ligada ao Ministério da Justiça, a transferência de dez detentos para presídios federais. Segundo o governo estadual, eles teriam ordenado de dentro das prisões as ações que resultaram em sequestros de ônibus e bloqueios de vias na capital.

O governador afirmou que tem recebido apoio do governo federal e que novas conversas devem ocorrer nesta terça-feira (29).

“Eu não acredito que segurança se faz politizando. Qualquer ajuda que o governo federal quiser dar, dentro do que a gente necessita, será bem-vinda”, disse Castro.

Segundo ele, a operação foi planejada há dois meses e fazia parte de uma investigação que durava mais de um ano, com autorização judicial e acompanhamento do Ministério Público estadual.

“Todos os preceitos da ADPF foram cumpridos, e sabíamos que poderia haver reação dos criminosos da região”, afirmou.

No fim da noite desta terça-feira (28), a ação ainda não havia sido encerrada. Agentes do Bope continuavam em confronto com criminosos em uma área de mata no Complexo do Alemão.

De acordo com o Rio Ônibus, 71 coletivos foram usados como barricadas em diversos pontos da cidade ao longo do dia, em uma tentativa de impedir a atuação das forças de segurança.

Em nota, a Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen), do Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP), confirmou que o Governo do Rio de Janeiro solicitou 10 novas vagas nas penitenciárias federais para transferência de presos de alta periculosidade, medida que depende de autorização judicial e será atendida assim que os trâmites legais forem concluídos.

“O Rio de Janeiro é atualmente o segundo estado com maior número de presos sob custódia federal, totalizando 59 custodiados de alta periculosidade. Somente em 2025, 12 novas inclusões foram realizadas no Sistema Penitenciário Federal.

Entre os dias 20 e 23 de outubro, a Senappen realizou a Operação Modo Avião, a pedido da Secretaria de Administração Penitenciária do Rio de Janeiro (Seap/RJ), em unidades prisionais do estado. A ação utilizou equipamento tático de revista eletrônica, com o objetivo de identificar e bloquear sinais de celulares.

A Senappen e a Polícia Penal Federal permanecem à disposição para cooperar e integrar as ações necessárias para o combate ao crime organizado e o fortalecimento da segurança pública.”

Operação é a mais letal da história do Estado

Até o momento, pelo menos 132 mortes foram confirmadas, e o número pode aumentar. De acordo com as forças de segurança do estado, entre os mortos estão dois policiais civis e dois policiais militares do Bope.

Na manhã desta quarta-feira (29), cerca de 60 corpos foram localizados e retirados de uma área de mata do Complexo da Penha por moradores. Os corpos foram reunidos na Praça São Lucas, no centro da comunidade, e de acordo com os moradores, não fazem parte da contagem oficial de 64 mortos – 60 suspeitos e 4 policiais.

A pedido dos familiares, os corpos foram expostos para registro da imprensa, e depois foram cobertos com lençóis. A comunidade aguarda a retirada dos corpos pelo Instituto Médico-Legal.

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