O Ministério da Saúde do governo Lula anunciou nesta semana um conjunto de medidas para ampliar a doação de órgãos e melhorar a eficiência do Sistema Nacional de Transplantes (SNT). A iniciativa, apresentada em celebração ao Dia Nacional da Doação de Órgãos, inclui investimentos anuais de R$ 20 milhões e a criação do Programa Nacional de Qualidade na Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (Prodot), que visa qualificar o atendimento às famílias e o acompanhamento das doações nos hospitais. Entenda na TVT News.
O anúncio ocorre em um cenário positivo para os transplantes no país. No primeiro semestre de 2025, foram realizados 14,9 mil procedimentos, um aumento de 21% em relação ao mesmo período de 2022, marcando o maior número da série histórica. O Brasil ocupa atualmente a terceira posição mundial em número absoluto de transplantes, atrás apenas de Estados Unidos e China, e lidera entre os países que realizam procedimentos integralmente pelo sistema público.
Apesar dos avanços, a taxa de recusa familiar ainda é de 45%. Para reduzir esse índice, o Prodot vai reconhecer e valorizar as equipes hospitalares que atuam na identificação de potenciais doadores, na logística do processo e na comunicação com os familiares. Os profissionais receberão incentivos financeiros de acordo com o volume de atendimentos e indicadores de desempenho.
O Ministério da Saúde também lançou a campanha de conscientização “Doação de Órgãos. Você diz sim, o Brasil inteiro agradece. Converse com a sua família, seja um doador”. A iniciativa reforça a importância de o doador manifestar o desejo de doar aos familiares, uma vez que a autorização para o procedimento é concedida por eles. Atualmente, mais de 80 mil pessoas aguardam por um transplante no Brasil.
Segundo o ministro da Saúde, Alexandre Padilha, “esse gesto, mesmo em um momento de dor, pode salvar a vida de três ou quatro pessoas e manter viva a memória do ente querido. Por isso, estamos investindo também na formação e orientação dos profissionais, para que saibam acolher e apoiar as famílias nesse processo tão delicado”.
Doação de órgãos
As ações anunciadas são consolidadas pela assinatura da Portaria que estabelece a Política Nacional de Doação e Transplantes (PNDT). É a primeira vez, desde a criação do SNT em 1997, que a política é formalizada em um documento específico, organizando princípios de ética, transparência, anonimato e gratuidade do sistema.
O investimento anual de R$ 20 milhões será distribuído entre a inclusão de novos procedimentos, como transplantes de intestino delgado e multivisceral, e o fortalecimento do PRODOT. Entre as atualizações, destacam-se: o uso rotineiro da membrana amniótica em pacientes queimados, especialmente crianças; reajuste da diária de reabilitação intestinal; prova cruzada virtual para avaliar compatibilidade imunológica; e critérios específicos de priorização para pacientes hipersensibilizados.
No campo dos transplantes de medula óssea, o teste de quimerismo passa a ser ofertado de forma regular, garantindo maior segurança no acompanhamento pós-transplante.
Logística
A logística de transporte de órgãos e equipes é fundamental para o sucesso do SNT, e a Força Aérea Brasileira (FAB) desempenha papel central nessa operação. Entre 2016 e setembro de 2025, a FAB realizou 1.988 missões de Transporte de Órgãos, Tecidos e Equipes, totalizando 10.926 horas de voo e transporte de 2.400 órgãos, incluindo fígados, corações, rins, pulmões, pâncreas e outros tecidos. Somente em 2025, foram transportados 196 órgãos em 1.140 horas de voo.
Com essas medidas, o Brasil busca consolidar avanços históricos na doação de órgãos, reduzir a recusa familiar e garantir que mais pacientes tenham acesso a transplantes seguros, rápidos e gratuitos pelo sistema público de saúde.