Governo Milei defende ação violenta contra aposentados

Crianças feridas, jornalistas atingidos no rosto, aposentados arrastados por Buenos Aires. A violência da extrema direita toma conta da Argentina
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Ministra da Segurança de Milei, Patricia Bullrich, defendeu a repressão policial contra a marcha de aposentados realizada nesta quarta-feira (13) em Buenos Aires. Foto: Reprodução/BdF

A ministra da Segurança da Argentina de Javier Milei, Patricia Bullrich, defendeu a repressão policial contra a marcha de aposentados realizada nesta quarta-feira (13) em Buenos Aires. A manifestação, que contou com amplo apoio de torcedores organizados, sindicatos, aposentados e movimentos sociais, terminou com vários feridos e mais de 90 pessoas detidas, incluindo crianças que saíam da escola. Trata-se de mais um episódio de autoritarismo do governo de extrema direita.

Durante uma coletiva de imprensa sobre recentes inundações em partes do país, Bullrich declarou que o protesto foi “organizado por patotas, barras bravas e grupos de esquerda violentos que buscam a desestabilização do nosso governo”. A ministra também afirmou que entre os detidos há indivíduos com antecedentes criminais e que alguns manifestantes portavam armas de fogo e armas brancas, mas não forneceu provas concretas dessas acusações.

Desinformação com Milei

Como evidência de uma suposta organização criminosa do protesto, Bullrich apresentou uma foto de um torcedor do Chacarita Juniors, a quem responsabilizou como “o principal organizador da marcha” e que, segundo ela, teria intenções de se tornar presidente de um clube. O torcedor em questão já havia participado de um protesto anterior, no qual manifestantes também foram duramente reprimidos pelas forças de segurança.

A ministra justificou a ação repressiva afirmando que “tudo estava preparado para gerar o nível de violência que se gerou”. Por essa razão, segundo ela, a decisão foi “começar a operar e dispersar desde o primeiro momento”. No entanto, relatos indicam que as forças de segurança lançaram gás lacrimogêneo contra os manifestantes antes mesmo do horário previsto para o início da marcha. Um jornalista, por exemplo, foi atingido com um projétil no rosto, outros aposentados também foram feridos em áreas sensíveis como os olhos.

Posição local

De acordo com dados do governo da cidade de Buenos Aires, apenas cinco dos 94 detidos têm ligação com torcidas organizadas. Apesar disso, Bullrich contestou a informação e afirmou que muitos deles saíram armados da estação Constitución. Além disso, acusou as prefeituras peronistas de La Matanza e Lomas de Zamora de facilitarem a presença de “barras bravas” na manifestação.

“O objetivo é desestabilizar este governo”, declarou Bullrich. “A Argentina conseguiu viver em paz e é por isso que atuamos desde o primeiro minuto”. Na realidade, desde que Milei assumiu, o país passa por u ma onda de crescimento da extrema pobreza e perda sucessiva de direitos básicos dos cidadãos.

A repressão e as declarações da ministra geraram críticas de setores políticos e de organizações de direitos humanos, que questionam a violência policial contra aposentados e a prisão arbitrária de manifestantes.

Com informações do Pagina12

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