O programa Conhecimento Brasil, coordenado pelo Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), vai trazer de volta ao país cientistas brasileiros que atuam em 599 projetos distribuídos em 34 países, em universidades e centros de pesquisa de renome mundial. Além disso, o governo promove a chamada de Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior, que aprovou 640 projetos com investimento de mais de R$ 220 milhões. Entenda na TVT News.
A iniciativa integra a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (ENCTI 2023–2030) e contará com investimento total de R$ 604 milhões até 2030, oriundos do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (FNDCT). Os projetos selecionados poderão ser desenvolvidos por até cinco anos.

Origem e destino
O programa faz parte de uma ação do governo Lula, ligado a ministérios da Ciência e da Educação para repatriar cérebros e fixar cientistas no país com intenção de trazer desenvolvimento nacional.
A chamada de Atração e Fixação de Talentos selecionou 599 projetos de cientistas que vivem no exterior ou que concluíram doutorado ou pós-doutorado fora do Brasil desde 2019.
A maior parte dos pesquisadores virá dos Estados Unidos (12,8%), Alemanha (7,3%), França (4,6%), Portugal (4,1%) e Inglaterra (4,1%), com atuação em instituições de excelência como Harvard, Karlsruhe, Oxford, Cambridge, Lisboa e Porto.
O projeto
A maior parte dos projetos (566) será realizada em universidades e institutos de pesquisa brasileiros (linha 1), enquanto outros 33 projetos ocorrerão em empresas (linha 2). Do total, 32% dos projetos serão implementados em instituições das regiões Nordeste (126), Centro-Oeste (43) e Norte (23), superando a meta mínima de 30% para essas regiões.
O presidente do CNPq, Ricardo Galvão, celebrou o resultado da chamada.
“Os dados permitem afirmar que o Conhecimento Brasil é uma ação acertada e que, felizmente, foi bem compreendida e aceita pela comunidade científica. Estamos satisfeitos por poder proporcionar oportunidades de retorno e de cooperação a nossos pesquisadores no exterior.”
Entre os projetos da linha 1, destacam-se quatro da Universidade de Harvard (EUA), três do Instituto Karlsruhe de Tecnologia (Alemanha) e dois das universidades de Oxford (Inglaterra), Toronto (Canadá), Porto e Lisboa (Portugal), além da ENSAE (França). Outras instituições como Cambridge, British Columbia e Montréal também terão representantes contemplados.
Os valores previstos por projeto incluem até R$ 400 mil em recursos de capital e custeio, além de R$ 120 mil para participação em eventos ou visitas técnicas ao exterior. Os bolsistas receberão bolsas mensais de R$ 13 mil (doutores) e R$ 10 mil (mestres), com benefícios adicionais como auxílio-instalação, deslocamento, seguro saúde e previdência para contagem de tempo de serviço no INSS.
O programa foi lançado em julho de 2023 e já realizou duas chamadas. Ao todo, mais de 2.500 pesquisadores brasileiros residentes em 56 países manifestaram interesse em retornar ou colaborar com instituições nacionais.
Mais investimentos em cientistas
Além da chamada de atração de talentos, o Conhecimento Brasil também promoveu a chamada de Apoio a Projetos em Rede com Pesquisadores Brasileiros no Exterior, que aprovou 640 projetos com investimento de R$ 228,5 milhões. Desse total, R$ 76,4 milhões (33,45%) foram destinados a projetos liderados por instituições nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, superando novamente a meta de 30%.
Para Olival Freire Jr., diretor científico do CNPq, o êxito do programa revela o potencial da diáspora científica brasileira.
“Existe uma diáspora científica muito qualificada que deve ser mobilizada visando o desenvolvimento da ciência e da tecnologia em nosso país.”
O CNPq já planeja, em parceria com o MCTI e o FNDCT, uma nova fase do programa, que incluirá também a atração de pesquisadores estrangeiros e a fixação de jovens doutores brasileiros, com o objetivo de consolidar um ambiente de liberdade acadêmica e inovação científica no Brasil.
Os dados dos projetos
- Total de projetos aprovados: 599 (566 em instituições públicas e 33 em empresas)
- Investimento total: R$ 604 milhões
- Principais países de origem dos cientistas: EUA (12,8%), Alemanha (7,3%), França (4,6%), Portugal e Inglaterra (4,1% cada)
- Instituições de destaque: Harvard, Karlsruhe, Oxford, Cambridge, Lisboa, Porto, ENSAE
- Regiões prioritárias (Nordeste, Centro-Oeste e Norte): 32% dos projetos (meta: 30%)
- Bolsas mensais: R$ 13 mil (doutores), R$ 10 mil (mestres)
- Auxílios adicionais: até R$ 400 mil por projeto + R$ 120 mil para intercâmbio científico + benefícios diversos
- Demanda geral: 1.390 candidatos (linha 1), 136 empresas (linha 2)
- Aprovação: 40,7% (linha 1), 24,3% (linha 2)
- Áreas mais demandadas: Ciências biológicas (29,3%), exatas e da terra (23,2%), engenharias (12,8%), humanas (9%) e agrárias (8,6%)
- Outra chamada aprovada: 640 projetos em rede (R$ 228,5 milhões), com 33,45% dos recursos voltados às regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste.