A greve nacional dos petroleiros, por tempo indeterminado, teve início à zero hora desta segunda-feira, 15, com forte adesão nas unidades da Petrobrás em todo o país. O primeiro dia do movimento foi marcado, ainda, por um grave episódio de repressão ao direito constitucional de greve, com a prisão de dirigentes do Sindipetro Caxias, sindicato filiado à Federação Única dos Petroleiros (FUP), durante mobilização na Refinaria Duque de Caxias (Reduc), no Rio de Janeiro. Entenda na TVT News.
Na madrugada, a greve teve início com a entrega da operação das plataformas do Espírito Santo e do Norte Fluminense às equipes de contingência da empresa, além da adesão integral dos trabalhadores do Terminal Aquaviário de Coari, no Amazonas. Já às 7h da manhã, trabalhadores de seis refinarias vinculadas à FUP não realizaram a troca de turno – procedimento em que não ocorre a passagem formal da operação para a equipe seguinte, impedindo o revezamento regular e exigindo o acionamento de contingência, conforme os protocolos de segurança. A mesma situação ocorre nas refinarias Regap (Betim/MG), Reduc (Duque de Caxias/RJ), Replan (Paulínia/SP), Recap (Mauá/SP), Revap (São José dos Campos/SP) e Repar (Araucária/PR), reforçando o caráter nacional e unitário da greve.
Deyvid Bacelar, coordenador-geral da FUP, destaca que “a greve nacional dos petroleiros foi aprovada quase por unanimidade nas assembleias realizadas em todo o país e tornou-se inevitável diante da falta de diálogo da gestão da Petrobrás. Há mais de três meses apresentamos nossa pauta e os três eixos centrais seguem sem resposta: o fim definitivo dos planos de equacionamento do déficit, a reconquista de direitos históricos retirados da categoria e uma Petrobrás comprometida com a soberania nacional e com seus trabalhadores”.
Adesão e repressão à greve
“O primeiro dia da greve nacional da categoria petroleira já demonstra um movimento muito forte em todos os estados do país. Temos relatos de adesão nas plataformas do Norte Fluminense, do Rio de Janeiro, de São Paulo e do Espírito Santo, além de paralisações em refinarias, terminais de processamento de gás e bases administrativas que iniciaram o movimento desde a madrugada ou ao longo desta manhã”, afirma Sérgio Borges, diretor do Sindipetro-NF e da FUP.
“No Norte Fluminense, diretores sindicais estão presentes em todas as bases, incluindo aeroportos, unidades operacionais, sedes administrativas e áreas portuárias. Nas plataformas, os trabalhadores vêm realizando os procedimentos de parada, entrega das unidades e solicitação de desembarque, enquanto os trabalhadores de terra se organizam para participar ativamente das atividades da greve, que é por tempo indeterminado e teve início hoje, dia 15”, acrescenta.
Em Duque de Caxias, a Polícia Militar interveio na mobilização pacífica dos trabalhadores. Durante a ação, houve uso de força, com agressões, spray de pimenta e a detenção do secretário-geral do Sindipetro Caxias, Marcello Bernardo, e do membro titular da CIPA, Fernando Ramos, enquanto exerciam legitimamente suas atividades sindicais. Ambos foram conduzidos à delegacia, em um episódio que a FUP classifica como abuso de autoridade e violação do direito de greve, sendo liberados por volta das 10h. Os dirigentes passarão por exame de corpo de delito na tarde desta segunda-feira.
A FUP repudia qualquer tentativa de criminalização do movimento sindical e de intimidação da categoria. Para a entidade, ações como a ocorrida na Reduc apenas ampliam a indignação dos trabalhadores e reforçam a necessidade de avanços concretos na negociação do Acordo Coletivo de Trabalho (ACT).
A greve tem como base três eixos centrais: a distribuição justa da riqueza gerada pela Petrobrás, o fim dos Planos de Equacionamento de Déficits (PEDs) da Petros e o reconhecimento da pauta do Brasil Soberano, com a suspensão de desinvestimentos e demissões no setor de E&P.
A categoria reivindica respeito, dignidade e uma distribuição justa da riqueza produzida. O objetivo da greve é garantir um ACT forte, que recupere direitos retirados nos governos anteriores, assegure condições dignas de trabalho para todos os trabalhadores – inclusive os terceirizados – e apresente uma solução definitiva para os equacionamentos da Petros.
Paralelamente à greve, aposentados e pensionistas seguem, pelo quinto dia consecutivo, em vigília em frente ao Edisen, edifício-sede da Petrobrás, no Rio de Janeiro. O ato cobra uma proposta concreta para o fim dos PEDs, que têm provocado perdas financeiras severas, especialmente entre aposentados e pensionistas. Assim como a greve, a vigília seguirá por tempo indeterminado até que a empresa apresente respostas efetivas às reivindicações da categoria.
