No dia 13 de outubro de 1979, o Brasil vivia em ditadura civil-militar, que duraria ainda até 1985. Na época, o mandatário do país era João Figueiredo que, em março substituiu um dos mais autoritários ditadores brasileiros, Ernesto Geisel. E foi naquele dia que lideranças populares se sentaram à mesa do restaurante São Judas Tadeu, em São Bernardo do Campo, para decidir o futuro de um dos principais partidos da democracia brasileira; o Partido dos Trabalhadores (PT).
Mais de 100 pessoas representando seis estados brasileiros lançaram as bases para a criação e registro do PT. Lá, indicaram a primeira Comissão Nacional Provisória, sob comando do então presidente do Sindicato dos Petroleiros de Campinas, Jacó Bittar. “Com crachás no peito destacando em vermelho a sigla PT, mais de 130 articuladores reuniram-se (…) foi a mais significativa reunião realizada pelos articuladores do movimento”, destaca reportagem intitulada “PT parte pras massas” do jornal Em Tempo, edição de 18 a 25 de outubro, assinada por Carlos Tibúrcio.
PT em construção coletiva
Além da Comissão, daquela reunião saíram outros documentos, como a “Declaração Política” e a “Plataforma Política”. Na plataforma de ideias, os seguintes eixos: Liberdades Democráticas; Melhores Condições de Vida e Trabalho; e Questão Nacional. Nesta última, diretrizes como “erradicação dos latifúndios improdutivos e distribuição da terra aos trabalhadores sem terra” e “política externa independente”.
O clima era de esperança e êxtase com a criação de um partido liderado por trabalhadores. O atual presidente, Luiz Inácio Lula da Silva, despontava como liderança nacional e discursou na ocasião. Na época, ele presidia o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC. O sociólogo Eder Sader, ativo na militância, perseguido e exilado pela ditadura, descreveu o sentimento sobre a criação do PT. “O PT surge como expressão bruta da retomada das lutas dos trabalhadores. pode (e deve) reinventar o socialismo entre nós e naturalizá-lo brasileiro”, disse.
Sader destacava que a construção coletiva do PT deveria ser contínua. Tratava-se, portanto, de um partido diferente. Com bases sólidas na organização e luta dos trabalhadores. “O PT terá de estabelecer suas orientações, diferenciando orientações pragmáticas, estratégicas e táticas, recolhendo experiências do movimento operário (…) É o que começa a fazer. Mas a diferença entre estratégia e tática não será a diferença entre etapas (hoje a democracia, amanhã o socialismo): as tendências anticapitalistas manifestadas no anseio de se opor à exploração”, dissertou o sociólogo.