Escritora e feminista Heloisa Teixeira morre aos 85 anos 

Heloisa Teixeira foi a décima mulher a se tornar imortal na Academia Brasileira de Letras e é reconhecida como importante crítica cultural
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Em seu discurso de posse na ABL, Heloisa relembrou de todas as mulheres que foram eleitas e a antecederam. Foto: Garapa - Coletivo Multimídia

Morreu nesta sexta-feira (28), a escritora e crítica literária, Heloisa Teixeira, aos 85 anos. Ela estava internada na Casa de Saúde São Vicente, na Gávea, Rio de Janeiro e teve complicações decorrentes de uma pneumonia e insuficiência respiratória aguda. O velório será realizado na Academia Brasileira de Letras (ABL). Saiba mais em TVT News.

Heloisa Teixeira e o feminismo 

Ela foi a décima mulher a se tornar imortal na Academia Brasileira de Letras e é reconhecida como um importante nome do feminismo brasileiro. Foi autora de títulos como “O Feminismo como Crítica da Cultura” e organizou a coleção Pensamento Feminista: “Pensamento Feminista: conceitos fundamentais”; “Pensamento Feminista brasileiro: formação e contexto”; Pensamento Feminista hoje: Perspectivas Decoloniais” e “Pensamento Feminista hoje: Sexualidades no Sul Global.”

Heloisa Teixeira também era professora emérita da Escola de Comunicação da Universidade Federal do Rio de Janeiro e membro da Academia Brasileira de Letras desde 2023. Em nota, a ABL lembrou que Heloisa foi idealizadora e fundadora da Universidade das Quebradas, criada em 2009 no âmbito do Programa Avançado de Cultura Contemporânea (PACC), da Faculdade de Letras da UFRJ, e “ articulou uma proposta inovadora de democratização do acesso ao conhecimento”. Até hoje a “iniciativa promove o diálogo entre saberes acadêmicos e populares, reunindo experiências culturais e intelectuais de dentro e fora da universidade. Mais de 500 alunos já participaram do projeto”.

Em seu discurso de posse na ABL, relembrou de todas as mulheres que foram eleitas e a antecederam e falou sobre seu encontro com os intelectuais e artistas moradores das comunidades e favelas. “Chegando com ingênua intenção pedagógica de ajudar e alargar o repertório cultural das camadas “carentes” me surpreendi no meio de pensadores articulados, com a presença de grande número de universitários e de artistas potentes com intervenções inovadoras no mundo pop. Sim, a cultura da periferia, para o meu espanto no início dos anos 90, é uma cultura pop, contemporânea e transnacional. Esta percepção impactou minha pesquisa que, desde então, se voltou vorazmente para estas expressões artísticas e culturais.”

Vida e obra

Nascida em Ribeirão Preto (SP), em 26 de julho de 1939, Heloisa Teixeira, graduou-se em Letras Clássicas pela PUC-Rio e tinha mestrado e doutorado em Literatura Brasileira pela UFRJ, além de pós-doutorado em Sociologia da Cultura pela Universidade de Columbia, em Nova York.

Além da questão do feminismo, sua pesquisa também aborda a relação entre cultura e desenvolvimento, com ênfase em poesia, relações de gênero e étnico-raciais, culturas marginalizadas e cultura digital.

O documentário “O nascimento de H. Teixeira”, foi dirigido por Roberta Canuto. Em entrevista ao Canal Curta, a diretora conta que inicialmente o filme seria para contar a relação da Heloisa com a poesia marginal, mas que no começo do filme, ela contou que queria mudar o nome para fazer uma homenagem à mãe. “Eu sinto que estou voltando para trás, Helô Teixeira é minha mãe. A minha mãe é meu princípio”, afirmou na época. Ela foi casada com Luiz Buarque de Hollanda, advogado, colecionador e galerista brasileiro, mas depois resolveu abandonar o sobrenome do marido. 

No longa ela afirma “eu não nasci como Heloisa Buarque, eu me tornei”, o que remete a famosa frase de Simone de Beauvoir “não se nasce mulher, torna-se mulher”.

Também é autora da coletânea “26 Poetas Hoje”, de 1976, que é considerada um divisor de águas entre uma poesia canônica e uma poesia contemporânea e performática. 

Repercussões 

A ministra da cultura Margareth Menezes lamentou a partida de Heloisa Teixeira.

O governador do Rio de Janeiro Cláudio Castro relembrou a contribuição de Heloisa Teixeira em diversas áreas da cultura.

Com informações do site da Academia Brasileira de Letras.

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