Indígenas são menos de 1% da força de trabalho e ganham menos, diz estudo

Pesquisa revela desigualdade em liderança, salários e preconceito contra indígenas no mercado formal
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Há apenas 0,4% dos indígenas em cargos de média liderança. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um estudo inédito da empresa Diversitera, startup especializada em soluções de pesquisa, revela dados exclusivos sobre a população indígena no mercado formal de trabalho. Entenda mais em TVT News.

O estudo aponta que há um blecaute histórico ou incipiência de informações sobre esse agrupamento, além da complexidade de autodeclaração que os distorce, dificultando o destino de políticas públicas e privadas.

De acordo com o (IBGE), sabe-se que a população indígena no Brasil representa 0,83% dos brasileiros com mais de 250 etnias. Esses integrantes ocupam  0,9% da força de trabalho no país, segundo o relatório “Panorama da população indígena no mercado de trabalho formal brasileiro” da Diversitera.

O estudo é baseado em pesquisas realizadas entre julho de 2022 e março de 2025, com uma amostra de 112.947 pessoas em 53 empresas de médio e grande porte, de mais de 17 segmentos de mercado, em diversas regiões do país.

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O levantamento também afirma quase 61% dos profissionais indígenas ocupando funções operacionais,  contra 29% da população branca em funções semelhantes. O contraste salta ao observarmos o acesso a cargos de liderança e tomada de decisão: há apenas 0,4% dos indígenas em cargos de média liderança, contra 72,6% de pessoas brancas;  e apenas 0,3% na alta liderança, enquanto 85,2%  destas vagas são ocupadas por pessoas brancas.

Pessoas indígenas enfrentam ainda discriminação no ambiente de trabalho.  O relatório aponta que 22% dos profissionais já foram alvo ou testemunharam manifestações de preconceito no cotidiano , sendo 66% dos casos relacionados a questões como origem, práticas religiosas e características fenotípicas. 

Outro dado alarmante é a disparidade salarial: os profissionais indígenas ganham, em média, 23% a menos que os brancos para desempenharem as mesmas funções, evidenciando um abismo de desigualdade no mercado de trabalho.

Diversidade no mercado de trabalho

Além dos dados sobre a população indígena, a pesquisa também aponta desigualdades em outros grupos minorizados no mercado de trabalho brasileiro. Segundo levantamento, apenas 1,5% dos cargos de diretoria e gerência executiva são ocupados por pessoas com deficiência física, um número que reflete a exclusão desse grupo das posições de liderança nas empresas.

Pessoas com deficiência intelectual representam apenas 0,09% da força de trabalho empregada no Brasil, evidenciando a falta de oportunidades e de políticas eficazes para integrar esse grupo ao mercado de trabalho formal.

As mulheres, por sua vez, ocupam 35% dos cargos de alta liderança no Brasil, um número que, embora significativo, ainda está longe de refletir a paridade de gênero nas posições de decisão. Pessoas do sexo feminino também representam a maioria em funções elementares, sendo responsáveis por 70% da presença em cargos de serviços gerais, o que demonstra uma concentração da força de trabalho feminina em funções de menor poder e remuneração.

Outro dado preocupante revelado pelo estudo é a representatividade das pessoas negras, que ocupam apenas 9,7% das lideranças de topo, uma porcentagem bem abaixo de sua participação na força de trabalho ativa brasileira que corresponde, segundo o IBGE, a 55,2%. Além disso, elas ocupam 55% da participação em serviços gerais, o que reforça a desigualdade racial no acesso a cargos de maior responsabilidade e remuneração.

Confira a pesquisa completa, aqui.

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