Deputado Reimont (PT-RJ) aciona PGR contra influenciador acusado de exploração sexual infantil. Denúncia foi feita por um vídeo publicado pelo youtuber Felca, que viralizou nas redes sociais. O vídeo de Felca expõe a “adultização” e exploração de crianças e adolescentes na internet, destacando o caso do influenciador digital Hytalo Santos. Entenda na TVT News.
Deputado aciona PGR contra influenciador acusado de exploração sexual infantil
O presidente da Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial (CDHMIR) da Câmara dos Deputados, deputado federal Reimont (PT-RJ), encaminhou nesta segunda-feira (11) um ofício a Procuradoria-Geral da República (PGR), solicitando a instauração de investigação criminal urgente contra o influenciador digital Hytalo Santos (Hitalo José Santos Silva. O pedido inclui também a apuração de outros influenciadores que possam estar envolvidos na exploração sexual de crianças e adolescentes em ambientes digitais.
Adultização e exploração sexual infantil
A solicitação se baseia em denúncias apresentadas no vídeo “Adultização”, publicado em 6 de agosto pelo comunicador Felca, que traz evidências de que Hytalo expôs menores de idade em contextos sexualizados, lucrando com conteúdo direcionados inclusive a circuitos pedófilos. Um dos casos citados envolve uma adolescente que passou a aparecer nos vídeos do influenciador aos 12 anos, sendo gradualmente “adultizada” para apelo ao público adulto.

Após a repercussão, contas de Hytalo Santos e da jovem envolvida foram desativadas das redes sociais da Meta. O Ministério Público da Paraíba já havia aberto procedimentos investigativos em 2024, sob sigilo, por “exploração sexual” prevista no Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
Prisão preventiva de Hytalo Santos
No ofício, o presidente da CDHMIR também solicita que, caso haja risco continuado à integridade de menores, seja avaliada a possibilidade de pedido de prisão preventiva. Ele reforça ainda a necessidade de atuação coordenada entre a PGR, Ministério Público, Polícia Federal e Conselhos Tutelares para garantir celeridade e proteção às vítimas.
“A gravidade dessas denúncias exige resposta institucional firme e eficaz. Proteger a infância e a adolescência é dever de todos os Poderes”, afirmou Reimont.
Leia ofício na íntegra: Ofício – Dep. Reimont a PGR – caso Hytalo Santos

Entenda os perigos do caso denunciado por Felca
Para a psicóloga e pedagoga Ana Carolina D’Agostini, a internet, embora seja um espaço de conexão e aprendizado, também pode se tornar um território de riscos — às vezes explícitos, mas muitas vezes sutis e invisíveis de exploração sexual infantil.
“Esses perigos não se limitam a conteúdos claramente abusivos: eles se escondem em interações aparentemente inofensivas, na coleta silenciosa de dados, em algoritmos que reforçam padrões nocivos e em comunidades que normalizam ou ocultam comportamentos criminosos. Crianças expostas sem proteção tornam-se especialmente vulneráveis a abordagens manipuladoras, exploração sexual e pressões para corresponder a padrões adultos antes do tempo”, analisa a psicóloga.
Ana Carolina, que é especialista em saúde mental no Instituto Ame sua Mente, a denúncia de Felca presta presta um serviço importante à sociedade, pois a conscientização é o primeiro passo para a prevenção da exploração sexual infantil.
“É urgente que pais, responsáveis, educadores e órgãos reguladores adotem medidas de proteção — como legislação efetiva, monitoramento, controle de privacidade, supervisão ativa e diálogo aberto — e que todos nós, como comunidade, assumamos o compromisso de denunciar conteúdos e condutas que coloquem crianças em perigo. Proteger a infância é um dever compartilhado, e o silêncio diante de crimes virtuais jamais pode ser uma opção”, alerta Ana Carolina D’Agostini.
O caso e as acusações de exploração sexual infantil
O youtuber Felca, com mais de 4 milhões de inscritos, focou em Hytalo Santos, que possui mais de 20 milhões de seguidores, para exemplificar a prática de usar menores de forma inadequada na internet. A denúncia se aprofunda na história de uma jovem, Kamylinha, que entrou para o “círculo de Hytalo” aos 12 anos.
No vídeo, Felca aponta que Hytalo teria criado um formato de “reality show” com um “clima adulto”, envolvendo conversas sobre relacionamentos e expondo os jovens em situações sugestivas. A denúncia cita Kamylinha “rebolando no colo de outro menor de idade”, sendo filmada e aplaudida por adultos. O youtuber também menciona que a jovem teve um procedimento de implante de silicone nos seios exposto em um vídeo de pós-operatório quando ela tinha 17 anos.
As denúncias de Felca ecoam investigações que já estavam em andamento desde 2024. O Ministério Público da Paraíba (MPPB) abriu duas frentes de investigação contra Hytalo Santos, a partir de denúncias recebidas via “Disque 100”. As autoridades apuram a possível exploração de menores em vídeos de dança e conteúdos sobre relacionamentos, verificando se há teor sexualizado que viola o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
O influenciador nega as acusações, afirmando que tem o consentimento das mães dos adolescentes e que as jovens mencionadas são emancipadas. No entanto, o Ministério Público do Trabalho da 13ª região (MPT) também instaurou uma investigação. Por decisão judicial, as redes sociais de Kamylinha foram removidas.