A nova rodada da pesquisa Ipsos-Ipec sobre a sucessão presidencial de 2026, divulgada nesta terça-feira (9), confirma um dado político consistente: Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lidera todos os quatro cenários testados, sempre com 38% das intenções de voto, independentemente do adversário do campo bolsonarista. A pesquisa foi realizada entre 4 e 8 de dezembro, com 2 mil eleitores em 131 municípios, e apresenta margem de erro de dois pontos percentuais. Leia em TVT News.
A sondagem testou Lula contra quatro possíveis nomes da direita: Flávio Bolsonaro, Michelle Bolsonaro, Eduardo Bolsonaro e o governador Tarcísio de Freitas. Em todos os casos, o petista aparece com margem significativa. O levantamento também incluiu nomes como Ratinho Junior (PSD), Ronaldo Caiado (União Brasil) e Romeu Zema (Novo), representando vertentes mais amplas do campo conservador.

No cenário com Tarcísio de Freitas, Lula mantém seus 38%, enquanto o governador paulista soma 17%. As demais candidaturas apresentam desempenho mais modesto, com Ratinho Junior marcando 9%, Caiado com 5% e Zema com 3%. Brancos, nulos e indecisos chegam a 27%. É o cenário em que a vantagem aritmética de Lula sobre o principal adversário é de 21 pontos.
No cenário com Flávio Bolsonaro, recém-oficializado como pré-candidato do PL, Lula permanece nos 38%, enquanto o senador atinge 19%. Ratinho Junior, novamente, fica com 9%; Caiado sobe para 7%; e Zema marca 5%. Brancos, nulos e indecisos totalizam 23%. Esse recorte mostra o desempenho mais previsível do bloco bolsonarista: Flávio aparece como um nome competitivo dentro da direita, mas sem capacidade aparente de reduzir a diferença que separa seu campo eleitoral do petista.
Quando o nome testado é Michelle Bolsonaro, o cenário registra o melhor desempenho da direita: a ex-primeira-dama alcança 23%. Lula continua estável com 38%, seguido por Ratinho Junior (8%), Caiado (5%) e Zema (4%). Brancos, nulos e indecisos somam 21%. A performance de Michelle confirma tendência observada em outros levantamentos recentes: dentro do bolsonarismo, ela é o nome que mais se aproxima de uma candidatura viável em escala nacional, sobretudo pela elevada familiaridade do eleitorado com sua figura pública e atuação política-religiosa.
No cenário com Eduardo Bolsonaro, Lula também permanece na liderança com 38%, seguido pelo deputado com 18%. Ratinho Junior registra 9%, Caiado alcança 7% e Zema marca 5%. Brancos, nulos e indecisos chegam a 23%. A repetição do padrão reforça o diagnóstico do instituto: a oscilação nos nomes da direita reorganiza votos dentro do próprio campo, mas não altera o patamar de intenção de voto do presidente.
O comportamento estável do eleitorado ao longo dos quatro cenários é o elemento central revelado pela pesquisa. A manutenção dos 38% para Lula indica um bloco de apoio relativamente consolidado, que não reage às variações dos adversários. Do lado da direita, a disputa interna por um nome competitivo permanece aberta, mas sem sinais claros de que qualquer uma das candidaturas consiga ampliar, no curto prazo, o alcance do campo bolsonarista.
Rejeição e conhecimento público
A Ipsos-Ipec também mediu a rejeição dos principais nomes testados, perguntando aos entrevistados em quais candidatos não votariam “de jeito nenhum”. Os índices dialogam diretamente com o grau de conhecimento que cada figura possui no eleitorado nacional.
- Lula (PT): 44%
- Flávio Bolsonaro (PL): 35%
- Eduardo Bolsonaro (PL-SP): 32%
- Michelle Bolsonaro (PL): 30%
- Ratinho Junior (PSD): 13%
- Romeu Zema (Novo): 13%
- Tarcísio de Freitas (Republicanos): 11%
- Ronaldo Caiado (União Brasil): 10%
- “Rejeita todos”: 1%
- Não sabe ou não respondeu: 7%
A distribuição dos percentuais mostra aquilo que institutos de pesquisa vêm registrando há anos: a rejeição costuma ser proporcional ao nível de conhecimento público. Quanto maior o tempo de exposição nacional, mais cristalizadas se tornam as percepções, sejam positivas ou negativas.
É o que explica por que Lula e o núcleo bolsonarista mais conhecido — Michelle, Flávio e Eduardo — apresentam patamares de rejeição mais elevados: todos possuem forte presença pública, são amplamente identificados com seus campos políticos e têm imagens consolidadas.
Já nomes como Ratinho Junior, Zema, Caiado e o próprio Tarcísio apresentam índices mais baixos de rejeição. O fenômeno, porém, não necessariamente indica potencial de crescimento, e sim menor desgaste acumulado. Em diversos casos, a rejeição reduzida está associada diretamente ao desconhecimento parcial do eleitorado, que ainda não formou opinião definitiva sobre essas figuras em âmbito nacional.
Essa dinâmica ajuda a explicar por que candidatos de perfil estadual ou regional, mesmo com baixa rejeição, não superam a casa de um dígito nas intenções de voto no cenário presidencial: rejeição baixa sem alta notoriedade não se traduz automaticamente em competitividade eleitoral.
