O gabinete de segurança de Israel aprovou um plano para que as Forças Armadas do país assumam o controle total da Faixa de Gaza, marcando um novo e perigoso capítulo da guerra contra o povo palestino. O controle de fato já é de Israel há anos. Esse novo passo deve significar a intensificação do massacre e genocídio de civis. As mortes de inocentes já superam 80 mil, maioria mulheres e crianças. Entenda na TVT News.
A decisão foi tomada poucas horas após o primeiro-ministro Binyamin Netanyahu reafirmar, em entrevista à emissora norte-americana alinhada com a extrema direita Fox News, seu objetivo de controlar militarmente toda a Faixa de Gaza, território palestino densamente povoado e sob cerco há mais de 15 anos.
A nova ofensiva sionista ocorre apesar da crescente pressão internacional contra a continuidade da guerra, que já se arrasta há quase dois anos, com denúncias sistemáticas de crimes de guerra e de ataques deliberados contra civis. Estima-se que mais de 800 mil pessoas ainda vivam na Cidade de Gaza, e o plano israelense prevê a expulsão dessas famílias, diminuindo drasticamente a área onde os palestinos podem permanecer, numa operação de limpeza territorial que muitos organismos internacionais já classificam como limpeza étnica.
Governo de Israel sem os palestinos
De acordo com o jornal The Times of Israel, a proposta aprovada inclui a instalação de um “governo civil alternativo” sem participação do Hamas, mas também excluindo a Autoridade Palestina, que governa partes da Cisjordânia. Em outras palavras, o governo israelense pretende escolher unilateralmente quem administrará o território palestino, enquanto mantém controle militar total da região.
Netanyahu afirmou que, após derrotar o Hamas, entregaria o controle administrativo a “forças árabes” dispostas a “governar adequadamente, sem ameaçar Israel”. O premiê, contudo, não apresentou qualquer base legal ou diplomática para justificar a violação da soberania palestina, nem respondeu às críticas de que a operação viola a decisão da Corte Internacional de Justiça, que já determinou que Israel deve encerrar sua ocupação “o mais rápido possível”.
O próprio comandante das Forças de Defesa de Israel (IDF), Eyal Zamir, se opôs à proposta de ocupação, alertando para o risco de agravar o desastre humanitário e de colocar em risco a vida dos reféns israelenses ainda mantidos pelo Hamas. Zamir foi alvo de ataques da extrema-direita israelense, que pressiona por uma ofensiva total, mesmo com o custo de mais mortes civis.
Massacre e fracasso político
A decisão de Netanyahu gerou forte repúdio internacional. Alemanha, Reino Unido, China, Turquia, Jordânia, Dinamarca, Egito, Holanda, Austrália, Arábia Saudita e Bélgica manifestaram duras críticas ao plano de ocupação. O primeiro-ministro alemão, Friedrich Merz, anunciou a suspensão da venda de armas a Israel, afirmando que “a escalada torna impossível qualquer caminho para a paz ou libertação de reféns”.
O britânico Keir Starmer classificou a decisão de Netanyahu como um “erro”, acrescentando que o plano “provocará mais massacres”. A Turquia foi além, pedindo que o Conselho de Segurança da ONU intervenha imediatamente para deter a operação e exigir um cessar-fogo.
Na Noruega, o ministro das Finanças Jens Stoltenberg anunciou que o fundo soberano do país, com US$ 2 trilhões, revisará investimentos em empresas israelenses, como resposta à escalada da ocupação.
A ONU também se posicionou. O alto comissário para os Direitos Humanos, Volker Türk, disse que a ocupação vai contra o direito à autodeterminação do povo palestino e a solução de dois Estados, base de décadas de negociações diplomáticas.
Famílias de reféns e opositores israelenses protestam
Em Israel, cresce a insatisfação interna. Famílias de reféns acusaram Netanyahu de sabotar as negociações por motivos políticos e de colocar a vida dos sequestrados em risco. Protestos foram registrados em Tel Aviv, mas foram violentamente reprimidos pela polícia com bombas de efeito moral.
Benny Gantz, líder da oposição, afirmou que o plano “desperdiça as conquistas das Forças de Defesa de Israel” e fragiliza a estratégia nacional. A preocupação com os 50 reféns ainda vivos em Gaza, dos quais 20 estariam confirmados com vida, é ignorada por setores do governo, que, segundo a imprensa israelense, estariam dispostos a arriscar essas vidas para avançar com a ocupação.
Denúncias de apartheid e limpeza étnica
Organizações internacionais e líderes árabes classificam a operação como parte de um projeto sionista de anexação e limpeza étnica do território palestino, conduzido por um governo de extrema-direita. A Arábia Saudita acusou formalmente Israel de realizar “atos de limpeza étnica” e pressionou por uma resposta internacional coordenada.
Com mais de 2 milhões de palestinos vivendo em um território cada vez menor, sem acesso pleno a eletricidade, água potável, saúde e alimentos, o avanço militar representa mais do que uma escalada militar: é a consolidação de um regime de apartheid, sustentado pela força e pela exclusão sistemática de um povo de seus próprios direitos e território.