A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lançou um alerta sobre a deterioração das condições de vida na Cisjordânia, onde a operação militar de Israel Muro de Ferro já dura cinco meses. Essa ação israelense já forçou mais de 40 mil pessoas a se deslocarem de suas casas na região norte do território e impede o retorno seguro dessas famílias. Saiba mais na TVT News.
A atual situação da Cisjordânia é considerada uma “crise provocada pelo homem” por Simona Onidi, coordenadora dos projetos do Médicos Sem Fronteiras em Jenin e Tulkarem, que ressalta que o conflito vêm impactando no aumento das necessidades humanitárias e dos cuidados de saúde.
O documento intitulado “Cinco Meses sob a Muralha de Ferro”, produzido pela MSF com base em dados coletados e quase 300 entrevistas com pessoas deslocadas, revela o impacto devastador do deslocamento prolongado. Quase metade dos entrevistados foi deslocada três ou mais vezes em apenas quatro meses, vivendo na incerteza constante sobre sua próxima moradia.

Acampamentos isolados por Israel e falta de serviços básicos
Acampamentos de refugiados como os de Jenin, Tulkarem e Nur Shams permanecem isolados e ocupados por forças israelenses, que impedem a entrada de pessoas. A organização documentou um padrão preocupante de violência e obstrução para aqueles que tentam retornar às suas casas, com mais de 100 incidentes de violência indiscriminada, incluindo tiroteios, agressões e detenções. Muitas famílias encontraram suas casas queimadas, saqueadas ou ocupadas, e o acesso para retornar é severamente restrito ou negado.
A falta de acesso a cuidados de saúde é crítica. O relatório da MSF aponta que uma em cada três pessoas não conseguiu consultar um médico quando necessário, devido a custos, distância ou falta de transporte. Além disso, 35% das pessoas com doenças crônicas não conseguem obter medicação regularmente. As condições de saúde e vida na Cisjordânia estão prejudicadas, com um aumento alarmante nas necessidades de saúde mental, especialmente entre mulheres e crianças, em decorrência dos deslocamentos repetidos e da violência.
Em resposta à crise, a MSF montou equipes médicas móveis em mais de 40 locais, oferecendo serviços de saúde básicos, apoio em saúde mental e atividades de promoção da saúde. No entanto, a organização enfatiza que a situação piora a cada dia e não pode ser entendida isoladamente do contexto mais amplo de medidas coercitivas e violentas de anexação.
A MSF faz um apelo urgente para que outras organizações ampliem a resposta humanitária, oferecendo abrigo, cuidados médicos e proteção. A organização exige o fim imediato das operações militares israelenses e do uso letal da força, permitindo que as comunidades deslocadas retornem com segurança e dignidade às suas casas.
Com informações da Médicos Sem Fronteiras