Israel já forçou o deslocamento de mais de 40 mil palestinos na Cisjordânia

A operação militar israelense Muro de Ferro já dura cinco meses e impacta as condições de vida na região
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Dados são da organização humanitária Médicos Sem Fronteiras. Foto: Oday Alshobaki/MSF

A organização humanitária internacional Médicos Sem Fronteiras (MSF) lançou um alerta sobre a deterioração das condições de vida na Cisjordânia, onde a operação militar de Israel Muro de Ferro já dura cinco meses. Essa ação israelense já forçou mais de 40 mil pessoas a se deslocarem de suas casas na região norte do território e impede o retorno seguro dessas famílias. Saiba mais na TVT News.

A atual situação da Cisjordânia é considerada uma “crise provocada pelo homem” por Simona Onidi, coordenadora dos projetos do Médicos Sem Fronteiras em Jenin e Tulkarem, que ressalta que o conflito vêm impactando no aumento das necessidades humanitárias e dos cuidados de saúde.  

O documento intitulado “Cinco Meses sob a Muralha de Ferro”, produzido pela MSF com base em dados coletados e quase 300 entrevistas com pessoas deslocadas, revela o impacto devastador do deslocamento prolongado. Quase metade dos entrevistados foi deslocada três ou mais vezes em apenas quatro meses, vivendo na incerteza constante sobre sua próxima moradia.

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De 2020 a 2024, o número de bloqueios na Cisjordânia aumentou 43%. Foto: Unfpa/Media Clinic

Acampamentos isolados por Israel e falta de serviços básicos

Acampamentos de refugiados como os de Jenin, Tulkarem e Nur Shams permanecem isolados e ocupados por forças israelenses, que impedem a entrada de pessoas. A organização documentou um padrão preocupante de violência e obstrução para aqueles que tentam retornar às suas casas, com mais de 100 incidentes de violência indiscriminada, incluindo tiroteios, agressões e detenções. Muitas famílias encontraram suas casas queimadas, saqueadas ou ocupadas, e o acesso para retornar é severamente restrito ou negado.

A falta de acesso a cuidados de saúde é crítica. O relatório da MSF aponta que uma em cada três pessoas não conseguiu consultar um médico quando necessário, devido a custos, distância ou falta de transporte. Além disso, 35% das pessoas com doenças crônicas não conseguem obter medicação regularmente. As condições de saúde e vida na Cisjordânia estão prejudicadas, com um aumento alarmante nas necessidades de saúde mental, especialmente entre mulheres e crianças, em decorrência dos deslocamentos repetidos e da violência.

Em resposta à crise, a MSF montou equipes médicas móveis em mais de 40 locais, oferecendo serviços de saúde básicos, apoio em saúde mental e atividades de promoção da saúde. No entanto, a organização enfatiza que a situação piora a cada dia e não pode ser entendida isoladamente do contexto mais amplo de medidas coercitivas e violentas de anexação.

A MSF faz um apelo urgente para que outras organizações ampliem a resposta humanitária, oferecendo abrigo, cuidados médicos e proteção. A organização exige o fim imediato das operações militares israelenses e do uso letal da força, permitindo que as comunidades deslocadas retornem com segurança e dignidade às suas casas.

Com informações da Médicos Sem Fronteiras

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