O Ministério das Relações Exteriores (Itamaraty) confirmou nesta terça-feira (25) a morte do brasileiro-palestino Walid Khalid Abdalla Ahmad, de 17 anos, em uma prisão em Israel. A informação foi inicialmente divulgada pela Federação Árabe Palestina no Brasil, que classificou o local onde o jovem estava detido como um “campo de concentração”, conhecido por relatos de tortura envolvendo choques elétricos, espancamentos e privação de alimentos. Confira mais em TVT News.
Em nota oficial, o Itamaraty afirmou que “as circunstâncias e a data exata do óbito ainda não foram esclarecidas”. O comunicado detalha que Walid Ahmad, residente da Cisjordânia ocupada, foi preso em 30 de setembro de 2024 por forças israelenses e transferido para a prisão de Megido, localizada em território israelense.

“O governo brasileiro tomou conhecimento, com profunda consternação, da morte do cidadão brasileiro Walid Khalid Abdalla Ahmad, de 17 anos, na prisão israelense de Megido”, informou o ministério. No mesmo documento, o Brasil exigiu que o governo de Benjamin Netanyahu conduza uma investigação “célere e independente acerca das causas do falecimento” e divulgue os resultados das apurações.
Além disso, o Itamaraty destacou que “onze brasileiros residentes no Estado da Palestina seguem presos em Israel, a maioria dos quais sem terem sido formalmente acusados ou julgados, em clara violação ao Direito Internacional Humanitário”.
O Escritório de Representação do Brasil em Ramala está em contato com a família de Walid Khalid Abdalla Ahmad e prestando assistência consular “cabível”, conforme informou o ministério.
Pressão diplomática e reações
A Federação Árabe Palestina no Brasil pediu o rompimento das relações diplomáticas entre Brasil e Israel, uma tese já descartada pelo Itamaraty e refutada por integrantes da embaixada israelense. Em nota, a entidade também criticou duramente as ações israelenses, afirmando ser impossível considerar “normal” conviver com um “banho de sangue promovido pelos gângsters de Tel Aviv”.
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Desde o início do conflito entre Israel e o grupo terrorista Hamas, que controla a Faixa de Gaza, em outubro de 2023, o Brasil tem defendido publicamente um cessar-fogo permanente e a entrada de ajuda humanitária para os palestinos que vivem na região. Paralelamente, o governo brasileiro questionou repetidamente os limites éticos e legais das operações militares lideradas por Israel, pedindo a retirada completa das tropas israelenses da Faixa de Gaza e denunciando práticas que considera coloniais contra os palestinos.
Em diversas ocasiões, o Brasil também manifestou sua reprovação às decisões do governo Netanyahu de impedir a entrada de ajuda humanitária em Gaza e realizar novos bombardeios na região, mesmo durante períodos de cessar-fogo temporário. “Deploramos essas atitudes”, afirmou o Itamaraty em recentes declarações.
O presidente Lula da Silva tem feito críticas ao governo israelense em fóruns internacionais. Ele destacou que, além de integrantes do Hamas, estão morrendo na guerra crianças, mulheres e homens inocentes, vítimas colaterais de uma escalada de violência que, segundo ele, carece de moderação e respeito ao direito internacional.