José Martí, nascido em 29 de janeiro de 1853, é uma das figuras mais emblemáticas da história de Cuba e da América Latina. Poeta, jornalista, filósofo e revolucionário, Martí dedicou a vida à luta pela independência de Cuba, então colônia da Espanha.
Sua trajetória é marcada por um profundo compromisso com a justiça social, a liberdade e a unidade dos povos latino-americanos. Conhecido como o “apóstolo da independência cubana”, Martí deixou um legado que transcende fronteiras e inspira gerações até os dias atuais. Conheça a história com a TVT News.
Quem foi José Martí, o mártir da independência de Cuba
José Martí foi um intelectual e ativista político cuja vida foi dedicada à causa da libertação de Cuba. Desde jovem, ele demonstrou um talento excepcional para a escrita e uma paixão pela justiça. Aos 16 anos, foi preso por suas ideias revolucionárias e condenado a trabalhos forçados. Após ser libertado, exilou-se em vários países, incluindo México, Guatemala e Estados Unidos, onde continuou a articular a luta pela independência cubana.
Martí fundou o Partido Revolucionário Cubano em 1892, unindo exilados cubanos e trabalhadores em prol da causa. Sua visão ia além da independência: ele sonhava com uma Cuba livre, justa e soberana, onde todos os cidadãos tivessem direitos iguais. Em 1895, Martí retornou a Cuba para liderar a Guerra de Independência, mas morreu em combate no mesmo ano, tornando-se um mártir para seu povo.
29 de janeiro, nascimento de José Martí
O dia 29 de janeiro marca o nascimento de José Martí, uma data celebrada em Cuba e por admiradores em todo o mundo. Nascido em Havana, Martí cresceu em um contexto de opressão colonial, o que moldou sua consciência política desde cedo. Sua mãe, Leonor Pérez, teve grande influência em sua formação, incentivando-o a valorizar a educação e a cultura.
A data de 29 de janeiro não apenas celebra o nascimento de um herói latino-americano, mas também relembra os valores que ele defendia: a educação como ferramenta de transformação, a unidade latino-americana e a luta contra todas as formas de opressão.
“Conheço o monstro, já vivi em suas entranhas”
Uma das frases mais conhecidas de José Martí, “Conheço o monstro, já vivi em suas entranhas”, reflete sua profunda compreensão das dinâmicas de poder e opressão. Martí se referia ao imperialismo e ao colonialismo, que ele conheceu de perto durante seus anos de exílio nos Estados Unidos. Embora admirasse aspectos da democracia norte-americana, ele também reconhecia os perigos do expansionismo e da exploração econômica.
Essa frase foi escrita em uma carta ao amigo Manuel Mercado, poucos dias antes de sua morte em 1895. Nela, Martí expressava sua preocupação com a possibilidade de os Estados Unidos intervirem em Cuba após a independência, substituindo a dominação espanhola por uma nova forma de controle. Sua visão profética se concretizaria anos depois, com a intervenção norte-americana na Guerra Hispano-Americana.
Quais foram as obras escritas por José Martí
José Martí foi um escritor prolífico, cuja obra abrange poesia, ensaios, artigos jornalísticos e discursos políticos. Entre seus trabalhos mais importantes estão “Nossa América”, um ensaio que defende a unidade e a identidade dos povos latino-americanos, e “Ismaelillo”, um livro de poemas dedicado ao seu filho.
Martí também fundou e editou o jornal “Patria”, que se tornou a voz do movimento independentista cubano. Seus textos combinam uma linguagem poética com um forte apelo à ação, refletindo sua crença de que a arte e a política devem caminhar juntas.
Guantanamera, música do cancioneiro latino-americano é poema de José Martí
A famosa canção “Guantanamera”, conhecida mundialmente como um símbolo da cultura cubana, tem suas raízes na poesia de José Martí. A letra da música é baseada em versos de seu livro “Versos Sencillos”, publicado em 1891. Martí escreveu esses poemas durante seu exílio nos Estados Unidos, expressando seu amor por Cuba e sua luta pela liberdade.
“Guantanamera” se tornou um hino não apenas para os cubanos, mas para todos os que valorizam a resistência e a identidade cultural. A música é um exemplo do poder da obra de Martí em transcender barreiras e inspirar pessoas ao redor do mundo.
Aqui está parte da letra original em espanhol e a versão traduzida para o português:
Guantanamera (Español)
Verso 1: Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera.
Yo soy un hombre sincero
De donde crece la palma,
Y antes de morirme quiero
Echar mis versos del alma.
Coro: Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera.
Verso 2:
Mi verso es de un verde claro
Y de un carmín encendido,
Mi verso es de un verde claro
Y de un carmín encendido.
Coro: Guantanamera, guajira guantanamera,
Guantanamera, guajira guantanamera.
Guantanamera (Português)
Guantanamera, camponesa guantanamera,
Guantanamera, camponesa guantanamera.
Eu sou um homem sincero
De onde cresce a palmeira,
E antes de morrer quero
Lançar meus versos da alma.
Coro: Guantanamera, camponesa guantanamera,
Guantanamera, camponesa guantanamera.
Verso 2:
Meu verso é de um verde claro
E de um carmim aceso,
Meu verso é de um verde claro
E de um carmim aceso.
Coro: Guantanamera, camponesa guantanamera,
Guantanamera, camponesa guantanamera.
A canção foi composta por José Fernández Díaz, mas a inclusão dos versos de José Martí a tornou ainda mais significativa, pois eles representam o ideal de liberdade e justiça. Cada vez que Guantanamera é cantada, ela não apenas homenageia Cuba, mas também o sentimento de solidariedade e unidade latino-americanas.
Busto no Memorial da América Latina
O Memorial da América Latina, em São Paulo, tem um busto em homenagem a José Martí. O busto está instalado a poucos metros de outro líder latino-americano Simón Bolívar, ao lado do Auditório que leva o nome do Libertador.
Com as duas esculturas, o espaço torna-se uma homenagem à unidade da América Latina.
O busto foi inaugurado em 28 de janeiro de 2023, nas comemorações dos 170 anos do Apóstolo de Cuba. O evento teve como destaque a presença do embaixador de Cuba no país, Adolfo Curbelo, e do Cônsul-geral da ilha em São Paulo, Pedro Monzón Barata.