Los Angeles sitiada: Trump amplia ameaça contra a Califórnia

Trump envia Marines e mais membros da Guarda Nacional enquanto republicanos ameaçam governador da Califórnia e prefeita de Los Angeles
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Los Angeles vive um cenário de escalada na tensão após a decisão do presidente extremista dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar milhares de soldados. Foto: Reprodução/CNN-US

Los Angeles vive um cenário de escalada na tensão após a decisão do presidente extremista dos Estados Unidos, Donald Trump, de enviar milhares de soldados da Guarda Nacional e 700 fuzileiros navais (Marines) para conter protestos que se espalham pela cidade há quatro dias. Entenda na TVT News.

A medida, considerada extrema por lideranças estaduais e locais, reacendeu um embate político feroz sobre os limites do poder federal diante da autonomia dos estados. A decisão de “federalizar a Guarda” é radical e, na história dos EUA, tem sido utilizada em momentos de catástrofe, a pedido de governadores. Contudo, desta vez, Trump atua à revelia, sem consentimento de autoridades da Califórnia, em uma intervenção autoritária.

Os protestos começaram na sexta-feira (6), após denúncias de que agentes do ICE (Immigration and Customs Enforcement) estavam conduzindo operações violentas em bairros de maioria latina. Desde então, milhares de manifestantes tomaram as ruas de Los Angeles e outras cidades como Boston, Houston e Tampa, exigindo o fim das políticas imigratórias do governo federal.

Embora a maioria das manifestações tenha sido pacífica, houve episódios de violência, incluindo incêndios de veículos, pichações e confrontos com a polícia, que respondeu com balas de borracha e granadas de efeito moral. A violência cresceu após agentes de Trump tirarem crianças do colo de mães para prendê-las por estarem de alguma forma com visto vencido, deixando os filhos nas ruas.

Campo de testes de Trump

Na noite de segunda-feira (9), Trump defendeu sua decisão em uma publicação na rede Truth Social, afirmando que, sem a presença militar, “a cidade estaria em chamas”. Ele alegou que 25 mil casas teriam sido destruídas, um número que não encontra respaldo em dados oficiais, durante os incêndios florestais mais recentes na Califórnia, aproximadamente 12 mil estruturas foram afetadas. Trump também aproveitou para xingar o governador do estado mais rico e populoso dos Estados Unidos.

O governador da Califórnia, Gavin Newsom, reagiu duramente. Chamou o presidente de “desequilibrado” e “ditador” e anunciou que moverá ação judicial contra a Casa Branca por violação da soberania estadual. “Trump está tentando fabricar uma crise e transformar Los Angeles em um palco para sua política autoritária”, declarou. O procurador-geral do estado, Rob Bonta, reforçou que o governo federal “usurpou ilegalmente o comando da Guarda Nacional”.

A prefeita de Los Angeles, Karen Bass, também condenou a presença militar, classificando a cidade como “campo de testes para o autoritarismo”. Em declaração à imprensa, pediu que os manifestantes “continuem se expressando, mas de forma pacífica”.

“Fritar” o governador

A decisão de Trump também dividiu o Congresso. O presidente da Câmara dos Deputados, Mike Johnson, evitou comentar diretamente se Newsom deveria ser preso, como sugerido por Trump, mas lançou uma frase polêmica: “Ele deveria ser tar and feathered (untado e empanado com penas)”. “O governador está atrapalhando a aplicação da lei federal e aplaudindo os bandidos”, disse Johnson, que também elogiou Trump por agir com “autoridade total” e prometeu apoio do Partido Republicano à intervenção.

Legalidade e limites

Especialistas em direito constitucional já apontam que a decisão de federalizar a Guarda Nacional sem consentimento estadual é juridicamente controversa. Segundo a Constituição dos EUA, o envio de forças federais a um estado sem solicitação do governador só pode ocorrer em casos de insurreição ou quando os tribunais federais forem impedidos de funcionar, o que não parece ser o caso atual.

Enquanto isso, a presença das tropas nas ruas tem gerado temor nas comunidades mais afetadas. A correspondente Sandra Cohen, do periódico local Los Angeles Times, afirmou que “a chegada dos Marines espalhou um clima de pânico” e que a cidade “parece estar sob ocupação militar”.

E agora?

O Departamento de Justiça ainda não comentou sobre o processo anunciado por Gavin Newsom, mas fontes internas indicam que a batalha judicial pode escalar até a Suprema Corte. No Congresso, democratas prometem convocar audiências para avaliar os limites da ação presidencial e discutir uma possível legislação para evitar futuras intervenções semelhantes sem autorização dos estados.

Enquanto isso, Los Angeles segue dividida e sitiada: nas ruas, manifestantes continuam enfrentando tropas armadas; nas instituições, trava-se uma disputa constitucional entre democratas e uma demonstração de autoritarismo e empoderamento do radical de extrema direita Donald Trump.

Acompanhe também os interrogatórios no STF

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