Lula: Bolsonaro pedindo anistia está provando que é culpado

Bolsonaro vai conhecer que a lei é verdadeiramente para todos, disse o presidente
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Em vez de anistia, Bolsonario deveria tentar provar inocência, disse Lula. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta quinta-feira (20) que Jair Bolsonaro (PL), ao apelar por anistia (perdão), prova que é culpado pela tentativa de golpe contra a democracia brasileira. Lula também afirmou que a denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ex-presidente e outras 33 pessoas por tentativa de golpe de Estado “é grave”. E se comprovadas as acusações contra ele, Bolsonaro “só tem uma saída”, que é ser preso.

“Quando o ex-presidente fica pedindo anistia, está provando que é culpado, que cometeu crime. Ele deveria estar falando: vou provar minha inocência. Ele deveria estar dizendo: sou inocente, vou provar minha inocência. Mas está pedindo anistia. Ou seja, ele está dizendo: gente, eu sou culpado tentei bolar um plano para matar o Lula, o Alckmin, o Alexandre de Moraes… não deu certo porque tive uma diarreia, fiquei com medo, tive que voar para os Estados Unidos”, disse em entrevista à Rádio Tupi, do Rio de Janeiro.

“Ele e quem participou dessa quadrilha que não estava tentando governar, mas tentando tomar conta do País como se fosse propriedade privada. Obviamente, eu acho que eles terão o direito de se defender, de dizer que é mentira”, afirmou. 

“Se o cidadão está sendo acusado, ele não pode ficar pedindo perdão antes de ser julgado”, afirmou. “Eles estão com medo de serem condenados e pedindo anistia antes. Isso não existe.”

Segundo Lula, “se for provada a denúncia de tentativa de golpe, a tentativa de morte de um ministro do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), são coisas extremamente graves”, disse ele, se referindo ao ministro Alexandre de Moraes. “Se isso for provado, ele (Bolsonaro) só tem uma saída: ser preso”, disse. “Ele vai conhecer neste país que a lei verdadeiramente é para todos.”

“Eles terão que ser julgados, e se forem julgados vão ser condenados, e depois de condenados é que se pode discutir o que fazer com eles. Uma boa cela e um tratamento com muito respeito aos direitos humanos é o que eles merecem se eles forem considerados culpados”, afirmou.

O presidente afirmou ainda que Bolsonaro é um “mentiroso contumaz” e “age como se fosse dono (do Brasil), como se fosse uma monarquia”. “Ele quer uma questão hereditária, quer que a família governe este país. Ele tem que se mancar.”

Lula também destacou que, apesar do discurso contra as urnas eletrônicas, Bolsonaro “nunca questionou a eleição dos filhos dele”. “Só quando perde, ele coloca dúvida nas urnas”, disse. “Ele não estava tentando governar, estava tentando tomar conta do país.”

Além de Bolsonaro, Trump e segurança pública

Na entrevista, o presidente também afirmou que Donald Trump foi eleito para governar os Estados Unidos, não o mundo. “Ele tem falado todo dia e toda hora sem medir as consequências da fala”, pontuou. Para ele, o norte-americano “não mede as consequências de suas falas” e que ele “deveria fazer menos ofensas aos seus parceiros”.

Lula repetiu que se Trump taxar produtos brasileiros, haverá reciprocidade por parte do governo brasileiro. “Os Estados Unidos são um parceiro comercial importante para o Brasil. Mas, veja, nós não temos a dependência dos Estados Unidos como tínhamos há 20, 30 anos. Temos hoje uma correlação comercial e diplomática muito equilibrada no mundo”, destacou.

Dependência do Brasil em relação aos EUA não é mais a mesma, afirmou. Foto: Ricardo Stuckert/PR

E disse ainda que não vai decretar operações de Garantia da Lei e da Ordem (GLO) na segurança dos estados e defendeu a aprovação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) da Segurança Pública. O texto deve ampliar as atribuições da União e das forças federais no combate à criminalidade, que hoje são responsabilidade dos estados.

Originalmente apresentada em outubro do ano passado, a PEC passou os últimos meses em debate entre governo federal e estaduais e agora está em análise na Casa Civil da Presidência, antes de ser enviada ao Congresso Nacional. A nova versão do texto reforça a autonomia dos governadores no que diz respeito ao comando das polícias civis, militares e dos corpos de bombeiros militares.

“Muitas vezes, os governadores não querem [atuação da União na segurança pública] porque a polícia é um pedaço do poder do estado e, muitas vezes, os governadores não querem que o governo federal se intrometa na segurança dos estados”, disse.

“De vez em quando, eles [governadores] pedem que eu faça uma GLO. Eu não vou fazer GLO, porque a GLO que foi feita no Rio de Janeiro, o governo federal gastou mais de R$ 2 bilhões e não resolveu quase nada. Então, o que nós queremos é participação ativa de forma a ter uma ação complementar com o governador do estado e resolver definitivamente a questão da segurança”, explicou.

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