Em entrevista coletiva de fim de ano, em formato de conversa aberta com jornalistas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva apresentou um balanço amplamente positivo do terceiro ano de seu terceiro mandato à frente do Palácio do Planalto. Confira na TVT News.
Em tom confiante e, por vezes, didático, Lula atribuiu os resultados econômicos e sociais à combinação de planejamento político, diálogo institucional e uma estratégia clara de combate à desigualdade por meio da circulação de renda.
Acompanhe a coletiva do presidente Lula
“Minha felicidade vem dos bons resultados que alcançamos. Todo mundo aqui foi treinado para bater pênalti. E não erramos nenhum pênalti”, afirmou o presidente, ao destacar que os indicadores desmentiram as previsões pessimistas feitas no início do governo. Segundo ele, “se olharem as projeções e o que aconteceu, todas projeções foram erradas. Todas projeções em janeiro de 2023 ou quando ganhei as eleições… percebem que todas projeções não deram certo”.
Para Lula, o desempenho do governo não foi fruto do acaso. Ele lembrou que a gestão começou, na prática, antes mesmo da posse, em um cenário de restrições fiscais e resistência política no Congresso. “A primeira coisa é que começamos a governar antes de tomar posse. Fomos obrigados a construir uma PEC da transição para que pudéssemos governar, inclusive com recursos para pagar dívidas do governo anterior”, disse. O presidente classificou como “um milagre” a aprovação da proposta em um Parlamento adverso, creditando o resultado à articulação política: “Conseguimos isso com a maestria dos ministros que se dispuseram a conversar”.
Lula também criticou o que chamou de “projeções negativistas” e uma cultura analítica que “nivela por baixo”. Em contraponto, ressaltou a retomada do crescimento econômico. “A última vez que o país cresceu acima de 3% foi quando deixei a presidência em 2010. Agora voltamos”, afirmou, reforçando sua visão de que o papel do presidente é formar equipes competentes: “Um presidente não tem que entender de economia, mas sim de montar um time para ganhar o jogo”.
Segundo ele, esse time foi montado com um objetivo claro. “Nosso lema era reconstrução e união. Esse país foi quase destruído em todas as áreas”, disse. Lula fez questão de afirmar que o governo não se orientou por uma lógica de revanche política. “Não ganhamos as eleições para falar mal do governo anterior. Ganhamos para governar o Brasil. E governar é cuidar do povo brasileiro. E foi isso que aconteceu.”
Ao abordar a política econômica, o presidente voltou a defender uma tese que, segundo ele, é pouco enfatizada pelos economistas tradicionais. “Muito dinheiro na mão de poucos significa miséria, pobreza, desnutrição. Significa esquecimento de uma parte da sociedade. Ao passo que pouco dinheiro na mão de muitos significa o contrário.” Para ilustrar, recorreu a um exemplo simples: “Se eu tivesse 1 milhão de reais no bolso e desse para uma pessoa só, ela ia aplicar no banco. Um só ganharia. Agora, se eu divido esse dinheiro, vocês iam comprar o que necessitam. O dinheiro ia circular”.
Na avaliação de Lula, esse movimento é o motor da recuperação econômica. “Dinheiro circulando vai pro comércio, pra indústria, o que gera emprego, salário. E assim a economia começa a funcionar. Esse é o resultado milagroso desse país: fazer o dinheiro circular na mão das pessoas para que a roda da economia comece a girar e todo mundo viva decentemente.”
O presidente destacou ainda o compromisso do governo com estabilidade e previsibilidade. “Dizíamos que precisávamos de estabilidade fiscal, econômica, jurídica e social. É isso que estamos fazendo, tudo à luz do dia, tudo conversado com o Congresso”, afirmou, elogiando a atuação do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. “O Congresso nunca teve tanta reunião com ministros, sobretudo com o ministro da Fazenda.”
Apesar de um cenário político fragmentado, Lula ressaltou o alto índice de aprovação das pautas econômicas. “Conseguimos aprovar 99% das matérias econômicas, a começar pela reforma tributária, que ninguém acreditava que seria votada em tempos de democracia.” Segundo ele, “tudo que o ministro Fernando Haddad prometeu me entregar está entregue”.
Resultados do governo Lula 3
Entre os resultados apresentados, Lula elencou uma série de indicadores históricos: “Estamos com a menor inflação acumulada em quatro anos na história do Brasil. Melhor massa salarial da história. Menor desemprego da história do país. Menor nível de pobreza do país. Tiramos o Brasil pela segunda vez do Mapa da Fome.” O presidente também citou recordes na produção agrícola, no comércio exterior e no volume de investimentos estrangeiros. “Somos o segundo país em investimentos diretos, só perdemos para os Estados Unidos.”
Para o futuro, Lula afirmou que o país está preparado para um novo patamar de desenvolvimento. “O que falta? Falta discutir o salto de qualidade para termos um país rico e desenvolvido. Depende de nós.” Ele também destacou mudanças estruturais no sistema tributário. “Quem governar esse país pegará outro Brasil. O Brasil terá uma política tributária mais equilibrada, não será apenas a classe média pagando imposto de renda.”
No encerramento, Lula misturou política, futebol e diplomacia. “Só não estou mais feliz porque o Flamengo perdeu ontem”, brincou. Em tom sério, celebrou o protagonismo internacional do país. “O Brasil hoje é respeitado em todos os fóruns mundiais. Participei de reuniões em todos os continentes. O Brasil é levado em conta em todas as discussões.”
Ao relembrar crises passadas, o presidente reforçou sua confiança na resiliência do país. “Quando disseram que o mundo ia acabar com a taxação, eu lembrei de 2008. Disseram que era o fim do mundo. Eu disse que seria uma marolinha. Foi o que aconteceu.” Para Lula, o balanço é claro: “Tivemos a proeza, em todas as áreas, de fazer com que o Brasil tivesse participação exitosa”.
