Boulos toma posse como ministro e critica escala 6×1

Ao tomar posse na Secretaria-Geral da Presidência, Boulos defende diálogo com trabalhadores de aplicativos, critica privilégios e cobra o fim da escala 6x1
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“A missão é colocar o governo na rua", frisou o novo ministro. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deu posse, nesta quarta-feira (29), ao deputado federal licenciado Guilherme Boulos (PSOL-SP) como novo ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República. Em cerimônia no Palácio do Planalto, em Brasília, o novo ministro defendeu a aproximação do governo com a população, criticou privilégios e cobrou mudanças nas relações de trabalho e na tributação sobre grandes fortunas e plataformas de apostas. Leia em TVT News.

“É preciso dialogar com todos, não só com quem concorda com a gente. Dialogar com os entregadores de aplicativo que estão aqui representados, com os motoristas de Uber, junto e liderado pelo meu companheiro Luiz Marinho, ministro do Trabalho”, afirmou Boulos. Ele destacou que uma das missões da Secretaria-Geral será abrir espaços de escuta e diálogo com diferentes segmentos da sociedade, sobretudo os trabalhadores mais precarizados.

O ministro também enfatizou a importância de defender a democracia e reagir aos ataques de setores extremistas. “Que eles saibam, a cada ataque vai ter uma resposta, a cada mentira, vai ter um desmentido. Nosso papel vai ser também expor a hipocrisia desses que dizem ser contra o sistema e defender o povo”, declarou.

Com tom firme, o novo ministro afirmou que não haverá tolerância com quem atenta contra o regime democrático. “Não tem diálogo com quem ataca a democracia e trai o Brasil. Com esses não tem diálogo”, disse. E completou, dirigindo críticas à postura de setores conservadores: “Se eles são contra o sistema, por que não apoiam nossa proposta de taxar milionário e bet? Por que não apoiam o fim da escala 6×1? Precisamos trazer isso para berlinda, para o debate público no Brasil.”

Ao lado do presidente Lula, Boulos destacou que a Secretaria-Geral deve ser uma ponte entre o governo e a sociedade. “A missão é colocar o governo na rua, ouvir as pessoas e conversar olho no olho”, afirmou o novo ministro. Segundo ele, o órgão deve “reaproximar o governo daqueles que mais precisam e garantir que as políticas públicas cheguem a quem está na base da sociedade”.

O ministro também falou sobre o enfrentamento às desigualdades e a necessidade de uma política tributária mais justa. “Precisamos taxar os bilionários e as bets. Não é justo que quem ganha pouco pague tanto imposto, enquanto quem ganha muito continue intocado”, disse ele.

Em outro momento, Boulos abordou o tema da segurança pública e criticou a seletividade no combate ao crime organizado. “A cabeça do crime organizado não está no barraco da favela, está no apartamento de luxo e nas estruturas do poder econômico”, declarou.

A chegada de Boulos à Secretaria-Geral representa também uma tentativa de reanimar a militância progressista e fortalecer a relação do governo com os trabalhadores de aplicativos e os movimentos populares. A leitura é de que Lula busca ampliar o diálogo com setores urbanos e sindicais, reforçando o caráter social e participativo da gestão.

Ao encerrar seu discurso, Boulos reafirmou o compromisso de “levar o governo para a rua” e fazer da Secretaria-Geral um canal permanente de escuta e mobilização. “Vamos reconstruir a ponte entre o Palácio e as ruas, entre o governo e o povo. A democracia se fortalece quando o povo participa”, disse.

Com o novo cargo, Boulos passa a coordenar as ações de participação social e interlocução com movimentos populares — áreas que historicamente deram identidade aos primeiros governos do PT. “Nosso papel é ouvir, dialogar e construir junto com o povo. Essa é a essência do projeto que o presidente Lula representa”, concluiu o ministro.

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