O presidente Luiz Inácio Lula da Silva escolheu nesta terça-feira (21) o embaixador André Corrêa do Lago para presidir a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (COP 30), que será realizada em Belém (PA), em novembro. Ele é o atual secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores.
O nome de Corrêa do Lago foi confirmado após reunião no Palácio do Planalto entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e os ministros Rui Costa (Casa Civil), Marina Silva (Meio Ambiente), Sidônio Palmeira (Secom), Maria Laura da Rocha (substituta do Ministério das Relações Exteriores), além de Miriam Belchior (secretária-executiva da Casa Civil) e Celso Amorim (Assessoria Especial do Presidente da República).
“O diplomata André Corrêa do Lago é o presidente da COP. E aproveito para parabenizá-lo, pela segunda vez aqui, de público, agradecendo pela disposição. E o Ministério do Meio Ambiente, com a secretária Ana Toni, que será a diretora-executiva da COP”, anunciou Marina.
“É uma honra imensa e acredito que o Brasil pode ter papel incrível nessa COP. Agradeço também o resto do governo, porque a COP a gente vai ter que construir todos juntos. Além do governo, com a sociedade civil, o empresariado, todos os atores que são essenciais na primeira formação do que o Brasil quer desta COP. Vamos juntos conseguir fazer uma COP que será lembrada com entusiasmo”, afirmou o diplomata.
Quem é o presidente da COP 30?
André Corrêa do Lago, 65, é bacharel em economia pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele entrou na carreira diplomática em 1982. Exerceu funções nas áreas de organismos internacionais, promoção comercial, cerimonial e energia. Serviu nas embaixadas em Madri, Praga, Washington e Buenos Aires e na Missão junto à União Europeia, em Bruxelas.
O diplomata trabalha com temas de desenvolvimento sustentável desde 2001. Foi diretor do Departamento de Energia (2008-2011) e do Departamento de Meio Ambiente (2011-2013) no Ministério das Relações Exteriores, período em que foi negociador-chefe do Brasil para mudança do clima (2011-2013) e para a Rio+20 (2011-2012).
Foi embaixador no Japão (2013-2018), na Índia (2018-2023) e, cumulativamente, no Butão (2019-2023). Desde março de 2023, é secretário de Clima, Energia e Meio Ambiente do Ministério das Relações Exteriores. Ele publicou livros e artigos sobre desenvolvimento sustentável e mudança do clima e é também crítico de arquitetura. É casado e tem quatro filhos.
O que é a COP 30?
É um encontro global anual onde líderes mundiais, cientistas, organizações não governamentais e representantes da sociedade civil discutem ações para combater as mudanças do clima. É considerado um dos principais eventos do tema no mundo.
Em Belém, são esperadas mais de 60 mil pessoas, incluindo chefes de Estado, diplomatas, empresários, investidores, ativistas e delegações dos 193 países membros. Diante disso, o governo federal está intensificando os preparativos.
O investimento, estimado em R$ 4,7 bilhões, vem de recursos do Orçamento Geral da União, do BNDES e de Itaipu, e será destinado a uma série de obras para atender à demanda crescente por transporte, alojamento e espaços adequados para a realização da Cúpula. A conferência posiciona o Brasil como catalisador das discussões sobre questões ambientais globais e regionais, como a redução de gases de efeito estufa, adaptação às mudanças climáticas e financiamento para países em desenvolvimento.
Qual a importância da COP 30 para o Brasil?
Ela representa uma oportunidade histórica para o Brasil reafirmar seu papel de liderança nas negociações sobre mudanças climáticas e sustentabilidade global. O evento permitirá ao país demonstrar seus esforços em áreas como energias renováveis, biocombustíveis e agricultura de baixo carbono, além de reforçar sua atuação histórica em processos multilaterais, como na Eco-92 e na Rio+20.
Quais são os principais temas discutidos na COP 30?
Os principais temas incluem: 1. Redução de emissões de gases de efeito estufa. 2. Adaptação às mudanças climáticas. 3. Financiamento climático para países em desenvolvimento. 4. Tecnologias de energia renovável e soluções de baixo carbono. 5. Preservação de florestas e biodiversidade. 6. Justiça climática e os impactos sociais das mudanças climáticas.
Principais desafios e efeito Trump
Os principais desafios da COP 30 incluem alinhar compromissos de países desenvolvidos e em desenvolvimento em relação ao financiamento climático, garantir que as metas de redução de emissões sejam compatíveis com a ciência climática e lidar com os impactos socioeconômicos das mudanças climáticas em populações vulneráveis.
As dificuldades serão redobradas, no entanto, em função da abordagem negacionista do governo de Donald Trump, nos Estados Unidos. Como primeiras medidas do seu segundo mandato, ele anunciou a retirada do seu país do Acordo de Paris, principal instrumento articulado para conter o aquecimento global.
Além disso, também decreto de emergência energética, como o objetivo da medida é aumentar a produção de petróleo e gás para combater, liberando inclusive novas perfurações no Alasca e no Oceano Ártico. A justificativa da atual gestão é reduzir os preços dos combustíveis, de modo a conter a inflação. No entanto, vai na contramão dos esforços globais para mitigar as mudanças climáticas.