Lula demite Celso Sabino do Turismo após crise com União Brasil

Ministro disse que sai de cabeça erguida, mas se sentido injustiçado pelo partido
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“Sigo ao lado do melhor presidente que o Brasil já teve, que é o presidente Lula”, frisou. Foto: Fabio Rodrigues-Pozzebom/ Agência Brasil

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou nesta quarta-feira (17), durante reunião ministerial, a demissão de Celso Sabino do cargo de ministro do Turismo. A decisão encerra um período de forte desgaste político entre o agora ex-ministro e a direção nacional do União Brasil, partido que decidiu expulsá-lo de seus quadros e, na sequência, reivindicou a devolução do comando da pasta. Para ocupar o posto, é ventilado o nome de Gustavo Feliciano, filho do deputado federal Damião Feliciano (União-PB). Leia em TVT News.

A saída de Sabino foi construída ao longo de meses de atritos com a cúpula do União Brasil. Embora indicado originalmente pela legenda como parte da estratégia de ampliação da base de apoio ao governo Lula, o ministro passou a ser alvo de críticas internas por manter postura pública de alinhamento ao Planalto e ao presidente da República. Dirigentes partidários acusaram Sabino de infidelidade, alegando que ele se afastou das posições oficiais da sigla no Congresso Nacional.

O conflito se intensificou em 2025, quando o União Brasil adotou uma atuação cada vez mais ambígua em relação ao governo federal, combinando presença na Esplanada dos Ministérios com votações e discursos de oposição. Nesse contexto, a permanência de Sabino no Turismo tornou-se um ponto sensível. A expulsão formal do ministro do partido representou o ápice da crise e criou um impasse institucional, já que ele continuava no cargo sem respaldo da legenda que o indicou.

Ao anunciar a demissão, Lula buscou tratar o episódio como uma decisão de caráter político-institucional, preservando a governabilidade e evitando o aprofundamento do conflito com o União Brasil, que possui uma das maiores bancadas da Câmara dos Deputados. Interlocutores do governo destacam que a mudança no Turismo se insere no processo permanente de recomposição da base aliada, em um Congresso marcado por fragmentação e disputas internas.

Celso Sabino, por sua vez, afirmou que deixa o ministério sem arrependimentos e reiterou seu apoio ao presidente Lula. “Saio com o sentimento de que fui injustiçado, mas saio com a cabeça erguida”, afirmou. “Sigo ao lado do melhor presidente que o Brasil já teve, que é o presidente Lula.” A declaração reforça a leitura, dentro do governo, de que sua saída não se deu por problemas de gestão, mas por pressões partidárias.

Durante sua passagem pelo Ministério do Turismo, Sabino procurou adotar uma agenda voltada à retomada do setor, com foco no turismo interno, na geração de empregos e na valorização de destinos regionais. Avaliações internas do Planalto apontam que a pasta manteve estabilidade administrativa e diálogo com estados e municípios, especialmente após o desmonte de políticas públicas ocorrido no governo anterior.

A indicação de Gustavo Feliciano ainda será formalizada nos próximos dias, após análise do presidente. Lula tem sinalizado a aliados que seguirá priorizando a defesa da democracia, a reconstrução do Estado e a agenda social como eixos centrais do governo, mesmo diante das pressões do chamado Centrão.

O episódio expõe as contradições de partidos que ocupam cargos estratégicos no Executivo enquanto mantêm uma atuação instável no Legislativo. Para o Planalto, a troca no Turismo reforça a necessidade de fortalecer alianças comprometidas com o projeto democrático e com o desenvolvimento do país, pilares do terceiro mandato de Lula.

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