Lula diz não ter medo “de cara feia” e cobra respeito de Trump

"Fale manso comigo", disse Lula em resposta às bravatas e ameaças de norte-americano
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"Nós queremos o Brasil para vocês", disse Lula a trabalhadores da Stellantis. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva cobrou respeito do seu homólogo dos Estados Unidos, Donald Trump. Durante discurso em evento de inauguração do Centro de Desenvolvimento de Tecnologia Híbrida Flex e anúncio de contratações da Stellantis, nesta terça-feira (11), em Minas Gerais, o brasileiro afirmou “não ter medo de cara feia”.

“Nós fizemos a maior política tributária que esse país já viu na história e todo mundo vai ganhar, porque nós não queremos o Brasil para nós, nós queremos o Brasil para vocês. E é por isso que eu digo sempre: não adianta o Trump ficar gritando de lá porque eu aprendi a não ter medo de cara feia”, afirmou Lula.

“Fale manso comigo, fale com respeito comigo que eu aprendi a respeitar as pessoas e quero ser respeitado. É assim que a gente vai governar esse país”, acrescentou o presidente, em recado ao norte-americano.

As declarações acontecem em meio às ameaças de Trump de incluir o Brasil na guerra comercial que vem promovendo contra diversos países, como Canadá, México e China. Em fevereiro, Trump anunciou taxa de 25% sobre importações de aço e alumínio, que entrou em vigor em 4 de março, afetando grandes empresas brasileiras do setor siderúrgico.

Nesta semana, sob liderança do vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), Geraldo Alckmin, o governo brasileiro iniciou negociações para minimizar os impactos das medidas tarifárias e propôs a criação de um grupo de trabalho bilateral com os norte-americanos.

“O comércio exterior tem que ser um ganha-ganha. Se eu sou mais competitivo em uma área, vendo para você. Se você é mais competitivo, vende para mim”, disse Alckmin em entrevista ao Jornal da CBN. “No caso do Brasil, há superávit comercial (em favor dos Estados Unidos) na balança de bens e de serviços. Então, o Brasil não é problema”, acrescentou.

Segundo interlocutores do Itamaraty e do a resposta por parte dos EUA é aguardada com “cautela e sem muito otimismo”.

Cenário estável para investimentos

Durante a inauguração do Centro Stellantis, que conta com financiamento de R$ 274 milhões do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Lula reforçou que é dever do governo garantir estabilidade política e jurídica e dar previsibilidade para a atração de investimentos.

“As pessoas têm que saber o que vai acontecer. É como vocês, se quiserem abrir uma conta num banco, vocês querem ter previsibilidade se esse dinheiro de vocês vai render alguma coisa. Se vocês tiverem informação que vai dar prejuízo, vocês não vão colocar o dinheiro nesse banco, vocês vão procurar outro. Então, é essa coisa que um governo tem que garantir”, disse Lula, em visita ao polo automotivo da Stellantis.

O centro será responsável pelo desenvolvimento de motores a combustão de alta eficiência e por tecnologias de eletrificação de baixa e alta voltagem, para uso em carros elétricos e com motores híbridos. Os investimentos da empresa chegam a R$ 32 bilhões até 2030.

Novo centro da Stellantis conta com R$ 274 milhões financiamento do BNDES. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente da Stellantis para a América do Sul, Emanuele Cappellano, endossou que a decisão das empresas de investir depende do ambiente de negócios. “Hoje, encontramos no Brasil um ambiente propício”, disse, citando os marcos regulatórios aprovados no atual governo.

“A indústria automotiva brasileira está crescendo sob inspiração do Mover (Programa Nacional de Mobilidade Verde e Inovação), um dos mais abrangentes e completos programa de desenvolvimento setorial do mundo que trouxe previsibilidade e clareza nas decisões de investimentos”, acrescentou Cappellano, destacando o alinhamento da empresa com a nova estrutura de tributação, privilegiando os veículos de baixo carbono.

O Programa Mover visa a descarbonização da frota automotiva do país, por meio de incentivos fiscais e marcos regulatórios para eficiência energética, segurança veicular e metas de redução de emissões de gases de efeito estufa.

O grupo Stellantis controla marcas como Fiat, Jeep, Citroën e Peugeot.

Com informações da Agência Brasil

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