Em meio a tensão política provocada após o tarifaço ao Brasil anunciado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, na semana passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva adotou um tom um tanto inusitado em uma de suas respostas ao presidente estadunidense. Em um vídeo divulgado no domingo (13), o presidente brasileiro disse, em tom de brincadeira, que levaria jabuticabas a Trump, sugerindo que a fruta “melhora o humor e elimina a necessidade de briga tarifária”. A atitude simbólica de Lula enfatiza a importância da “união e muita relação diplomática” para resolver o impasse sem confrontos diretos. Entenda na TVT News.
Já na frente prática, o vice-presidente Geraldo Alckmin revelou que o governo não descarta uma resposta mais dura. Alckmin anunciou que o Brasil planeja editar um decreto até 15 de julho para regulamentar a lei da reciprocidade, que permitiria ao país retaliar a tarifa americana. Apesar da preparação, o vice-presidente classificou a medida americana como “inadequada e não se justifica”, reafirmando que o foco principal do governo é reverter a decisão.
Tarifas de Trump ao Brasil
A medida, anunciada em uma carta de Trump endereçada a Lula, prevê tarifas de 50% sobre todas as exportações brasileiras a partir de 1º de agosto. Essa ação de Trump demonstra ser uma resposta ao que ele chama de “perseguição política” contra o ex-presidente Jair Bolsonaro, que é réu pela tentativa de golpe no fim de 2022.
O governo brasileiro, por sua vez, teve uma reação imediata e contundente. O presidente Lula condenou a ação, classificando-a como “coerção, intimidação e interferência” na soberania nacional. Em breve, o Brasil deve acionar a Lei de Reciprocidade Econômica, que permite a suspensão de acordos comerciais e até mesmo a limitação de obrigações de propriedade intelectual com os EUA, caso as negociações falhem.
As justificativas de Trump para a medida incluem alegações de que o julgamento de Bolsonaro pelo Supremo Tribunal Federal (STF) seria uma “caça às bruxas” e uma “vergonha internacional”. Ele também acusou o Brasil de “ataques insidiosos” contra eleições livres e de censura a plataformas de mídia social americanas.
Em outra carta, Lula refutou as acusações, apresentando dados da própria Casa Branca que mostram um superávit comercial dos EUA com o Brasil nos últimos 15 anos. O vice-presidente Geraldo Alckmin reforçou que o Brasil não representa uma ameaça comercial para os americanos.
Já o presidente do STF, Luís Roberto Barroso, publicou uma carta em defesa do Judiciário, afirmando que as decisões são baseadas em provas e que não há perseguição política. No Congresso Nacional, foi protocolada uma moção de repúdio, classificando a medida de Trump como uma “afronta direta à soberania brasileira”.
Especialistas sugerem que a estratégia de Trump pode se mostrar um “tiro no pé”, pois tem o potencial de unir grupos políticos opostos no Brasil em defesa da soberania nacional, além de acelerar o processo de diversificação de parcerias econômicas do país, com foco em mercados como o asiático e no fortalecimento do BRICS.