Mais patriota do que Bolsonaro, Lula lança campanha em resposta a Trump

O novo mote "Feito no Brasil" reafirma a soberania do país e rechaça a tutela dos Estados Unidos
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Enquanto um planejava um golpe de Estado, Lula segurava a bandeira do Brasil junto a população em 2022. Foto: Ricardo Stuckert/Reprodução

Com o lema “Feito no Brasil”, o governo Lula lançou uma nova campanha digital em defesa da soberania nacional e contra o arbítrio da tarifa de 50% a produtos nacionais imposta pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. As peças publicitárias estão sendo divulgadas nas redes sociais e exaltam programas sociais do governo federal, personalidades brasileiras, como Santos Dumont, e símbolos da cultura, como o vira-lata caramelo. Saiba mais em TVT News.

“Made in Brazil” não, “Feito no Brasil”

Em resposta ao ataque às instituições brasileiras cometido pelo presidente dos EUA, a campanha recusa o termo em inglês “made in” em prol do “feito em” como forma de reafirmar a soberania nacional e rechaçar as intromissões dos Estados Unidos no governo brasileiro. Desde que Trump anunciou a tarifa, Lula tem dito que o Brasil não aceita tutela de quem quer que seja.

As imagens seguem a linguagem das redes sociais e tem a estética de memes que se tornam virais. Neste caso, aliam o cômico a um sentimento de orgulho pelo que é brasileiro. A campanha destaca: Zé Gotinha e o programa Farmácia Popular, como representantes do sistema de saúde gratuito; Fernanda Torres e Ancine, em nome da valorização do audiovisual; capivaras, que se tornaram um fenômeno pop, para falar do ICMBio e do Ibama; e enfim, a urna eletrônica, “rápida, segura e brasileira”.

A ofensiva de comunicação contra o tarifaço de Trump começou com o lema “Brasil soberano” em um vídeo de 30 segundos com imagens de brasileiros, da bandeira nacional, de futebol e belezas naturais. A campanha defende que “um país soberano protege seu povo e sua democracia” e que “não baixa a cabeça para outros países”.

O vídeo foi divulgado nas redes sociais e também brinca com termos em inglês como forma de provocação aos EUA e a Trump, ainda que nenhum seja citado nominalmente: “É, my friend. Aqui quem manda é a gente”. O recado não abre espaço para dúvidas: “O Brasil é dos brasileiros e se escreve com S, de Soberania. Nunca seremos Brazil.”, diz a legenda.

A campanha também faz referência à família Bolsonaro e aos bolsonaristas, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), quando diz “ser contra a nossa soberania é ser contra o Brasil”. O clã articula a taxação como forma de pressionar o Judiciário brasileiro a suspender o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro, réu por tentativa de golpe, e influenciar as decisões do país sobre redes sociais dos EUA.

“O Brasil é um país soberano. E um país soberano é um país independente, que respeita suas leis. Um país soberano protege seu povo e sua democracia. Um país soberano não baixa a cabeça para outros países. Ser contra a nossa soberania é ser contra o Brasil. Não mexe com meu Brasil. É, my friend. Aqui quem manda é a gente. O Brasil é soberano. O Brasil é dos brasileiros”, diz a narração.

Taxa de Trump

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, anunciou em 9 de julho que irá aplicar uma tarifa de 50% sobre os produtos importados do Brasil. A nova alíquota entra em vigor a partir do dia 1º de agosto. Trump atribuiu a cobrança em parte à postura do Supremo Tribunal Federal (STF) contra Jair Bolsonaro, réu no julgamento da tentativa de golpe.

Segundo a carta de Trump, a tarifa de 50% será aplicada sobre “todas e quaisquer exportações brasileiras enviadas para os EUA, separada de todas as tarifas setoriais existentes”. Produtos como o aço e o alumínio já sofriam tarifas de 50%, o que impacta diretamente a indústria brasileira.

A justificativa para a taxa apresentada por Trump na carta, de prejuízo comercial, não se sustenta, já que os Estados Unidos tem uma relação superavitária com o Brasil desde 2009, de acordo com o Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (Mdic). Há um caráter ideológico na sanção econômica.

Leia mais sobre o tarifaço de Trump na TVT News

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