Lula: “Nunca houve algo que chegasse perto do que estamos fazendo em inclusão social”

Em entrevista à rádio Piatã, da Bahia, presidente destaca avanços sociais e econômicos conquistados nos últimos anos, detalha investimentos que serão anunciados na Bahia nesta quinta e mostra confiança de que Brasil e EUA terão um acordo sobre tarifas
lula-nunca-houve-algo-que-chegasse-perto-do-que-estamos-fazendo-em-inclusao-social-cuidar-das-pessoas-significa-voce-acompanhar-se-estao-sendo-bem-tratadas-se-estao-sendo-respeitadas-disse-foto-ricardo-stuckert-pr-tvt-news
"Cuidar das pessoas significa você acompanhar se estão sendo bem tratadas, se estão sendo respeitadas", disse. Foto: Ricardo Stuckert/PR

Com um olhar nas conquistas obtidas no campo social e econômico desde 2023 e outro no destino do país nos próximos anos, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista à Rádio Piatã, da Bahia, nesta quinta-feira (9). Na conversa com a jornalista Juliana Nobre, ele detalhou a agenda que cumpre no estado, conectada aos setores automobilístico e de infraestrutura, comentou os avanços nas negociações para rever as taxações dos Estados Unidos às exportações nacionais e reforçou a prioridade em reduzir desigualdades, criar oportunidades e preservar políticas sociais. Leia em TVT News.

“Cuidar das pessoas significa você acompanhar se as pessoas estão sendo bem tratadas, se estão sendo respeitadas, se estão sendo ouvidas com o carinho e respeito que merecem. É assim que as coisas estão acontecendo no Brasil. E é assim que penso fazer com que as coisas aconteçam definitivamente, sem destruição de nada que está sendo feito de bom”, ressaltou Lula.

Na agenda na Bahia, o presidente acompanha a inauguração da fábrica de veículos da BYD Brasil, que tem investimento de R$ 5,5 bilhões por parte da montadora chinesa. A nova planta em Camaçari consolida o maior complexo industrial da empresa fora da Ásia. Tem capacidade inicial para produzir 150 mil veículos por ano e 300 mil em uma segunda etapa, com previsão de gerar 1,8 mil empregos até o fim deste mês. À tarde, o presidente participa, em Maragogipe, do evento que marca a retomada de investimentos da Petrobras na Bahia, com investimentos de R$ 2,6 bilhões em embarcações e retomada da produção de fertilizantes.

Acompanhe alguns dos principais pontos da entrevista à rádio Piatã:

INDÚSTRIA AUTOMOBILÍSTICA NA BAHIA – Foi com tristeza que vi a Ford sair da Bahia, porque sei que era uma empresa que tinha praticamente 3 mil engenheiros, era uma fábrica importante. E aí, quando os chineses se dispuseram, depois de convite feito Rui Costa (atual ministro da Casa Civil, ex-governador da Bahia) eu fiquei feliz porque a Bahia é um estado grande, que precisa se desenvolver. E a indústria automobilística é um setor industrial gerador de emprego, com salário razoavelmente melhor do que outras categorias. Eu vou participar da inauguração hoje com carinho, orgulho, na expectativa de que essa empresa possa chegar em 2029 a ter quase 6 mil trabalhadores. É um investimento forte. Uma coisa extremamente importante.

PETROBRAS – Vou também anunciar a retomada da indústria naval. São 2 bilhões e 600 milhões de investimentos da Petrobras na retomada da construção de navios e mais um outro estaleiro que vai construir barcas na Bahia para transportar minérios. É o emprego que está voltando, o salário que está voltando, a perspectiva de melhoria da qualidade de vida. Vai recuperar também a Fafen na Bahia e em Sergipe (fábrica de fertilizantes), porque são duas empresas importantes que produzem uma parte da ureia que precisamos na agricultura. Essas fábricas que estavam paradas há muito tempo vão voltar a funcionar. São as coisas voltando à normalidade no Brasil.

QUALIFICAÇÃO DE MÃO DE OBRA – Estamos fazendo oito novos campus do Instituto Federal. Já temos 39, vamos fazer mais oito na Bahia. E obviamente que esses institutos vão ter que ter mão de obra qualificada, preparada para a indústria nascente, para a Nova Indústria Brasil. É preciso qualificar a mão de obra. Vamos precisar criar mais institutos para que a gente garanta que a mão de obra seja baiana, porque esse é o sucesso do investimento: é você garantir que uma empresa se instale no estado, mas que a mão de obra seja profissionalizada a partir de homens e mulheres do estado.

INCLUSÃO SOCIAL – Eu governo para 215 milhões de brasileiros, mas na minha cabeça e no meu coração, quem está sendo visto de forma privilegiada são aqueles mais necessitados. Então, o que estamos fazendo? Uma política de inclusão social. Programas como o Farmácia Popular, o SAMU, o Bolsa Família, o Pé de Meia, o Gás para Todos. E a perspectiva é a evolução. Desde que voltei, o salário mínimo aumenta acima da inflação. Se a inflação é 5% e o PIB é 3%, o PIB é o crescimento da economia. O crescimento da economia é o resultado da produção dos brasileiros. Então é justo que a gente, além da inflação, coloque no salário do trabalhador esse aumento para a gente ir qualificando a possibilidade de as pessoas mais pobres melhorarem de vida. Isso chama-se distribuição de renda, inclusão social. Nunca houve no Brasil algo que chegasse perto daquilo que a gente está fazendo em inclusão social. E é exatamente essa inclusão social que faz com que as pessoas mais pobres subam um degrau na escala social.

CUIDADO E RESPEITO – Cuidar das pessoas significa você acompanhar se estão sendo bem tratadas, se estão sendo respeitadas, se estão sendo ouvidas com carinho e respeito. É assim que as coisas estão acontecendo no Brasil, é assim que penso fazer com que as coisas aconteçam definitivamente, sem destruição de nada que está sendo feito de bom. É preciso a gente ter certeza de que o povo brasileiro não quer ser pobre. Ninguém quer comer mal, morar mal, viver mal. Todo mundo quer viver bem, estudar bem, comer bem, passear. Esse é o mundo que precisamos garantir ao povo brasileiro. E é por isso que estamos fazendo programas de inclusão que jamais foram feitos na história desse país.

PRÓXIMOS 5 ANOS – Estou convencido que temos que apresentar para os próximos cinco anos um projeto que vá além das políticas de inclusão social. Um projeto que leve em conta a necessidade da revolução digital, da inteligência artificial, que o Brasil precisa participar ativamente. Temos que formar engenheiros, mandar gente para o exterior para estudar, para que o Brasil tenha mão de obra competitiva do ponto de vista internacional. O que importa é a gente exportar conhecimento e inteligência.

MEDIDA PROVISÓRIA (MP) 1303/2025 – Ontem (8/10) o Congresso Nacional poderia ter aprovado a medida para que os ricos pagassem um pouco mais de impostos. De 18%, foi negociado para as fintechs e as big techs pagarem apenas 12%, e ainda assim eles não quiseram e recusaram. O povo trabalhador paga 27,5% de Imposto de Renda do seu salário e os ricos não querem 12%, não querem 18%. Eles acham que derrotaram o governo. Não derrotaram o governo, derrotaram o povo brasileiro. Derrotaram a possibilidade de melhorar a qualidade de vida do povo brasileiro, tirando mais dinheiro dos ricos e distribuindo aos pobres. Foi isso que aconteceu no Congresso Nacional. Vou reunir o governo para discutir como a gente vai propor que o sistema financeiro, sobretudo as fintechs, paguem o imposto devido a esse país.

RELAÇÃO COM OS EUA – Nós não temos contencioso com nenhum país do mundo e não queremos ter. Temos com os Estados Unidos uma aliança de 201 anos, uma coisa muito forte. Confesso que fiquei surpreso com o resultado da conversa (por telefone com Donald Trump, presidente dos Estados Unidos, na segunda-feira), porque era uma coisa que parecia que não iria acontecer, parecia impossível. Ele me ligou da forma mais gentil que um ser humano pode ligar. Eu tratando de forma civilizada e ele me tratando de forma civilizada. Eu disse pra ele: “Ô presidente, vamos nos tratar sem liturgia. Você me chama de você, eu chamo você de você”. Queremos uma relação boa, civilizada, democrática, respeitosa, sem abrir mão do nosso conceito de democracia e da nossa soberania. O Brasil não quer briga com os Estados Unidos. Não quer briga com o Uruguai, não quer briga com a Bolívia, o Brasil quer paz e amor. Quer crescer. Quer se desenvolver.

Via Planalto

Assuntos Relacionados