Lula ouve cientistas sobre mudanças climáticas e prepara ações

Entre as recomendações dos cientistas para combater as mudanças climáticas, a redução da dependência econômica do país com o agronegócio
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Nos últimos anos, o Brasil virou um "laboratório" do aquecimento global. Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) passou o dia de ontem (17) em contato com ministros e cientistas para organizar o enfrentamento à crise climática. Pela manhã, o físico e membro do Painel Intergovernamental Sobre Mudanças Climáticas (IPCC) Paulo Artaxo falou sobre a gravidade do aquecimento global. Ele cobrou ações urgentes de enfrentamento às mudanças climáticas. Nos últimos anos, o Brasil virou um “laboratório” do tema, concentrando uma série de tragédias como queimadas descontroladas e inundações históricas.

Hoje, a agenda continua. Lula prepara uma apresenação sobre as conversas de ontem para outros representantes dos Poderes. Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF); Rodrigo Pacheco, do Senado Federal; e Arthur Lira, da Câmara dos Deputados.

Então, durante a reunião, os cientistas consolidaram uma série de recomendações. Entre elas, a redução da dependência econômica do país com o agronegócio e a eliminação de desmatamentos na Amazônia e outros biomas até 2030. De certa forma, as duas pautas estão relacionadas, uma vez que parte do agronegócio articula o avanço sobre estes biomas para a produção massiva de insumos como a soja que sequer alimentam o país. Servem para engordar o bolso de poucos produtores latifundiários que, ou exportam, ou utilizam para alimentar gado. Setores do agro também estão diretamente relacionados com incêndios criminosos.

Atenção à ciência

“Convém prestar atenção no que a comunidade científica vem dizendo. Até agora, quando o assunto é crise climática, a maioria absoluta das previsões tem se revelado certeiras”, explica o jornalista e ambientalista André Trigueiro. Trigueiro também destaca outras recomendações que tratam de matrizes energéticas. São elas: acabar com a exploração de petróleo e acelerar a transição energética com investimentos em energias renováveis. “Essas me pareceram as mais relevantes. Especialmente as que recomendam a redução da dependência do país ao agronegócio (por conta dos cenários de agravamento da seca, especialmente no Centro-Oeste) e os desinvestimentos em petróleo”, completou.

Lula contra as mudanças climáticas

Nas reuniões de ontem, Lula recebeu o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin, e os ministros Marina Silva (Meio Ambiente), Ricardo Lewandowski (Justiça e Segurança Pública) e Jorge Messias (Advocacia-Geral da União), além de representantes do Ibama e ICMBio e o secretário executivo da Saúde, Swedenberger Barbosa,  Paulo Pimenta (Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República), Márcio Macêdo (Secretaria-Geral) e Rui Costa (Casa Civil).

“Já o encontro de hoje é para estimular um diálogo a partir desse diagnóstico e para que possam pensar de forma conjunta um compartilhamento de responsabilidades, à medida que existem ações que vão além da responsabilidade do Governo Federal”, detalhou o ministro da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República, Paulo Pimenta. “A ideia é tratar esse tema não como um tema do governo, mas como um tema do Estado brasileiro, com participação de todos os chefes de poderes”, completou.

De acordo com Pimenta, o governo divulgará uma série de medidas que serão adotadas nos próximos dias. Também está no horizonte uma convocação a todos os governadores das unidades da Federação para discutir o tema. “A depender da disponibilidade dos governadores, a reunião ocorrerá ainda no decorrer desta semana”, disse Pimenta.

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