Com emoção, memórias pessoais e apelo por dignidade para os mais pobres, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) lançou hoje (30) o programa Agora Tem Especialistas, também chamado de Mais Especialistas. A medida visa ampliar o acesso da população a médicos especialistas no Sistema Único de Saúde (SUS), especialmente em áreas com longa espera por atendimento e maior vulnerabilidade social. Entenda na TVT News.
Durante o lançamento, Lula chorou, sorriu e emocionou os presentes ao relembrar fatos de sua vida.
Lula e o dedo mindinho
Entre eles, o acidente que o levou a perder um dedo quando ainda era metalúrgico. “Cheguei no hospital todo cheio de graxa 6h da manhã. O médico anestesiou, arrancou o dedinho e pronto. E faz falta o dedo”, disse. O episódio foi utilizado como símbolo de como o sistema de saúde, na época precário para trabalhadores, marcava a vida das pessoas com consequências irreparáveis.
“No começo tinha vergonha. Não usava aliança para as pessoas não verem que eu não tinha dedo. Eu já contei, tinha muita dificuldade de lavar o rosto. Você enchia mão de água, chegava no rosto estava vazio. Levei algum tempo para aprender a lavar o rosto”, disse, tirando gargalhadas dos presentes.

“Vou morrer mas queria te abraçar”
Em seguida, o presidente destacou que brasileiros que sofrem na fila por atendimento motivaram a criação do novo programa. “Estava em Itajaí e uma mulher me disse: ‘vou morrer, mas queria te abraçar antes’. Eu não tive coragem de perguntar qual era a doença. Fico pensando: será que ela teve o tratamento certo, na hora certa?”, questionou Lula, chorando bastante.
Então, Lula lembrou de quando teve câncer na garganta. Ele seguiu emocionado, se perguntando o porquê de todos não terem acesso ao mesmo tratamento que ele teve. “Jamais imaginei ter câncer. Um dia antes de um aniversário meu estava com febre. Ia saindo do hospital a Marisa perguntou por que eu não examinava mais. Fiquei nervoso por que a máquina era chata. Mas deitei naquela máquina. Quando sai tinham pessoas chorando. Tinha descoberto câncer na minha garganta. Dois dias depois estava fazendo tratamento. Fico imaginando por que todas pessoas não têm direito a isso.”
Lula e a benzedeira
O programa de especialistas será implementado por medida provisória e deverá passar pelo crivo do Congresso Nacional. Segundo o governo, ele contará com reforço no orçamento da saúde, ampliação das equipes regionais e articulação com estados e municípios.
Novamente lembrando de sua história, Lula destacou a importância de levar os especialistas para as pessoas. “Minha mãe me levava para cuidar de dor de dente no benzimento. Colocava água, alho, algodão com pinga. Era pra ficar bêbado não para cuidar do dente. Mas eu por muito tempo acreditei. Ainda acredito às vezes. Mas hoje temos que fazer o que estamos fazendo. É uma coisa muito séria. Muita gente ainda morre. O Padilha sabe minha obsessão por programa de especialistas”, disse.
“Nos comícios que vou ainda vejo muita gente sem dente também. Precisamos fazer o dentista ir até as pessoas. As pessoas sem dentes não estão na capital ou na melhor praia. Estão nas periferias. precisamos ir até elas. O que estamos fazendo hoje, o que os ministros construíram, é uma coisa enorme. Não vamos ter dimensão nos primeiros dias. Estamos assinando uma MP hoje e começa a valer do momento que assina. Deputados e senadores ainda vão discutir. Mas vamos organizando. Vai levando um tempo até as coisas se implementarem”, completou.
Lula reconheceu que os impactos do programa não serão imediatos, mas pediu agilidade e responsabilidade. “Estamos assinando uma MP hoje. Começa a valer do momento que assina. Vai levar um tempo, mas temos que organizar. É como o Corinthians. Começa devagar, depois ganha. Hoje não está sendo assim, mas vai acontecer”.
Evitar mortes
Por fim, Lula lembrou do genocídio da população da Palestina cometido por Israel, que mata crianças e mulheres sem qualquer tipo de consequência. “Já sofremos com o que acontece com a matança de mulheres e crianças na Palestina. Uma matança sem compreensão. Aqui podemos evitar mortes. Já que temos o SUS que é o melhor sistema de saúde público. Já que temos vontade de fazer, não vamos deixar esse programa falhar”, disse.
“Esse programa é um sonho da minha vida. Vamos utilizar todos os meios que tivermos. Se pudermos garantir o retardamento da morte, temos a obrigação de fazer. Peço a Deus que consigamos fazer com que esse programa funcione o mais rápido o possível. O povo tem pressa, a periferia tem pressa. Pelo amor de Deus, vamos fazer com que o pobre se sinta gente”, finalizou.
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