Após a destruição do programa Mais Médicos durante o governo do ex-presidente inelegível Jair Bolsonaro (PL), o panorama atual já é bem diferente. Apenas no primeiro ano de governo, a gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva retomou com fôlego a política pública. Hoje, o Mais Médicos está em seu momento com mais profissionais atuando pelo país desde a criação, em 2013.
Também vale destacar que o Ministério da Saúde adotou uma política de valorização dos profissionais do programa. Hoje, são 25 mil médicos por todos os estados do país. Em junho, após anunciar aumento de 8,4% nos salários, a ministra Nísia Trindade adiantou que o país deve fechar o ano de 2024 com 28 mil profissionais.
De acordo com a pasta, 60% dos médicos atuam nos municípios mais pobres do Brasil, sendo 33,8% em locais de alta vulnerabilidade e difícil acesso. Também vale destacar a presença de mais de 550 médicos em tribos indígenas isoladas. De acordo com estudo conduzido pela Universidade de Brasília (UnB), que entrevistou 613 indígenas, 47% deles relataram não ter feito qualquer atendimento médico antes do programa. A satisfação entre eles é de 93,1%.
O programa ainda tem outros dados relevantes. A maioria dos profissionais são formados no Brasil, 62%, e 38% são intercambistas de diferentes países. E as mulheres são maioria. Elas representam 53,5% das médicas ativas, são 13.718 brasileiras com idades entre 25 e 44 anos.
“Extinção” do Mais Médicos
O programa Mais Médicos foi praticamente extinto pelo ex-presidente radical de extrema direita Jair Bolsonaro. O programa que leva profissionais qualificados para os rincões do Brasil era alvo constante de ataques do político. Particularmente porque, no início, parte dos médicos vinham de Cuba, um país que vive em sistema socialista.
A ilha caribenha mantém 50 mil médicos espalhados por 67 países. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, o país não hesitou em enviar força médica para a Itália, que vivia um colapso sanitário. Então, a solidariedade cubana através da exportação de seus maiores ativos, os médicos, é parte da história e da tradição.
Após a expulsão dos médicos cubanos do Brasil, a reportagem da TVT News conversou com profissionais que deixaram o país às pressas, em 2018, diante dos ataques do presidente recém eleito. “Deixamos uma população carente de médicos que precisam de alguém para posar as mãos nos ombros das pessoas, conhecer suas dificuldades, necessidades. Não apenas as doenças”, relatou à reportagem a médica Marílyn Galloso. “Vou embora chorando e outros choram comigo. Saio com a satisfação de ter dado o melhor de mim”, completou.
A retomada do programa Mais Médicos
Então, ao extinguir o programa em 2018, Bolsonaro anunciou um outro programa similar; o Médicos pelo Brasil. Contudo, não passou de fachada. Apenas após três anos de governo vieram as primeiras contratações. E foram tímidas; apenas 529 profissionais anunciados no dia 18 de abril de 2022.
Contudo, a situação mudou muito após a retomada dos investimentos na saúde da população com Lula. Em um ano de governo, a gestão petista contratou 11.896 profissionais. Para ter ideia da dimensão, em São Paulo, estado com maior número de profissionais ativos, as contratações no primeiro ano de governo significam 57,12% do total.
Mais Médicos é uma política pública
E com o fortalecimento do programa, cresce a influência de uma política pública bem sucedida. No início de junho, por exemplo, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu que a abertura de novos cursos de medicina no país devem seguir os requisitos presentes nos editais do Mais Médicos.
Com a decisão do Supremo, em matéria relatada pelo ministro Gilmar Mendes, ganha a medicina brasileira a partir da melhor distribuição de profissionais pelo território nacional. “A política estabelecida na lei do Mais Médicos direciona a iniciativa privada para localidades especialmente necessitadas, ao permitir a instalação de faculdades de medicina em regiões com pouca oferta de médicos e serviços de saúde”, destaca nota do STF.
Inspirações
O sucesso do programa é tanto que virou modelo para outros países. Vale lembrar que a inspiração do Mais Médicos vem de potências em desenvolvimento humano. “Experiências de países com sistemas de saúde semelhantes ao do Brasil, como Canadá, Reino Unido e Espanha, inspiraram as estratégias de provimento por aqui (…) As exitosas iniciativas inspiraram a criação que hoje é referência de provimento médico na saúde pública de outros países”, informa o Ministério da Saúde, em boletim de maio deste ano.
FAQ
Quando vai abrir edital do Mais Médicos 2024? | Existe um edital vigente. Foram 33 mil inscritos para 3,1 mil vagas. O governo está convocando, em julho de 2024, os profissionais. |
Como funciona o programa Mais Médicos? | Trata-se de um programa que seleciona médicos e os envia para regiões diversas do país para atender no SUS. |
Como é a seleção do Mais Médicos? | A seleção é feita por edital, como um concurso, ou em parceria com outros países. |