‘Marçal significa ruptura na base da extrema-direita’, diz Dirceu

Ex-ministro da Casa Civil aponta o ex-coach como uma ameaça a Bolsonaro, representanto uma atualização do bolsonarismo
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Bolsonaro vacila diante da ascenção de Marçal, afirma ministro. Foto: Reprodução/TVT

Para o ex-ministro chefe da Casa Civil José Dirceu, a ascenção de Pablo Marçal (PRTB), candidato à prefeitura de São Paulo, fere gravemente o bolsonarismo. Isso porque o ex-coach é mais jovem e inteligente do que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Nesta quinta-feira (3), no programa Juca Kfouri Entrevista, da TVT, Dirceu analisou o panorâma político nacional, às vesperas das eleições municipais.

“Na verdade, o Marçal significa uma ruptura na base da extrema-direita brasileira. Porque o bolsonarismo, como existiu, não existe mais”. Assim, o ex-ministro anota que os partidos de direita estão se consolidando. Nesse processo, no entanto, estão abandonando a retórica de ameaça às instituições. Do mesmo modo, a exploração religiosa já ultrapassou seu ápice e estaria “decantando”, segundo ele.

“O Marçal é uma ruptura, por isso o ataque frontal do (pastor Silas) Malafaia e a vacilação do Bolsonaro. O Bolsonaro tem dúvidas, mas muitos bolsonaristas, como Ricardo Salles e outros, apoiaram abertamente o Marçal”, analisa o ex-ministro.

“O Marçal realmente, vamos dizer assim, é mais jovem, é mais periferia mesmo. Bolsonaro nunca foi Deus, Pátria e famíla, ele nunca foi de religião, era um deputado sindicalista, que defendia os interesses das Forças Armadas, principalmente da chamada família militar”, ressalta Dirceu. Nesse sentido, ele aponta que o ex-coach representa uma versão “mais atualizada” e “mais norte-americana” da agenda da direita conservadora.

Brasil não está polarizado, mas politizado

Ainda sobre as eleições municipais, Dirceu destacou a possibilidade do deputado federal Guilherme Boulos (Psol), largar na frente na disputa pela prefeitura de São Paulo. Assim, num provável segundo turno contra Marçal ou o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), ele aponta que Boulos deve representar o voto de rejeição ao bolsonarismo.

No Rio de Janeiro, no entanto, o ex-ministro não acredita que Alexandre Ramagem (PL), candidato do bolsonarismo, consiga levar a disputa para a segunda volta, já que o atual prefeito, Eduardo Paes (PSD) é favorito para vencer logo no primeiro turno.

Em Belo Horizonte, por outro lado, o cenário é mais complexo, alerta Dirceu. Isso porque são dois candidatos associados ao bolsonarimoBruno Engler (PL) e Mauro Tramonte (Republicanos). Ao mesmo tempo, as candidaturas progressistas – Rogério Correia (PT) e Duda Salabert (PDT) – estão com apenas um dígito, segundo as pesquisas.

Ainda assim, o ex-ministro ressalva que é preciso esperar a resposta das urnas. Ele lembrou de casos em que houve mudanças repentinas no eleitorado – como nas eleições de 1988, que elegeu Luiza Erundina (ex-petista, atualmente no Psol), após reviravolta na reta final.

“Mas isso não parece que vai acontecer nessas eleições, em nenhum lugar. Porque o país tá muito sedimentado. Não é que o país esttá polarizado, o país está politizado. Eu não aguento mais ouvir essa história da polarização. O país está politizado, entendeu. Quando se fala em polarização é mais uma crítica certo ao extremismo e aos riscos de autoritarismo, não é uma questão de polarização. Não vejo isso, eu acho que o país tá cada dia mais politizado, isso sim”, afirmou.

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