Ministério dos Direitos Humanos repudia ataque a pessoa em situação de rua

Em nota, o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania condenou o ataque e classificou o episódio como um reflexo da cultura do ódio

O Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) emitiu uma nota na tarde desta sexta-feira (21) condenando veementemente o ato de extrema violência cometido contra um homem em situação de rua no Rio de Janeiro. Confira mais em TVT News.

MDHC repudia ataque a pessoa em situação de rua no Rio de Janeiro e alerta para banalização da violência

O crime, que ocorreu na noite da última terça-feira (18), na zona oeste da capital fluminense, foi praticado por um adolescente de 17 anos utilizando coquetéis molotov. As imagens do ataque foram gravadas e transmitidas ao vivo na plataforma digital Discord.

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As imagens do ataque foram gravadas e transmitidas ao vivo na plataforma digital Discord. Foto: Juca Varella/Agência Brasil

O ato infracional análogo ao crime de homicídio foi descoberto após as imagens circularem nas redes sociais e chegarem à Delegacia da Criança e Adolescente Vítima (Dcav). A unidade acionou o Laboratório de Operações Cibernéticas do Ministério da Justiça para rastrear os responsáveis pelo conteúdo ilegal. 

Durante as investigações, duas mulheres se apresentaram à delegacia do Tanque, na mesma região onde o crime aconteceu, alegando serem parentes do adolescente autor do ataque. Na manhã de quinta-feira (20), o jovem foi apreendido e passou a tarde prestando depoimento na Dcav. 

As apurações revelaram que o adolescente fazia parte de um grupo online dedicado à prática e incitação de crimes de ódio. Durante a apreensão, os policiais confiscaram um celular contendo material ilegal relacionado ao caso. Há indícios de que o ataque tenha sido motivado por um desafio proposto dentro do grupo no Discord, com a participação de outros membros. Além disso, o adolescente teria recebido cerca de R$ 2 mil de um indivíduo ainda não identificado, possivelmente como recompensa pela execução do ato. 

Nesta sexta-feira (21), um homem de 20 anos, militar do exército e que teria filmado o adolescente atirando coquetéis molotov foi preso e encaminhado à Dcav. 

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Em comunicado oficial, o MDHC classificou o episódio como um reflexo alarmante da banalização da violência e da disseminação da aporofobia no Brasil. O termo “aporofobia” refere-se à discriminação contra pessoas pobres ou em situação de vulnerabilidade social, um fenômeno que tem ganhado destaque em meio ao aumento de ataques contra moradores de rua. 

A pasta destacou que o fato de o crime ter sido transmitido ao vivo em uma plataforma digital e incentivado por comunidades virtuais de ódio demonstra a gravidade do cenário atual. “A exposição pública de atos violentos, especialmente quando direcionados a grupos já marginalizados, reflete uma cultura de desumanização e intolerância que precisa ser combatida com urgência”, afirmou o ministério. 

O MDHC cobrou providências imediatas das autoridades competentes para garantir que o caso seja rigorosamente investigado e que todos os envolvidos sejam responsabilizados. Além disso, a pasta reforçou a necessidade de implementação de políticas públicas efetivas voltadas à proteção de pessoas em situação de rua, que frequentemente são vítimas de agressões, exclusão social e preconceito. 

“O ataque brutal, que deixou a vítima gravemente ferida, escancara a necessidade urgente de enfrentarmos a cultura do ódio e da intolerância que se espalha pelas redes sociais, captando jovens para atos infracionais e atentados contra a dignidade humana. É inaceitável que plataformas de comunicação sirvam como espaços para a incitação à violência, devendo ser cobradas pela devida responsabilização e monitoramento de conteúdos que promovam atos infracionais e crimes de ódio.”, acrescentou o ministério em sua nota. 

O ataque brutal expõe não apenas a crueldade individual do adolescente, mas também questões mais amplas relacionadas ao uso indevido de plataformas digitais e à disseminação de discursos de ódio na internet. Grupos online que incentivam práticas violentas têm se tornado um problema crescente, exigindo maior fiscalização e responsabilização tanto dos criadores quanto das empresas que administram essas plataformas. 

O MDHC reiterou seu compromisso em defender os direitos humanos e promover ações que garantam justiça e igualdade para todos, reafirmando seu compromisso na construção de uma sociedade mais justa e livre do ódio. 

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