Milhares vão às ruas em atos contra PEC da Blindagem e PL da anistia

"Congresso inimigo do povo" e "sem anistia" são motes de protestos em 33 cidades do Brasil
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Milhares protestaram na Esplanada dos Ministérios, em Brasília. Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Os atos contra a PEC da Blindagem e os projetos de anistia para garantir impunidade aos golpistas de 8 de janeiro reuniram milhares em 33 cidades do Brasil neste domingo (21). Aos gritos de “sem anistia”, os protestos chegaram a mobilizar mais de 42 mil pessoas. Entenda em TVT News.

São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, João Pessoa, Maceió, Natal, Teresina, Belém, Manaus, Cuiabá e outras capitais tiveram um domingo movimentado pelos atos. O Monitor do Debate Político no Meio Digital, vinculado à Universidade de São Paulo (USP), estima que 42,4 mil pessoas se reuniram em frente ao Museu de Arte de São Paulo (MASP). O protesto marcado para começar às 14h não murchou nem com a chuva que caiu sobre a capital às 16h.

Os manifestantes em São Paulo ergueram uma grande bandeira do Brasil, símbolo que tem sido retomado pela esquerda. A atitude contrasta com a de bolsonaristas que exibiram uma bandeira dos Estados Unidos no 7 de setembro também em frente ao MASP. O protesto golpista reuniu em torno de 42,4 mil, de acordo com o mesmo Monitor.

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Bandeira gigante do Brasil é referência à defesa da soberania nacional contra o governo Donald Trump. Foto: Paulo Pinto/Agência Brasil

Em cartazes, o mote “Congresso inimigo do povo” e variações cobrando parlamentares por sua atuação na Casa foram comuns em todo o país. A PEC da Blindagem, que dificulta a investigação de deputados e senadores, foi um dos principais motivos para as pessoas irem às ruas. A outra motivação foi o projeto de anistia aos golpistas, que está sendo articulado pelo Centrão e a extrema-direita.

O PL de impunidade, com relatoria de Paulinho da Força (Solidariedade-SP), quer livrar Jair Bolsonaro e sete aliados condenados pelo Supremo Tribunal Federal (STF) do cumprimento de suas penas. Nos atos, os manifestantes também pediam a prisão do ex-presidente, condenado por tentativa de abolição violenta do Estado, golpe de Estado, deterioração de patrimônio tombado, dano qualificado e organização criminosa armada.

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Críticas ao Congresso movimentaram os atos. Foto: Tânia Rêgo/Agência Brasil

O presidente Lula afirmou que as manifestações demonstram que a população não deseja impunidade aos golpistas do 8 de janeiro de 2023. “Estou do lado do povo brasileiro”, disse em postagem nas redes sociais. O presidente também cobrou o Congresso, que “deve se concentrar em medidas que tragem benefícios para o povo brasileiro”.

Enquanto os parlamentares discutem blindagem e anistia, pautas caras à população, como a isenção do Imposto de Renda para quem ganha até R$ 5 mil e fim da escala 6×1 ficam paralisadas.

Em Salvador (BA), milhares de pessoas se concentraram no bairro da Barra, na beira da praia, onde a cantora Daniela Mercury se apresentou para o público. “Bandidagem não é com a gente”, disse a artista baiana. O ato contou ainda com o ator Wagner Moura, que também cantou, além de elogiar o julgamento da trama golpista que condenou o ex-presidente Jair Bolsonaro e aliados. Confira abaixo:

Em Belo Horizonte (MG), uma multidão ocupou as ruas do centro da cidade, em concentração na Praça Raul Soares, com gritos de “sem anistia para golpistas”. O ato também contou com apresentação de artistas, entre elas, a cantora Fernanda Takai, da banda Pato Fu.

Em Recife (PE), o ato começou por volta das 14h, na Rua da Aurora, no centro da capital pernambucana, com o desfile do bloco de frevo Eu Acho é Pouco, com uma das mais tradicionais orquestras do carnaval de Olinda. Grupos de maracatu também marcam presença no ato.

A capital paraibana João Pessoa (PB) também fez um protesto nesse domingo, com gritos de “Fora, Hugo Motta”, que é um deputado federal paraibano e preside a Câmara dos Deputados. O parlamentar foi um dos principais alvos dos protestos pelo seu papel de pautar a votação que aprovou a PEC da Blindagem na Casa.

Convocadas pelas frentes Povo Sem Medo e Brasil Popular, ligados ao PSOL, PT e movimentos populares, as manifestações contaram com a presença de sindicatos, grupos estudantis, artistas e movimentos sociais, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST), além de outros partidos de esquerda e centro-esquerda.

Caetano, Chico e Gil cantam para multidão no Rio de Janeiro

Em torno de 41,8 mil pessoas se reuniram na altura do Posto 5 da Praia de Copacabana para assistir à apresentação de Caetano Veloso, Chico Buarque, Gilberto Gil, Paulinho da Viola e Djavan. Os ícones da MPB cantaram músicas clássicas do combate à ditadura, como Cálice e Apesar de Você.

Caetano Veloso disse, durante o ato musical, que a democracia no Brasil resiste. Segundo ele, a cultura nacional apresenta grande vitalidade. “Não podemos deixar de responder aos horrores que vêm se insinuando à nossa volta”, afirmou o cantor.

Gilberto Gil lembrou que o Brasil já passou por momentos semelhantes em sua história. “Passamos por momentos parecidos sempre em busca da autonomia, o bem maior do nosso povo”, afirmou. 

Com Agência Brasil.

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