Moody’s eleva nota de crédito do Brasil

Com aumento da nota de Ba2 para Ba1, Brasil fica a um passo do tão sonhado grau de investimento
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Haddad espera atingir o grau de investimento até o fim do ano que vem. Foto: Ricardo Stuckert/PR

A agência de classificação de risco Moody’s aumentou nesta terça-feira (1º) a nota de crédito do Brasil de Ba2 para Ba1. Desse modo, o país fica a apenas um nível do chamado grau de investimento. Ao mesmo tempo, a Moody’s manteve perspectivas positivas para o Brasil, o que significa a possibilidade de nova elevação da nota do país nos próximos meses.

No comunicado, a agência menciona “melhora significativa” no crédito do país, o que se deve ao crescimento robusto da economia e às reformas recentes. Além disso, ressalta a relevância do compromisso com as metas fiscais e com a trajetória de estabilização da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto (PIB).

Entre as reformas mais importantes, a Moody’s destacou a reforma tributária. Segundo a agência, o novo sistema aprimorará o ambiente de negócios e a alocação de recursos, aumentando o potencial de crescimento no longo prazo. Também mencionou a agenda de transição energética para atrair investimentos privados e reduzir a vulnerabilidade do país a choques climáticos.

Em relação às contas públicas, o comunicado informou que a Moody’s espera uma melhora gradual nos resultados primários do governo nos próximos três anos. A agência se baseia nos esforços para aumentar as receitas, principalmente por meio de medidas de arrecadação das classes mais ricas. Ao mesmo tempo, citou iniciativas de revisão de despesas.

Apesar da dívida pública e dos juros elevados, a Moody’s destacou que o Brasil tem expressivos ativos líquidos. Desde 2006, o país é credor externo, com as reservas internacionais superando a dívida externa. A agência também destacou que o governo brasileiro se financia principalmente em moeda local no mercado doméstico, em vez de buscar moeda estrangeira no mercado internacional.

Governo comemora

O Ministério da Fazenda celebrou a decisão. Conforme a Pasta, o aumento da nota de crédito do Brasil “reflete o reconhecimento dos avanços nas contas públicas, de um cenário propício ao crescimento e da solidez dos fundamentos da economia brasileira”.

“O Ministério da Fazenda reafirma seu compromisso com a melhoria contínua dos resultados fiscais, empreendendo esforços para aumentar a arrecadação e conter gastos. Além de estabilizar a relação dívida/PIB, um balanço fiscal mais robusto contribuirá para a redução das taxas de juros e a melhoria das condições de crédito, criando um ambiente favorável à expansão dos investimentos públicos e privados”, afirmou o ministério, em nota.

Nesse sentido, o ministro Fernando Haddad afirmou também ontem que acredita que o Brasil pode obter o tão almejado grau de investimento até o final do ano que vem. “Penso que, se o governo como um todo compreender que vale a pena esse esforço, que esse esforço que está sendo feito produz os melhores resultados e continuarmos sem baixar a guarda em relação às despesas, em relação às receitas, fazendo o nosso trabalho, acredito realmente que nós temos a chance de completarmos mandato do presidente Lula reobtendo o grau de investimento. Ele não está dado, mas é uma possibilidade concreta”, afirmou.

Da mesma forma, o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, Geraldo Alckmin, usou as redes sociais para comemorar. “O Brasil não está mais a dois passos do paraíso, está a apenas um!”, afirmou.

Como funciona a análise de crédito do Brasil?

O especialista em investimentos Felipe Miranda, sócio da corretora de câmbio 305 Markets, explica como funciona a análise de crédito dos país. Além disso, também destaca a importância da decisão da Moody’s para os rumos da economia do país.

O que é a nota de grau de investimento?

É uma nota dada por agências de risco como a Moodys ou Standard & Poors que indica se um determinado país é seguro para investimento ou não. Nesse caso são empresas bem conceituadas que fazem análises complexas para a determinação de um possível calote entre dívidas públicas de países.

Como ela é calculada? Que dados são avaliados?

Uma série de fatores são levados em consideração na hora de calcular o grau de risco, como a capacidade de crescimento de um país medido pelo PIB, fatores econômicos, nível de endividamento, contas públicas e até mesmo a política fiscal implantada.

Há previsão de quando deve sair a nota?

Geralmente são medidas anualmente pelas agências. Mas podem ser revistas a qualquer momento, caso haja fatores que influenciam suas notas ou até mesmo análise dentro do cenário político de um país. Exemplo se dá, se há uma reforma tributária, ou discursos e discussões políticas que podem mudar o rumo fiscal e econômico de um país.

Qual o impacto dessa nota na economia do cotidiano?

Essa nota é importante pois ela pode impactar as taxas de juros, acesso a crédito de um país ou até mesmo o desejo de investimentos internacionais. Pois se há uma redução do risco o investidor estrangeiro começa a ter maior interesse, principalmente para países que pagam taxas de juros mais altas.

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