Morreu, aos 66 anos, o ex-boxeador José Adilson Rodrigues dos Santos, o Adilson Maguila, maior nome do boxe brasileiro na categoria peso-pesado e um dos maiores esportistas do país. Nos anos 90, Maguila se tornou muito popular entre os brasileiros, não só pelo cartel de lutas (em 86 combates venceu 81, sendo 68 por nocaute. Perdeu apenas cinco combates, sendo quatro por nocaute), mas, principalmente, pelas transmissões de TV com as narrações de Luciano do Valle.
Maguila sofria de Encefalopatia Traumática Crônica (ETC), também conhecida como demência pugilística, considerada uma doença incurável, como afirma o neurologista do Hospital Santa Catarina Paulista, Mauricio Hoshino. “Não existe um tratamento específico para reverter a ETC. O manejo é focado no alívio dos sintomas. Isso pode incluir terapia ocupacional, terapia cognitiva e medicamentos para tratar problemas de humor”, afirma o neurologista.
O ex-boxeador tratava da ETC em Itu, no interior paulista. Maguila deixa esposa, três filhos e milhões de fãs do boxe brasileiro. Além das lutas, as entrevistas e declarações de Maguila eram quase sempre divertidas.
Quem foi o boxeador Maguila
José Adilson Rodrigues dos Santos, o Maguila, nasceu em Aracaju, Sergipe, em 12 de junho de 1958. Ele foi o mais carismático dos lutadores brasileiros. Ele era pedreiro e se apaixonou por boxe ao ver as lutas de lendas como Éder Jofre e de Muhammad Ali,
Aos 17 anos, se mudou para São Paulo para fazer carreira no boxe. Construiu uma história de sucesso: foram 86 combates com 81 vitórias, sendo 68 por nocaute.
Entre as vitórias mais famosas estão as sobre James Quebra-Ossos Smith e Daniel Falconi e lutas contra nomes do boxe internacional como George Foreman e Evander Holyfield. Foi campeão brasileiro, sul-americano, latino-americano e mundial pela Federação Mundial de Boxe.
Quais foram os títulos de Maguila
Maguila foi campeão Mundial de Boxe, em 1995, pela Federação Mundial de Boxe |
Campeão brasileiro |
Campeão sul-americano |
Campeão latino-americano |
Pentacampeão continental |
Campeão das Américas |
Campeão mundial pela Federação Mundial de Boxe |
Saiba mais sobre encefalopatia traumática crônica, a doença que sofria Maguila
Em entrevista à TVT News, o neurologista do Hospital Santa Catarina Paulista, Mauricio Hoshino, explica o que é encefalopatia traumática crônica (ETC), a doença crônica que vitimou Maguila.
TVT News – Como é feito o diagnóstico da ETC em pacientes que apresentam histórico de traumas repetidos na cabeça?
Mauricio Hoshino – O diagnóstico da encefalopatia traumática crônica (ETC) é realizado principalmente por meio da avaliação clínica. Consideramos a história do paciente, incluindo os sintomas, que podem envolver problemas cognitivos, mudanças de humor e comportamentais. Exames de imagem, como ressonância magnética, podem ajudar a identificar alterações no cérebro, mas o diagnóstico definitivo só pode ser feito após a morte, através da análise do tecido cerebral.
TVT News – Existe uma quantidade/frequência de repetições de traumas média para se desenvolver o ETC? Ou a condição pode se desenvolver com apenas uma “pancada”?
Mauricio Hoshino – Não há uma quantidade exata de traumas que leve ao desenvolvimento da ETC. Enquanto múltiplos traumas aumentam o risco, é possível que um único trauma significativo, especialmente se for grave, contribua para o seu surgimento. A suscetibilidade individual e a intensidade dos traumas são fatores importantes.
TVT News – Existe algum tratamento eficaz para a ETC ou apenas estratégias de manejo dos sintomas?
Mauricio Hoshino – Atualmente, não existe um tratamento específico para reverter a ETC. O manejo é focado no alívio dos sintomas. Isso pode incluir terapia ocupacional, terapia cognitiva e medicamentos para tratar problemas de humor. O acompanhamento regular com uma equipe multidisciplinar é essencial para melhorar a qualidade de vida do paciente.
TVT News – Como prevenir a encefalopatia traumática crônica em pessoas envolvidas em esportes de contato ou profissões de risco?
Mauricio Hoshino – A prevenção da ETC envolve várias estratégias, como o uso de equipamentos de proteção adequados, a implementação de regras que minimizem os riscos de concussões e a educação sobre os sinais e sintomas de lesões na cabeça. Também é importante ter protocolos claros para a avaliação e o retorno ao esporte após lesões.
TVT News – Quais são as consequências dessa condição? É letal a curto/longo prazo?
Mauricio Hoshino – As consequências da ETC podem ser graves, incluindo deterioração cognitiva, problemas de comportamento e distúrbios psiquiátricos. Embora a condição não seja necessariamente letal a curto prazo, pode levar a complicações que afetam a qualidade de vida. A longo prazo, pode aumentar o risco de mortalidade, associando-se a condições como suicídio ou doenças neurodegenerativas secundárias.