As negociações salariais de outubro apresentaram um desempenho superior significativo ao mês anterior, segundo levantamento do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) baseado nos acordos registrados no sistema Mediador do Ministério do Trabalho até 11 de novembro. O estudo mostra que 82,3% das categorias conquistaram reajustes acima da inflação: o melhor resultado desde agosto e quase dez pontos percentuais acima do registrado em setembro (72,7%). Saiba mais na TVT News.
A melhora se reflete também na variação real média dos reajustes, que chegou a 0,86% acima do INPC, superando tanto o índice de setembro (0,59%) quanto o das duas datas-bases anteriores. Ainda assim, 10,3% dos acordos ficaram abaixo da inflação, mantendo o patamar observado nos últimos meses, e 7,3% igualaram o INPC.

Cenário anual é positivo, mas tendência é de desaceleração
De janeiro a outubro, o Dieese analisou 17.919 reajustes, dos quais 78,2% superaram a inflação. A variação real média acumulada no ano é de 0,89%. Apesar dos números favoráveis, a tendência de longo prazo indica maior pressão nas mesas de negociação. A média móvel de 12 meses mostra queda no percentual de ganhos reais, de 81% em novembro de 2024 para 78,8% em outubro de 2025, e avanço das perdas salariais, que passaram de 4,3% para 8% no mesmo período.

Inflação baixa reduz necessidade de reajuste
O INPC registrou variação de apenas 0,03% em outubro. Com isso, o reajuste necessário para as categorias com data-base em novembro caiu para 4,49%, o segundo menor em um ano. Em outubro, o índice exigido havia sido de 5,10% por conta da aceleração inflacionária de setembro.
Setores e regiões
A Indústria e o Comércio lideram a proporção de negociações com ganho real, 80,4% e 79%, respectivamente, e apresentam as menores taxas de acordos abaixo da inflação. O setor Rural segue como o mais fragilizado, com 19,1% dos reajustes registrando perdas. Já o setor de Serviços é o que obtém, em média, o maior ganho real (0,97%).
Regionalmente, Sul e Sudeste continuam à frente: mais de 80% dos acordos nessas regiões superaram o INPC. O Sul também registrou o menor índice de perdas (3,5%), enquanto o Nordeste teve a maior proporção de reajustes abaixo da inflação (14,9%). A maior variação real média foi observada no Sudeste (1,01%).
Reajustes parcelados e escalonados
A prática de parcelamento segue rara: apenas três dos 232 reajustes de outubro foram divididos em mais de uma parcela. No ano, o índice é de 1,6%. Já o escalonamento, quando faixas salariais têm percentuais diferentes, apareceu em 8,6% das negociações do mês, percentual inferior ao acumulado de 2025 (14,7%).

Pisos salariais
O piso médio negociado no ano é de R$ 1.853, e o mediano, de R$ 1.730. Entre os setores, Serviços têm o maior piso médio (R$ 1.900). Na Indústria, o piso mediano chega a R$ 1.759. A região Sul apresenta os valores mais altos do país, tanto no piso médio (R$ 1.912) quanto no mediano (R$ 1.860).

Embora outubro tenha se destacado pelo aumento expressivo dos ganhos reais, o Dieese alerta que o comportamento das negociações no período mais longo sinaliza desafios crescentes para manter esse ritmo nos próximos meses.
