Netflix adquire Warner por US$ 82,7 bilhões

A gigante do streaming Netflix anunciou a compra dos estúdios da Warner Bros. Discovery e, de quebra, leva também a HBO Max
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Logos NetfliX e Warner Bros. Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP | TVT News

A gigante do streaming Netflix anunciou, nesta sexta-feira (05), a compra dos estúdios e de toda a estrutura da Warner Bros. Discovery, em um acordo avaliado em 82,7 bilhões de dólares — incluindo dívidas. É a maior operação já realizada pela empresa. A conclusão do negócio depende da separação da divisão de TV a cabo da Warner, prevista para 2026. Confira mais em TVT News.

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O acordo de 82,7 bilhões de dólares já é um dos maiores da história do entretenimento norte-americano. Foto: Patrick T. FALLON / AFP | TVT News

A aquisição deve mexer profundamente com todo o setor de entretenimento. A Netflix busca ampliar ainda mais seu catálogo ao incorporar estúdios centenários, franquias como Harry Potter e Game of Thrones, além de clássicos como Casablanca e O Mágico de Oz, e também o HBO Max, serviço de streaming absorvido pela Discovery em 2022.

O negócio supera ofertas de concorrentes como Comcast e Paramount, que também disputavam os ativos da Warner. No entanto, a compra ainda precisa ser aprovada pelos órgãos reguladores dos Estados Unidos — num ambiente em que questões antitruste e pressões políticas devem pesar significativamente na análise.

Mas há outro ponto que se soma a essa história: produtores se mobilizaram para tentar barrar a aquisição. De acordo com a revista Variety, uma carta conjunta, assinada por diversos trabalhadores de Hollywood, foi enviada a membros do Congresso dos Estados Unidos, de ambos os partidos, na última quinta-feira (4). O grupo, que se identificou no documento como um coletivo de “produtores de filmes preocupados”, sem revelar quem são seus integrantes, por medo de represálias, pediu aos congressistas que impeçam a compra da Warner Bros. Discovery pela Netflix.

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Com a aquisição, a Netflix pode herdar os estúdios histórida da Warner em Hollywood. Foto: MARIO TAMA / GETTY IMAGES NORTH AMERICA / AFP | TVT news

A carta destaca a preocupação de que a Netflix possa “destruir” o mercado de filmes ao reduzir o tempo de exibição das produções nas salas de cinema — o que afeta campanhas em festivais e afasta ainda mais o público das grandes telas, que enfrentam uma crise marcada não só pela concorrência do streaming, mas também pelos reflexos da pandemia e, mais recentemente, pela greve dos roteiristas em Hollywood.

Há, contudo, setores da indústria cinematográfica que veem o movimento como um marco: a conquista definitiva de Hollywood por empresas de tecnologia. Segundo o jornal The New York Times, após décadas de crescimento autônomo do setor de tecnologia, a Warner Bros. seria o primeiro grande estúdio tradicional a ser incorporado por um concorrente do Vale do Silício.

Em comunicado, Ted Sarandos, co-diretor executivo da Netflix, declarou: “Juntos, podemos oferecer ao público mais do que eles amam e ajudar a definir o próximo século de narrativa”.

O que prevê o acordo de compra?

Na proposta apresentada pela Netflix, há a previsão explícita de manutenção dos lançamentos de filmes nos cinemas. Esse movimento, no entanto, não é exatamente novo para a gigante do streaming, que reúne mais de 300 milhões de assinantes em todo o mundo. Apesar de ter se tornado sinônimo de consumo doméstico, a empresa decidiu, nos últimos anos, investir em produções com potencial para disputar os principais festivais de cinema do planeta.

Exemplo disso foi a campanha em torno do filme Emília Perez para o Oscar de 2025, posteriormente abalada após internautas brasileiros identificarem publicações com teor racista da protagonista, Karla Sofia Gascón. À época, a Netflix investiu cerca de 12 milhões de dólares em divulgação e distribuição, mas o longa acabou decepcionando na principal premiação do cinema, em março deste ano.

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A campanha da Netflix para divulgação de Emília Perez foi uma das mais caras da história, mas o filme amargou uma péssima campanha, envolta em polêmicas. Foto: Frederic J. Brown / AFP | TVT News

Agora, com a possível compra da Warner, a Netflix pode controlar um verdadeiro império cinematográfico, gerando um monopólio cultural sem precedentes nos EUA — caso a negociação seja aprovada.

Lei antitruste

Com o anúncio da aquisição, Netflix e Warner devem começar as negociações sobre os termos finais do acordo e, em seguida, a proposta será submetida ao crivo dos reguladores, processo que deve ocorrer apenas em 2026.

Essa avaliação se baseia na legislação antitruste norte-americana, que protege a economia regulando a concorrência e proibindo práticas que possam resultar em monopólios. No entanto, a aprovação do acordo pelo Congresso dos EUA depende de quem comporá a comissão responsável pela análise e de como cada parlamentar avalia a operação. A política deve, inevitavelmente, influenciar a decisão.

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