O centrista e pró-europeu Nicușor Dan foi eleito presidente da Romênia neste domingo (18), ao derrotar o nacionalista George Simion no segundo turno das eleições presidenciais. Dan obteve 54% dos votos, enquanto Simion alcançou 46%. A eleição, marcada por alta participação — cerca de 65% do eleitorado —, foi considerada um referendo sobre o futuro geopolítico do país e um teste à influência da extrema-direita na Europa.
Nascido em Făgăraș e formado em matemática pela Escola Normal Superior de Paris, Dan ganhou notoriedade como ativista cívico em Bucareste, onde combateu a corrupção e defendeu a preservação do patrimônio urbano. Ele fundou a União para Salvar a Romênia (USR) e foi eleito prefeito da capital em 2020, sendo reeleito em 2024. Sua campanha presidencial, baseada na transparência, no combate à corrupção e no fortalecimento dos laços com a União Europeia e a OTAN, atraiu apoio de eleitores urbanos, jovens e liberais.
George Simion, líder do partido nacionalista AUR, havia vencido o primeiro turno com 41% dos votos, promovendo uma agenda eurocética e alinhada ao ex-presidente dos EUA, Donald Trump. Simion defendeu o fim do apoio à Ucrânia e uma aproximação com a Rússia, o que gerou preocupações entre aliados ocidentais. Após a derrota, ele inicialmente contestou os resultados, mas posteriormente reconheceu a vitória de Dan.
A eleição na Romênia ocorreu após a anulação do pleito anterior, em dezembro de 2024, devido a suspeitas de interferência russa em favor do candidato de extrema-direita Calin Georgescu. As autoridades romenas identificaram manipulação de votos e financiamento irregular, levando à repetição do processo eleitoral.
Analistas consideram a vitória de Dan um alívio para a União Europeia, que vê na Romênia um parceiro estratégico no leste europeu. O presidente eleito prometeu iniciar imediatamente negociações para formar um novo governo e anunciou visitas a Bruxelas, Washington e Chisinau, sinalizando seu compromisso com a integração europeia e o apoio à Ucrânia. Ao mesmo tempo, o Kremlin disse ter achado “estranho” o resultado das eleições, já que nutria simpatias pelo candidato nacionalista, mais alinhado com a Rússia.