9 capitais tem taxa de abstenção maior do que os votos no segundo colocado

A abstenção no segundo turno das eleições municipais de 2024 chegou a 29,26%. Saiba em quais capitais a abstenção ficaria em segunda colocada
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O número de eleitores que escolheram a abstenção ficou acima que a quantidade de votos dos segundos colocados de nove capitais brasileiras. Foto: Reprodução/ Alejandro Zambrana - TSE

No domingo (27), o dia amanheceu com o céu cinza e a chuva caiu em diferentes momentos em todo o território nacional. A data marcou o segundo turno das eleições municipais de 2024. Em meio ao mau clima, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) registrou na média nacional 29,26% de taxa em abstenção, que representa aqueles que não compareceram para registrar o voto.

A taxa foi a segunda da história, perdendo apenas para as eleições de 2020, época da pandemia de covid-19 — foi registrado 29,5% de abstenção no segundo turno.

Segunda a ministra Cármen Lúcia, presidenta do TSE, será instaurada uma pesquisa com os Tribunais Regionais Eleitorais para identificar os principais motivos pelo não comparecimento de eleitores em cada localidade. Os resultados devem ser apresentados em um relatório em dezembro, antes da diplomação dos candidatos eleitos.

Tradicionalmente, a abstenção aumenta entre o primeiro e o segundo turno, principalmente por causa de eleitores descontentes com os dois candidatos. Entretanto, as novas altas registradas resultaram um maior número de abstenção do que em voto nos candidatos não eleitos. Em alguns casos mais preocupantes, os votos não válidos junto a abstenção marcaram um número maior do que os votos recebidos pelo prefeito eleito.

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A TVT News levantou quais capitais apresentaram taxa de abstenção que ficaria acima do segunda colocada ou até mesmo seria eleita, se ela fosse uma candidata. Também comparamos com o número de eleitores que escolheram por nenhum dos dois candidatos, ou seja, somamos a abstenção, os votos nulos e os votos brancos. Em alguns casos, a escolha por nenhum dos candidatos esteve acima de quem foi eleito.

Confira cidades em que a taxa de abstenção ou de votos em nenhum dos dois candidatos foi maior do que o de votos válidos

São Paulo

Na cidade de São Paulo, 2,9 milhões de eleitores se abstiveram, isso foi maior do que o número de votos registrados pelo candidato Guilherme Boulos (PSOL) — foram 2,3 milhões de votos.

Se somar a abstenção com os votos nulos e brancos, ou seja, os votos não válidos, se obtém 3,6 milhões. Nesse caso, a quantidade de pessoas que não votaram em ninguém é maior que a quantidade de votos recebida pelo candidato Ricardo Nunes (MDB). Ele foi reeleito com 3,3 milhões de votos válidos. A parcela que não votou em nenhum dos candidatos teria vencido as eleições na capital paulista.

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Porto Alegre

Em Porto Alegre, uma das cidades protagonistas das enchentes do Rio Grande do Sul, a taxa de abstenção chegou aos 34,83%. Esse número representa 381.965 votos.

A candidata Maria do Rosário (PT) ficou em segundo lugar com 254.128, 127 mil votos a menos do que a abstenção. Na capital rio-grandense, os votos não válidos somados à abstenção são 436.025 de eleitores, 29 mil a mais do que os 406 mil votos recebidos pelo candidato eleito Sebastião Melo (MDB). Nesse cenário, a parcela que não votou em nenhum dos candidatos teria vencido as eleições de Porto Alegre.

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Goiânia

Na capital de Goiás, a taxa de abstenção quase passou a quantidade de votos recebidos pelo candidato eleito. No total 352.393 pessoas deixaram de comparecer no segundo turno e o empresário Mabel foi eleito com 353.518 votos, a diferença foi de apenas 1.125 eleitores. Ou seja, sozinha, a abstenção goianiense ficou na segunda colocação.

Campo Grande

A capital do Mato Grosso do Sul teve uma disputa entre duas mulheres candidatas por partidos de centro-direita. Adriane Lopes (PP) foi eleita com 51,45% dos votos válidos contra 48,55% de Rose Modesto (União).

Ao olhar para os números de eleitores, a segunda colocada recebeu 210.112 votos e a eleita teve 222.699 votos, já os que não votaram em nenhuma das candidatas (votos nulos, brancos e abstenções) foram 213.387. A cidade ficou absolutamente dividida em três, com a parcela dos que não votaram em ninguém na segunda posição.

Belo Horizonte

Na capital mineira, 636.752 pessoas se abstiveram de votar no segundo turno. O número representa 59 mil pessoas a mais que os 577.537 votos recebidos pelo segundo colocado, Bruno Engler (PL) e, 33 mil a menos que o candidato eleito, Fuad Noman (PSD), com 670.574 votos. Novamente, os dados do TSE demonstram uma cidade dividida em três diferentes formas de manifestar-se democraticamente.

Curitiba

No total, 432.408 eleitores deixaram de depositar seus votos nas urnas eletrônicas na capital paranaense. Aqui, a abstenção tem mais de 42 mil eleitores de diferença com a segunda colocada Cristina Graeml que obteve 390.254 dos votos válidos.

João Pessoa

O ex-ministro da Saúde durante a pandemia de covid-19, Marcelo Queiroga (PL) ficou em segundo colocado com 146.129 votos válidos da disputa na capital paraibana. Na respectiva cidade foi eleito Cicero Lucena (PP) com 258.727 dos votos.

O número de eleitores que optaram por nenhum dos dois candidatos foi de 161.434 pessoas, ou seja, uma diferença de 15 mil eleitores a mais do que o segundo colocado.

Porto Velho

Mais uma tríade. A capital rondoniense teve 110.962 eleitores que não compareceram para votar. A segunda colocada, Mariana Carvalho (União) recebeu 105.406 votos. Em comparação, há uma diferença de mais de 5 mil votos favoráveis à abstenção. O candidato eleito, Leo (Pode), recebeu 135.118 votos.

Aracaju

Na capital sergipana, 127.839 pessoas optaram por não votar em nenhum dos candidatos. O dado representa 4.997 mil eleitores a mais do que os que votaram no segundo colocado, Luiz Roberto (PDT) — ele recebeu 122.842 votos. A candidata eleita Emilia Correa (PL) recebeu 165.924 votos.

Os dados da votação estão disponíveis no site do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

Por Emilly Gondim

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