Novo exame do SUS irá identificar o HPV com 10 anos de antecedência

DNA-HPV é mais sensível para identificar o vírus HPV, o que possibilita identificar antes que comece os sintomas de câncer de colo de útero
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DNA-HPV vai substituir gradualmente o Papanicolau ainda nesse ano. Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil

Novo teste capaz de antecipar em 10 anos o diagnóstico de HPV e o rastreamento de câncer no colo do útero será implementado em todo o país pelo SUS. O exame mais moderno de tecnologia molecular irá substituir o Papanicolau, criado em 1928 pelo patologista grego Georges Papanicolaou. Saiba mais sobre a nova tecnologia no SUS e HPV na TVT News.

DNA-HPV, mais moderno, eficiente e gratuito no SUS

O exame molecular DNA-HPV deve substituir gradualmente o Papanicolau no Sistema Único de Saúde (SUS) em 2025. O novo modelo de testagem tem eficácia comprovada e testes da Unicamp aponto maior sensibilidade ao vírus, o que possibilitar identificar ainda mais cedo a incidência de doenças em pessoas com útero.

Ambas formas de testagem são responsáveis por identificar o papilomavírus humano (HPV), que é o causador de mais de 99% dos casos de câncer decolo do útero. Esse tipo de câncer é o terceiro mais incidente entre as mulheres brasileiras, com cerca de 17 mil novos casos por ano.

Tanto para o Papanicolau quanto para o DNA-HPV, a idade recomendada para se começar o monitoramento é de 25 e deve seguir realizando exames periódicos até os 49 anos.

A nova tecnologia é recomendada como exame primário para detectar o HPV pela Organização Mundial da Saúde desde 2021, porque é mais eficaz para a redução de casos e óbitos, em decorrência da sua maior sensibilidade.

Ele também permite identificar o subtipo do vírus, caso o resultado seja positivo, o que oferece uma grande vantagem, já que apenas algumas variantes têm risco de provocar lesões que podem evoluir para câncer.

De acordo com testes realizados pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), o DNA-HPV consegue uma cobertura populacional superior dentro da faixa etária recomendada. O novo exame atingiu 80% da população e deles, 99,25% estava em conformidade com as idades esperadas. Enquanto o programa citológico foi de 78% em ambos os casos.

A pesquisa realizou a comparação de resultados de 16.384 testes moleculares com 20.284 testes citológicos, feitos no período de 2014 a 2020, por mulheres na faixa dos 25 a 64 anos de idade, residentes no município de Indaiatuba, interior de São Paulo.

O principal problema do Papanicolau apontado pela pesquisa foi a dinâmica de aplicação, em que parte das mulheres irem até o atendimento, o que resulta em testagens fora da época recomendada. Os dados deram que 60% dos cânceres do colo do útero foram diagnosticados em estágio avançado, mesmo em regiões mais desenvolvidas.

“A detecção em estágio inicial possibilita um tratamento mais barato, menos mutilador e com chances de 100% de cura. Os resultados imediatos, além dos anteriores já publicados com demonstração de custo-efetividade, podem apoiar os gestores de Saúde no estabelecimento de um programa nacional de rastreamento mais eficiente e duradouro e, principalmente, com impacto real na mortalidade”, comentou docente e pesquisador líder do estudo, Júlio César Teixeira.

Como funciona o teste molecular?

O exame exige a coleta de uma amostragem do líquido do colo do útero, para isso será necessário inserir instrumentos por profissionais. Nesse caso, não será necessário realizar raspagem, como no Papanicolau.

O material será analisado em laboratório para buscar o DNA do vírus HPV. O teste é feito a partir de reações em cadeia da polimerase (PCR), enzima catalisadora do DNA e RNA. Caso seja identificada a presença do papilomavírus humano, o teste irá buscar identificar qual dos 14 tipos está presente no corpo do paciente.

Novas recomendações em relação ao HPV pelo Instituto Nacional do Câncer

O Instituto Nacional do Câncer (INCA) apresentou novas diretrizes de recomendações para a população sobre como proceder em relação ao novo exame e como as equipes médicas devem lidar com a tecnologia. O conjunto já foi aprovado pela Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde e pela Comissão de Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (Conitec).

Ainda falta a avaliação final da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde para entrar em vigor.

Mas confira com antecedência o que pode mudar:

  • Como o DNA-HPV pode identificar com maior antecendência a incidência do vírus no corpo, a nova recomendação é que haja um intervalo de 5 anos entre testagem se não houver diagnóstico prévio do microrganismo, sintomas ou suspeita de infecção — antes o intervalo era de 3 anos.
  • Será implementado rastreio organizado no SUS para que o procedimento tenha maior eficácia no plano do governo de impedir que doenças cervicais se desenvolva e reduzir mortes de mulheres causadas por câncer de colo de útero.

Papanicolau

Como segue em utilização até finalizar a troca, a TVT News separou as informações do Ministério da Saúde sobre o Papanicolau.

Era o teste oficial realizado para detectar alterações nas células do colo do útero. Este exame também pode ser chamado de esfregaço cervicovaginal e colpocitologia oncótica cervical. O nome “Papanicolaou” é uma homenagem ao patologista grego Georges Papanicolaou, que criou o método no início do século.

Esse exame era a principal estratégia para detectar lesões precocemente e fazer o diagnóstico da doença bem no início, antes que a mulher tenha sintomas. Enquanto ainda não for substituído, será feito em postos ou unidades de saúde da rede pública que tenham profissionais capacitados.

O exame preventivo é indolor, simples e rápido. Pode, no máximo, causar um pequeno desconforto que diminui se a mulher conseguir relaxar e se o exame for realizado com boa técnica e de forma delicada.

Para garantir um resultado correto, a mulher não deve ter relações sexuais (mesmo com camisinha) nos dois dias anteriores ao exame, evitar também o uso de duchas, medicamentos vaginais e anticoncepcionais locais nas 48 horas anteriores à realização do exame. É importante também que não esteja menstruada, porque a presença de sangue pode alterar o resultado.

Mulheres grávidas também podem se submeter ao exame, sem prejuízo para sua saúde ou a do bebê.

Como é feito o Papanicolau?

➡️ Para a coleta do material, é introduzido um instrumento chamado espéculo na vagina (conhecido popularmente como “bico de pato”, devido ao seu formato)
➡️ O médico faz a inspeção visual do interior da vagina e do colo do útero
➡️ A seguir, o profissional provoca uma pequena escamação da superfície externa e interna do colo do útero com uma espátula de madeira e uma escovinha
➡️ As células colhidas são colocadas numa lâmina para análise em laboratório especializado em citopatologia

Procedimentos pós Papanicolau

➡️ Negativo para câncer: se esse for o seu primeiro resultado negativo, você deverá fazer novo exame preventivo daqui a um ano. Se você já tem um resultado negativo no ano anterior, deverá fazer o próximo exame preventivo daqui a três anos
➡️ Infecção pelo HPV ou lesão de baixo grau: você deverá repetir o exame daqui a seis meses
➡️ Lesão de alto grau: o médico decidirá a melhor conduta. Você vai precisar fazer outros exames, como a colposcopia
➡️ Amostra insatisfatória: a quantidade de material não deu para fazer o exame. Você deve repetir o exame logo que for possível

  • Ambas modalidades do exames de rastreio do HPV são oferecidos para mulheres cisgênero, homens transexuais e pessoas não transexuais binárias designadas mulheres ao nascer. Ou seja, pessoas nascidas com útero.

Com informações da Agência Brasil

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