Novos mercados e apoio estatal vão seguir absorvendo tarifaço, afirma Fávaro

Contra o tarifaço, a expansão do agronegócio alcançou a abertura de 437 novos mercados e o Plano Brasil Soberano destinará R$ 30 bilhões
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Os impactos do tarifaço foram muito menores do que poderiam ser, graças a um trabalho feito preventivamente, intensificado agora Foto: SCS/Reprodução

A expansão do agronegócio brasileiro, que alcançou a abertura de 437 novos mercados para 72 países desde 2023, e o Plano Brasil Soberano, que vai destinar um total de R$ 30 bilhões com várias medidas emergenciais para proteger exportadores, preservar empregos e estimular investimentos em setores estratégicos da economia, têm sido e continuarão sendo fundamentais para minimizar os impactos do tarifaço de 50% para produtos brasileiros, impostas pelos Estados Unidos desde o início de agosto. Foi o que afirmou o ministro da Agricultura e Pecuária, Carlos Fávaro, durante o programa Bom Dia, Ministro desta quarta-feira (17) transmitido pelo Canal Gov, da Empresa Brasil de Comunicação. Entenda na TVT News.

Os impactos do tarifaço foram muito menores do que poderiam ser, graças a um trabalho feito preventivamente, intensificado agora, de aberturas de mercados, de procurar e reestabelecer novas relações multilaterais”, afirmou o ministro

Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, divulgados no início deste mês, as exportações brasileiras atingiram um recorde histórico nos oito primeiros meses deste ano. No período de janeiro a agosto, o acumulado das vendas para o exterior chegou a US$ 227,6 bilhões.

Já as importações alcançaram US$ 184,8 bilhões, fazendo com que a corrente de comércio também batesse recorde do período, com 412,4 bilhões. Na comparação ao mesmo período de 2024, a soma das exportações brasileiras para o mundo cresceu 0,5%.

Outro destaque foi o aumento nas exportações do agronegócio brasileiro, que alcançaram US$ 14,29 bilhões em agosto de 2025, alta de 1,5% em relação ao mesmo mês do ano passado. O resultado foi garantido pelo aumento de 5,1% no volume embarcado, que compensou a queda de 3,4% nos preços médios internacionais. Soja em grãos, carne bovina in natura e milho responderam pela maior parte do crescimento.

Além dos produtos tradicionais, outros itens alcançaram em agosto o melhor desempenho da série histórica, como sebo bovino, sementes de oleaginosas, feijões, rações animais e óleo de amendoim. No último dia 12 de setembro, o Governo do Brasil recebeu a autorização para exportar sebo bovino para Singapura, destinado ao uso industrial, inclusive para a produção de biocombustíveis.

O presidente Lula me pediu 200 novos mercados no mandato em quatro anos. Nós já estamos com 437 em dois anos e nove meses e eu me arrisco a dizer que nós vamos abrir 500 mercados e um portfólio muito maior”, afirmou Fávaro

“Não é só soja, milho, algodão e proteínas animais, carnes de frango, suínos e aves. Nós estamos vendendo gergelim, nós estamos vendendo sorgo, estamos vendendo frutas, manga, uva, limão, quer dizer, tudo que se produz no campo também tem direcionamento, não só para o mercado interno, mas também para exportação e a garantia alimentar e soberania de consumo de alimentos para o mundo todo”.

China, parceira contra o tarifaço

O ministro citou a venda de café para a China e carnes para o México como exemplos da abertura de novos mercados. “Praticamente não vendíamos café para a China. Em 2024, uma única compra, 500 milhões de dólares. Devemos ter vendido quase um bilhão de dólares. Foi gerada pela venda de proteínas animais, carnes bovinas e suínas, que nós não vendíamos para o México. O México é uma economia e uma população basicamente muito parecida com a brasileira. 200 milhões de pessoas que não compravam carne e proteína do Brasil e compravam basicamente da sua produção local e dos Estados Unidos. Hoje, o México já é o segundo maior consumidor das proteínas brasileiras”, argumentou.

Reforçando a importância do mercado norte-americano, Fávaro aposta, no entanto, na capacidade brasileira de buscar novos parceiros comerciais para enfrentar a conjuntura atual. “Então, os Estados Unidos são um grande comprador? São. Mas nós abrimos alternativas, nós geramos grandes oportunidades, e por isso eu posso com muita tranquilidade dizer que os impactos são muito menores que poderiam ter sido se nós não tivéssemos trabalhado preventivamente na busca de novos mercados”, afirmou o ministro.

Liderança de Lula

Segundo Fávaro, o trabalho do presidente Lula em viagens internacionais, os sistemas de sanidade vegetal e animal do Brasil e o combate a crimes ambientais e só traballho análogo à escravidão contribuem para os resultados.

“A presença física do presidente Lula com diversas viagens internacionais, reestabelecendo as boas relações de amizade e compromissos. O Brasil leva compromissos sustentáveis. O mundo quer cada vez mais garantia sanitária. Ninguém no mundo tem um padrão de qualidade, uma sanidade tão eficiente como a brasileira. Também compromissos sociais, o mundo não quer e não deve de jeito nenhum comprar produtos que tenham algum viés de trabalho análogo à escravidão ou más práticas sociais com seus colaboradores dentro das empresas ou do campo, e o mundo não quer comprar produtos de origem de desmatamento ilegal ou crime ambiental”.

O Brasil pactua isso na essência, garante aos compradores do mundo essas boas práticas e também é aberto. O presidente Lula sempre diz: ‘Relação comercial é comprar e vender. Você não sai daqui, Fávaro, para buscar abrir mercado, e não estar disposto a também comprar alguma coisa que o outro país produza’. E é isso que nós estamos fazendo, o que é essencial, garantir a estabilidade da produção aqui dentro, mas também poder abrir a compras internacionais”, explicou o ministro

Para Fávaro, o Brasil está preparado se surgirem novas medidas do governo norte-americano em relação a produtos brasileiros.

“Fico muito triste em ver um país, historicamente, grande defensor da democracia, da soberania, interferir em assuntos de outro país. Estamos preparados para enfrentar com altivez. O Brasil é soberano, o Brasil é dos brasileiros. Nós temos uma Constituição efetiva que tem a independência dos poderes. Não tem lógica nenhuma e o Executivo não têm como interferir em decisões do Supremo Tribunal Federal. Isso simplesmente mostra a incoerência da posição norte-americana, mas estamos preparados para enfrentar com altivez. Tomara que não aconteça, mas se vier, nós vamos estar de cabeça erguida, enfrentando qualquer tipo de adversidade”.

Não dá para comemorar uma crise onde o governo norte-americano mexe com todas as relações comerciais com o mundo. Nada em especial com o Brasil. Nós entendemos que só não faria sentido essa taxação aos produtos brasileiros, até porque somente em três países do mundo os Estados Unidos têm um superávit na balança comercial, vende mais do que compra. O Brasil é um desses três países”, disse o ministro

Brasil Soberano

Com recursos do Fundo Garantidor de Exportações (FGE) para linhas de crédito com taxas acessíveis, prorrogação da suspensão de tributos para empresas exportadoras, aumento do percentual de restituição de tributos por meio do Reintegra e a facilitação da aquisição de gêneros alimentícios por órgãos públicos, o Plano Brasil Soberano também foi abordado pelo ministro durante o programa.

“Nós vamos continuar trabalhando, dialogando, além das medidas que já foram tomadas. R$ 30 bilhões liberados do Fundo Garantidor das Exportações, levando crédito a quem pudesse estar impactado por essas medidas, renegociação para garantir o emprego, a estabilidade das empresas, o drawback ampliado”.

Todas as ações foram tomadas e estamos abertos ainda a dialogar com as empresas, as indústrias, o comércio, a agropecuária, para que todo mundo que for afetado de alguma forma ou outra, o governo estará ao lado, estendendo a mão para que a gente minimize esses impactos”, afirmou Carlos Fávaro.

Por Agência Gov

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