Louvre versão Brasil: obras de arte são roubadas na Biblioteca Mário de Andrade

Último dia de exposição termina em assalto com 13 peças raras levadas
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Crime ocorreu por volta das 10h15 do domingo na Biblioteca Mário de Andrade. Foto: Prefeitura de São Paulo

Na manhã de domingo (7), a Biblioteca Mário de Andrade (BMA), em São Paulo, um dos patrimônios culturais do país, foi alvo de um roubo que resultou no desaparecimento de 13 obras de arte. Entre elas, gravuras de Henri Matisse e Candido Portinari, justamente no último dia da exposição Do livro ao museu, parceria entre o MAM São Paulo e a BMA. Um suspeito foi preso. Entenda na TVT News.

Assalto em plena luz do dia

O crime ocorreu por volta das 10h15 do domingo. Dois homens armados entraram no edifício histórico pela área de visitação e renderam uma vigilante desarmada e um casal de idosos. Enquanto um suspeito mantinha os três reféns, o outro se dirigiu à cúpula de vidro onde estavam expostas as obras. Em poucos minutos, retirou oito gravuras da série “Jazz”, de Matisse, e cinco da série Menino de Engenho, de Portinari.

As peças foram colocadas em uma sacola de lona antes que a dupla deixasse a biblioteca pela porta principal, fugindo em direção ao metrô Anhangabaú. Imagens de câmeras do sistema Smart Sampa flagraram os ladrões já na rua, carregando os quadros e abandonando parte do material em uma van azul, depois apreendida pela polícia.

Ninguém ficou ferido.

Polícia prende suspeito

A Polícia Civil identificou e efetuou a prisão de um possível envolvido no roubo das obras de arte de Matisse e Portinari. As diligências continuam para que o segundo suspeito seja identificado.

Matisse e Portinari entre as obras levadas

A lista de peças roubadas inclui alguns dos itens mais valiosos e historicamente simbólicos do acervo paulistano. Da série Jazz, de Henri Matisse, cujo conjunto foi decisivo para a formação do MAM-SP, desapareceram oito gravuras, incluindo Le clown, Le cirque e Les Codomas.

Também foram levadas cinco gravuras de Candido Portinari produzidas para Menino de Engenho. A Secretaria de Cultura informou que todas as obras tinham seguro vigente, mas valores não foram divulgados.

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A obra “Le Cirque” de Henri Matisse. Foto: Divulgação/MoMA

Caçada policial e alerta internacional

A Polícia Civil confirmou que os suspeitos já foram identificados, embora seus nomes não tenham sido revelados. O caso está sob investigação da 1ª Central Especializada de Repressão a Crimes e Ocorrências Diversas (Cerco). O veículo usado na fuga foi localizado e segue em perícia.

A Prefeitura acionou a Interpol no mesmo dia para evitar que as obras deixem o país. O alerta também foi encaminhado ao
Instituto Brasileiro de Museus (Ibram), ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) e à Associação de Galerias de Arte do Brasil, numa tentativa de bloquear qualquer tentativa de comércio ilegal.

Um histórico de vulnerabilidade

O episódio reacende um debate antigo: a fragilidade do acervo cultural da cidade. A Biblioteca Mário de Andrade já foi palco de outros furtos notáveis: O próprio álbum original da série Jazz, de Matisse, já havia sido roubado décadas atrás, circulado no exterior, substituído por uma falsificação e só retornado ao acervo em 2015, nove anos após ser interceptado na fronteira Argentina-Brasil.

Outro caso marcante ocorreu em 2006, quando 12 gravuras raras do século 19, de Johann Jacob Steinmann, foram furtadas e apenas recuperadas em 2024, quase duas décadas depois.

Patrimônio ameaçado

O assalto traz questionamentos sobre a segurança nas instituições culturais brasileiras, especialmente em um local tão central e simbólico quanto a BMA. Enquanto a investigação avança e a cooperação internacional é acionada, permanece a principal incógnita: onde estão as obras?

Por ora, o “Louvre versão Brasil” vive novamente o pesadelo de ver parte de seu patrimônio histórico desaparecer, com a esperança de que, desta vez, a recuperação não leve mais uma década.

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