ONGs reforçam apelo pelo fim da escala 6×1

A Associação Brasileira de ONGs (Abong) divulgou um manifesto pelo fim da escala 6x1. Jornada é alvo de críticas. Entenda na TVT News
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Forças do capital estão aliadas com a extrema direita, particularmente ligadas ao bolsonarismo no Congresso, que querem manter a escala 6x1. Foto: EBC


A Associação Brasileira de ONGs (Abong) divulgou um manifesto pelo fim da escala 6×1 de trabalho. Entidades organizadas da sociedade civil e lideranças políticas do campo democrático tentam reduzir a jornada exaustiva de boa parte dos trabalhadores brasileiros. Para quem vive este regime, são seis dias seguidos de trabalho com uma folga por semana. Muitas vezes a folga é em dia útil. Falta tempo para tudo. Para lazer, para a família.

Na contramão dos direitos trabalhistas, forças do capital estão aliadas com a extrema direita, particularmente ligadas ao bolsonarismo no Congresso, que querem manter a escala 6×1. Contudo, cresce a mobilização e o projeto já conta com amplo apoio popular. Além disso, a autora de um projeto que encerra esse regime, deputada Erika Hilton (Psol-SP), afirmou já ter conseguido as 170 assinaturas necessárias para fazer a matéria tramitar nas Casa legislativas.

São muitas as vozes em defesa dos trabalhadores. “Profissionais, que muitas vezes enfrentam múltiplas opressões e sobrecargas, veem sua saúde física e mental ainda mais impactada por essa rotina exaustiva”, afirma a Abong.

Confira o manifesto contra a escala 6×1 na íntegra

A Associação Brasileira de ONGs (Abong) manifesta seu apoio ao fim da jornada de trabalho 6×1 e reforça a importância de estabelecer um diálogo contínuo com a classe trabalhadora, especialmente com os profissionais que atuam em Organizações Não Governamentais (ONGs) e Organizações da Sociedade Civil (OSCs). Reconhecemos o valor inestimável de cada trabalhador e trabalhadora que dedica sua energia e habilidades a causas sociais e humanitárias, muitas vezes em condições desafiadoras e com recursos limitados.

A jornada 6×1, que impõe seis dias consecutivos de trabalho com apenas um dia de descanso, prejudica particularmente os grupos historicamente marginalizados, como pessoas pobres, mulheres, pessoas negras e LGBTQIAP+. Estes profissionais, que muitas vezes enfrentam múltiplas opressões e sobrecargas, veem sua saúde física e mental ainda mais impactada por essa rotina exaustiva. O desgaste gerado pela escala 6×1, além de ser uma questão de justiça social, afeta diretamente a qualidade dos serviços oferecidos pelas ONGs e OSCs, que atuam em áreas essenciais como assistência social, saúde, educação e defesa de direitos humanos.

Uma pesquisa recente da Sitawi destacou a relevância das ONGs e OSCs na economia brasileira, apontando que esse setor contribui com 4,27% do PIB nacional. Esses dados reforçam o impacto positivo dessas organizações para a sociedade e para a economia, evidenciando a necessidade de criar condições de trabalho dignas e justas para os/as profissionais que atuam nesse campo. A valorização do trabalho nas ONGs e OSCs é não apenas um compromisso ético, mas também um investimento no fortalecimento de um setor que gera transformações sociais significativas.

Diante desse cenário, a Abong defende alternativas que promovam uma jornada de trabalho mais equilibrada e sustentável. Modelos como a escala 5×2 (cinco dias de trabalho e dois de descanso) ou 3×1 (três dias de trabalho e um de descanso) podem representar uma solução mais adequada para garantir o bem-estar dos trabalhadores e das trabalhadoras, sem prejudicar a continuidade e a qualidade dos serviços prestados. Além disso, incentivamos o diálogo com os trabalhadores e trabalhadoras das ONGs e OSCs, para que as alternativas sejam construídas de forma participativa, levando em conta as necessidades e especificidades de cada contexto.

É fundamental que essa discussão seja ampliada e que o setor público e privado reconheçam o papel essencial das ONGs e OSCs no desenvolvimento do país, apoiando políticas e iniciativas que assegurem condições de trabalho dignas e o fortalecimento institucional dessas organizações. As maiores vítimas da exaustão e das condições precárias de trabalho são, muitas vezes, aquelas que mais precisam desses empregos e que, por isso, enfrentam barreiras para exigir melhores condições. Nosso compromisso com as mudanças sociais se reflete também em nosso desejo de promover ambientes de trabalho saudáveis e justos, onde os profissionais, especialmente aqueles que já vivem sob a pressão das desigualdades, possam exercer seu papel com dignidade, segurança e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

A Abong se coloca à disposição para contribuir com esse diálogo e reforça seu compromisso com os direitos trabalhistas e com a construção de alternativas que fortaleçam as ONGs e OSCs enquanto agentes de transformação social, especialmente para os grupos mais vulnerabilizados em nossa sociedade.

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