O Ministério Público de São Paulo, a Receita Federal e a Polícia Militar deflagraram nesta quinta-feira (25) a Operação Spare, um desdobramento da Carbono Oculto, que mira o esquema do PCC no setor de combustíveis e em casas de jogos de azar. Estão sendo cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nesta manhã. Entenda em TVT News.
Em agosto, a megaoperação contra o crime organizado revelou gestões fraudulentas e esquemas de lavagem de dinheiro em instituições da Faria Lima, o coração do mercado financeiro de São Paulo. O sofisticado esquema revelado na “Carbono Oculto” também era operado pelos alvos da “Spare”.
Os investigados são suspeitos de utilizar postos, empreendimentos imobiliários, motéis e lojas de franquia como instrumentos para lavagem de dinheiro e ocultação de patrimônio.
Os recursos de origem ilícita eram inseridos no setor formal por meio de empresas operacionais. Esse movimento se dava em espécie e por maquininhas via fintechs, e posteriormente os recursos lavados eram reinvestidos em negócios, imóveis e outros ativos, por meio de Sociedades em Conta de Participação (SCP).
Estão sendo cumpridos 25 mandados de busca e apreensão nas cidades de São Paulo (19), Santo André (2), Barueri, Bertioga, Campos do Jordão e Osasco.
Na capital paulista, a operação contra o PCC cumpre mandados nos bairros de Pinheiros, Vila Mariana, Vila Olímpia e Cerqueira César. Há buscas na avenida Paulista e rua Augusta.
Entenda a infiltração do PCC no mercado formal
O principal alvo da operação está ligado a uma extensa rede de postos de combustíveis usada pelo PCC para lavagem de dinheiro e sonegação fiscal. A estrutura foi identificada a partir da concentração de empresas sob responsabilidade de um único prestador de serviço, que formalmente controlava cerca de 400 postos – sendo 200 vinculados diretamente ao alvo e seus associados.
A Receita Federal identificou ao menos 267 postos ainda ativos, que movimentaram mais de R$ 4,5 bilhões entre 2020 e 2024, mas recolheram apenas R$ 4,5 milhões em tributos federais – o equivalente a 0,1% do total movimentado, percentual muito abaixo da média do setor. Também foram identificadas administradoras de postos que movimentaram R$ 540 milhões no mesmo período.
A atuação do PCC, no entanto, não se restringia ao setor de combustíveis. Por meio de pessoas relacionadas, o principal alvo também operava lojas de franquias, motéis e empreendimentos na construção civil.
Durante as fiscalizações, foram identificados 21 CNPJs ligados a 98 estabelecimentos relacionados a uma mesma franquia, todos em nome de alvos da operação. Embora operacionais, essas empresas apresentavam indícios de lavagem de dinheiro. Entre 2020 e 2024, movimentaram cerca de R$ 1 bilhão, mas emitiram apenas R$ 550 milhões em notas fiscais.
Mais de 60 motéis também foram identificados, a maioria em nome de “laranjas”, com movimentação de R$ 450 milhões entre 2020 e 2024.
Com informações de Receita Federal.