Parlamentar cobra ações do MP contra apologia ao estupro por alunos de medicina

Beth Sahão (PT) ingressou com ofício junto ao MP cobrando providências após estudantes de medicina entoarem cantos de apologia ao estupro
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O caso veio a público por meio de uma denúncia realizada por integrantes do Coletivo Feminista Francisca à direção da instituição. Foto: Reprodução/X

A deputada estadual Beth Sahão (PT) protocolou uma representação ao procurador-geral de Justiça de São Paulo, Dr. Paulo Sérgio de Oliveira e Costa, solicitando providências em relação aos estudantes de medicina da Faculdade Santa Marcelina que, no último sábado (15), entoaram cânticos e empunharam bandeiras com frases de apologia ao estupro durante um evento esportivo destinado aos calouros do curso.

O caso veio a público por meio de uma denúncia realizada por integrantes do Coletivo Feminista Francisca à direção da instituição de ensino.

Beth Sahão, que coordena a Frente Parlamentar pela Defesa da Vida e Proteção das Mulheres e Meninas na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo (Alesp), destacou na denúncia que os estudantes usaram expressões que remetem ao crime de estupro, perpetuando a cultura de violência de gênero contra as mulheres.

“A naturalização de mensagens como essa em espaços acadêmicos, especialmente em um curso voltado à saúde e ao cuidado humano, revela uma preocupante perpetuação do sexismo e da misoginia, condutas que não podem ser toleradas pelo Estado Democrático de Direito”, afirmou a parlamentar.

Representação no MP contra a cultura do estupro

No documento encaminhado ao Ministério Público de São Paulo, a deputada pede a instauração de um procedimento investigativo para identificar os responsáveis e a adoção de medidas cabíveis, tanto na esfera criminal quanto administrativa. O objetivo é garantir que os envolvidos sejam responsabilizados e impedir que atitudes semelhantes se repitam.

O ofício também solicita que o Ministério Público acompanhe as providências tomadas pela Faculdade Santa Marcelina sobre o caso que envolve cultura do estupro. Além disso, Sahão pede a oferta de proteção ao Coletivo Feminista Francisca, que fez a denúncia, para resguardar a integridade das participantes diante de possíveis represálias.

“Diante da gravidade dos fatos, faz-se necessária a atuação do Ministério Público para apurar os responsáveis e adotar as medidas legais cabíveis, visando coibir práticas que reforcem discursos violentos e discriminatórios contra as mulheres”, destacou a deputada no documento.

A representação reafirma o compromisso do mandato de Beth Sahão com o combate à cultura sexista, à violência de gênero e à apologia a crimes contra a dignidade da mulher. O caso segue sob análise do Ministério Público, que deve decidir sobre os próximos passos da investigação.

Segue o texto original do ofício que cobra as seguintes providências:

a) A instauração de procedimento investigativo para apuração da
conduta dos estudantes envolvidos;

b) A adoção de medidas cabíveis, tanto na esfera criminal quanto
administrativa, para responsabilização dos envolvidos;

c) O acompanhamento da Faculdade Santa Marcelina para verificar
eventuais providências tomadas pela instituição diante do ocorrido.

Posição do Coletivo Francisca

A posição do gabinete da parlamentar da Alesp reforça as denúncias do Coletivo Francisca, feitas à universidade. Na prática, trata-se também de uma notícia-crime, onde autoridades competentes devem averiguar a situação. Segue trecho do posicionamento do coletivo:

“Resta claro que as ações praticadas pelo alunado merecem atenção, na medida que espelham condutas vedadas pela legislação pátria e estadual em nível criminal. Roga-se pela investigação dos atos ocorridos, e por uma resposta institucional comprometida com a criação de um ambiente seguro para todas as alunas e alunos, pautadas pelo respeito coletivo e o decoro exigido pela profissão médica.

Além disso, embora saibamos que o órgão da Atlética trata-se de uma instituição independente, cujas eleições e escolhas de cargo sejam autoregradas, é necessário que a Instituição Santa Marcelina faça uma intervenção direta – caso o próprio órgão não se manifeste. Urge a deposição do aluno em questão do cargo vigente, uma vez que, inconsequentemente, assumiu um papel de representação estudantil esportiva.

Mantê-lo neste cargo, é aceitar que esse tipo de atitude seja encorajada, sem medidas eficientes. Portanto, como uma das medidas tomadas, solicitamos que esta atitude seja urgentemente apurada e repassada para os demais discentes do órgão esportivo. O Coletivo Francisca deposita sua confiança na resposta institucional da Faculdade Santa Marcelina e acredita que todo o ocorrido pode e deve ser resolvido nestas instâncias administrativas.

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