Partido de Milei vence eleições legislastivas após chantagem de Trump

O presidente dos Estados Unidos condicionou socorro bilionário à vitória de Milei
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Javier Milei vota no bairro de Almagro, em Buenos Aires. Foto: presidência da Argentina

Os argentinos foram às ruas neste domingo (26) para votar nas eleições legislativas que renovaram 127 vagas da Câmara dos Deputados e do 24 do Senado. O partido do presidente Javier Milei, La Libertad Avanza, conquistou mais cadeiras que o partido da oposição, Fuerza Patria. O processo eleitoral determinou a composição do Congresso para os dois últimos anos de mandato presidencial. Saiba mais em TVT News.

O que muda com a vitória de Milei?

O voto na Argentina é obrigatório entre os 18 e 70 anos. As eleições deste domingo tiveram a participação de 67,9% dos eleitores. O partido de Milei conquistou mais de 40% dos votos, o que significa 64 das 127 cadeiras na Câmara e 13 das 24 vagas no Senado. O Fuerza Patria levou 31 vagas na Câmara e 6 no Senado.

De acordo com Carla Perelló, jornalista argentina, as eleições deste domingo eram fundamentais para que Milei possa continuar aplicando suas política econômicas de austeridade ultraliberais. “Considero essas eleições importantes para a consolidação da extrema direita no Congresso argentino e para o fortalecimento do discurso dessas forças extremistas”, disse.

Outro ponto levantado por Perelló é a influência dos Estados Unidos no cenário eleitoral argentino. “Há uma intervenção política e econômica clara. Donald Trump chegou a condicionar uma ajuda de 20 bilhões de dólares à vitória de Milei”, afirma. “Se ele [Javier Milei] perder, não vamos ser tão generosos com a Argentina”, declarou Donald Trump em um encontro com Milei na Casa Branca.

No mesmo encontro, Milei amargou um momento constrangedor ao Trump elogiar o presidente Lula e destacar seu papel na mediação diplomática e liderança regional. A relação entre os presidentes brasileiro e argentino é praticamente inexistente, por imposições ideológicas do próprio argentino.

Em setembro, o governo sofreu forte derrota na província de Buenos Aires — uma diferença de 14 pontos para o peronismo —, e mesmo assim Milei reagiu com mais radicalização, vetando leis sociais e atacando o Parlamento. Na disputa deste domingo, o partido de Milei foi vitorioso na capital argentina.

Com as novas cadeiras, Milei amplia sua base e se apróxima do um terço nas Casas para blindar seus vetos e aprovar pautas governistas, ainda que não tenha a maioria das vagas. O respiro do ultraliberal é frágil no entanto. Isso porque o país atravessa um colapso econômico. “As pessoas dizem que o salário acaba antes do fim do mês. Muitos precisam de dois ou três trabalhos para conseguir comprar comida ou remédios. É uma crise que atinge as necessidades mais básicas”, relata Carla.

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Uma mulher verifica os registros eleitorais em uma seção eleitoral durante as eleições legislativas nacionais de meio de mandato em La Plata, província de Buenos Aires, Argentina, em 26 de outubro de 2025. Os argentinos foram às urnas para uma eleição de meio de mandato que determinará se o presidente Javier Milei entra na segunda metade de seu mandato fortalecido ou enfraquecido, com os problemas econômicos se avolumando apesar da ajuda sem precedentes dos EUA. (Foto da AFP)

A inflação acumulada supera os 250% anuais, enquanto a pobreza alcança 55% da população. As feiras populares se multiplicam em Buenos Aires e nas províncias, onde famílias vendem o que têm para garantir a sobrevivência.

O governo aposta em uma agenda de austeridade extrema — com cortes de subsídios, privatizações e congelamento de gastos públicos — que não tem produzido melhora perceptível para a população. Ainda assim, uma parcela do eleitorado mantém apoio a Milei, movida por rejeição à “velha política”.

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