Pilotos da Voepass relataram falha no sistema antigelo

Sistema responsável por evitar que ocorresse acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado por diversas vezes
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"É importante destacar que não existe um fator único para um acidente", disse chefe das investigações. Foto: Divulgação/PF

Relatório preliminar do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa) da Força Aérea Brasileira (FAB), divulgado na última sexta-feira (6), com informações preliminares sobre a queda do avião da Voepass em Vinhedo, São Paulo, no dia 9 de agosto, indicam que a aeronave perdeu o controle durante o voo em condições de gelo severo. O sistema de gravação de voz, um dos dispositivos da “caixa-preta”, registrou o comandante relatando, ainda durante a subida, uma falha no dispositivo que retira a camada de gelo formada nas asas da aeronave.

A aeronave de modelo ATR 72, do voo 2283, decolou de Cascavel (PR) com destino ao Aeroporto de Guarulhos, com 58 passageiros e 4 tripulantes a bordo. O voo ocorreu dentro da normalidade até as 13h20 (horário de Brasília). No entanto, a partir das 13h21, a aeronave deixou de responder às chamadas do Controle de Aproximação de São Paulo (APP-SP). A perda do contato radar ocorreu às 13h21, e o momento da colisão contra o solo ocorreu às 13h22. Não houve sobreviventes.

A partir da análise das comunicações gravadas pelo CVR, foi possível verificar que os tripulantes comentaram sobre uma falha no sistema DE-ICING. Esse sistema provia a proteção contra formação e acúmulo de gelo na aeronave. Com as gravações obtidas pelo Flight Data Recorder (FDR), foi verificado ainda que o sistema AIRFRAME DE-ICING, responsável por evitar que ocorresse acúmulo de gelo nas asas, foi ligado e desligado por diversas vezes.

Simulação

Com base nas informações da caixa-preta, o Cenipa produziu ainda uma simulação com os minutos finais do voo da Voepass. Assim, é possível verificar que a aeronave já navegava com importantes alertas ligados, como de “performance degradada”, “detector eletrônico de gelo” e “velocidade de cruzeiro baixa”.

Às 13h20, depois de o painel do avião alertar para aumentar a velocidade, houve acionamento do alarme de estol. Significa que a asa perdeu completamente a sustentação, provocando a queda brusca da aeronave.

  • Acompanhe a simulação

Fatores diversos

O Investigador-Encarregado da Comissão de Investigação, Tenente-Coronel Aviador Paulo Mendes Fróes, apresentou os trabalhos realizados até o momento. “É importante destacar que não existe um fator único para um acidente, mas diversos fatores contribuintes. No caso do PS VPB, a perda de controle da aeronave ocorreu durante o voo sob condições favoráveis à formação de gelo, mas não houve declaração de emergência ou reporte de condições meteorológicas adversas”, explicou o Tenente-Coronel Fróes.

Baseado nos dados atmosféricos de ar superior, foi possível identificar que havia muita umidade combinada com temperatura do ar abaixo de 0°C. Tais condições favoreceram a ocorrência de Formação de Gelo em Aeronave (FGA) severa, desde o centro-norte do Paraná (PR) até São Paulo (SP).

“As informações meteorológicas estavam disponíveis antes do horário da decolagem. Os pilotos possuíam mais de 5.000 horas totais de voo e estavam com todas as licenças e certificações válidas. A aeronave fabricada em 2010 estava certificada para voo em condição de gelo, e os pilotos possuíam treinamento específico para esse tipo de voo. Integrando a tripulação, havia também duas comissárias. Ambas possuíam a Licença de Comissária de Voo (CMS) e estavam com as habilitações para a aeronave tipo AT47 em vigor”, disse o Investigador Encarregado.

A FAB ressalta ainda que o relatório final da investigação será divulgado no menor prazo possível, dependendo sempre da complexidade da ocorrência.

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