Um policial militar arremessou um homem do alto de uma ponte na Zona Sul em São Paulo na madrugada desta segunda-feira (2). Um vídeo flagrou o momento. Outros dois agentes se aproximam. Pelo menos quatro agentes participaram da ação.
No vídeo, é possível ver os três PMs se aproximando da ponte. Um deles levanta a moto do chão, enquanto um 4º policial aparece segurando um homem de camisa azul nas costas; o policial se aproxima da ponte e joga o homem no córrego.
Segundo a Polícia Militar, os agentes envolvidos na ação pertencem ao 24º Batalhão da PM de Diadema, região metropolitana de São Paulo.
Eles teriam perseguido o motociclista até o bairro Cidade Ademar, na zona sul da capital. O agente que realizou o ato faz parte do grupo especializado Rondas Ostensivas com Apoio de Motocicletas (ROCAM).
Não foi informada a identidade do homem jogado e o estado de saúde dele.
Em nota, a Secretaria de Segurança Pública (SSP) afirmou que instaurou inquérito para apurar o caso e todos os policiais que estavam em serviço na área no momento foram convocados para serem ouvidos.
“A Polícia Militar repudia veementemente a conduta ilegal adotada pelos agentes públicos no vídeo mostrado. Assim que tomou conhecimento das imagens, a PM instaurou um inquérito policial militar (IPM) para apurar os fatos e responsabilizar os policiais envolvidos nessa ação inaceitável”, informou a SSP.
Tiro pelas costas
Outro policial matou, com tiros nas costas, um homem em um mercado no Jardim Prudência, na Zona Sul de São Paulo. A vitima é Gabriel Renan da Silva Soares, de 26 anos. O jovem negro é suspeito de furtar quatro pacotes de sabão na noite do dia 3 de novembro. O ocorrido foi captado por imagens de câmeras de segurança do estabelecimento. As informações são do portal g1.
O ouvidor das polícias, Cláudio Silva, afirmou à TV Globo que vai pedir o afastamento imediato dos oficiais envolvidos no caso. “Tanto do policial que pratica o ato quanto dos outros, que estavam ali e de certa forma não atuaram para que aquilo não ocorresse, ou não informaram as autoridades que aquele policial tinha feito aquele ato.”
Após “tô nem aí”, Tarcísio agora fala em “providências”
Diante da repercussão negativa, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), foi às redes sociais e prometeu investigar e punir os políciais envolvidos, e ainda prometeu tomar outras providências, sem especificar quais.
De acordo com o político bolsonarista, a PM paulista seria “uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas”. Disse ainda que os policiais estão nas ruas para “fazer com que as pessoas se sintam seguras”.
A Polícia Militar de São Paulo é uma instituição que preza, acima de tudo, pelo seu profissionalismo na hora de proteger as pessoas. Policial está na rua pra enfrentar o crime e pra fazer com que as pessoas se sintam seguras. Aquele que atira pelas costas, aquele que chega ao…
— Tarcísio Gomes de Freitas (@tarcisiogdf) December 3, 2024
As mortes cometidas por policiais militares na gestão Tarcísio de Freitas aumentaram 46% até 17 de novembro deste ano, na comparação com comparado a 2023, segundo dados do Grupo de Atuação Especial da Segurança Pública e Controle Externo da Atividade Policial, do Ministério Público.
É o segundo ano consecutivo de aumento de mortes praticadas por PMs. Tanto neste ano quanto no ano passado, a Polícia Militar realizou operações na Baixada Santista consideradas as mais letais desde o massacre do Carandiru, com 56 mortos, em 2024, e 28, em 2023.
Em março, Tarcísio chegou a tripudiar da denúncia de violência policial feita na ONU por entidades da sociedade civil, relativas ao aumento da letalidade nas operações na Baixada. “O pessoal pode ir na ONU, na Liga da Justiça, no raio que o parta, que eu não estou nem aí”, declarou o governador.