Por Neiva Ribeiro, para a TVT News
Presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
A recente aproximação de Campos Neto, presidente do Banco Central (BC), com o Nubank, levanta sérias preocupações sobre a chamada “porta giratória” entre cargos públicos e o mercado financeiro.
Não podemos aceitar que um presidente do BC saia de sua posição estratégica e, logo em seguida, passe a trabalhar em uma empresa que claramente se beneficiou de decisões tomadas durante seu mandato. A situação se agrava pelo fato de o Nubank nem sequer ser um banco tradicional, mas, ainda assim, ter colhido benefícios significativos sob a gestão de Campos Neto.
É fundamental que questionemos a eficácia da quarentena imposta aos dirigentes do BC. A regulamentação existente é insuficiente para coibir o conflito de interesses que surge quando autoridades monetárias, que deveriam zelar pela estabilidade financeira e pelo interesse público, se movimentam diretamente para o mercado que até pouco tempo atrás regulavam.
Essa relação promíscua reforça a necessidade urgente de regulamentar o Sistema Financeiro Nacional e de rever a independência do Banco Central. A autonomia que hoje possui não significa independência para a população trabalhadora, mas sim subordinação aos interesses do mercado financeiro. Precisamos de um BC que responda às demandas da sociedade, e não que atue como braço direito do capital especulativo.
Em defesa de um Banco Central que defenda o desenvolvimento nacional
O Sindicato dos Bancários defende que o Banco Central esteja subordinado às diretrizes econômicas que visem o desenvolvimento nacional e o bem-estar social. Não podemos aceitar que a independência do BC signifique independência dos trabalhadores e total dependência do mercado. A atuação do mercado financeiro, que tem consistentemente boicotado medidas econômicas em prol da população, mostra o quanto o controle social sobre as decisões estratégicas do país é urgente e necessário.
Vamos continuar denunciando e cobrando regulamentações que protejam o interesse público. O caso de Campos Neto e o Nubank é mais um exemplo claro de como o sistema financeiro se articula para manter seus privilégios, e de como precisamos estar atentos e mobilizados para evitar retrocessos.
Sobre a autora

Neiva Ribeiro é a atual presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região. É formada em Letras pela Universidade Guarulhos, pós-graduada em Gestão Pública pela Fesp-SP, e em Gestão Universitária pela Unisal. É funcionária do Bradesco desde 1989. Ingressou na direção do Sindicato em 2000.
Foi diretora-geral da Faculdade 28 de Agosto de Ensino e Pesquisa, secretária de Formação e secretária-geral da entidade.